O dia ruim - parte 3

276 52 35
                                    

Contém uma cena 18: caso queira pular, a primeira frase do parágrafo que a cena começa estará em negrito da mesma forma quando termina.

Nessa mesma cena, há uma parte sobre descoberta de sexualidade, caso for um tópico sensível para você, fique à vontade para parar de ler quando for sinalizada.

✎﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏

Fevereiro de 1993

De todas as vezes que eu imaginei como seria meu primeiro beijo, eu nunca achei que fosse ser daquele jeito.

Eu queria algo lindo como nos romances que eu lia e assistia. Eu não tinha limpado meus pecados na boca de Jisung¹, na verdade, eu havia me tornado um pecador. Havia me tornado algo sujo diante dos olhos de Deus.

E foi quando esse pensamento atravessou minha mente, que eu me afastei abruptamente.

Me sentei de costas para ele, totalmente chocado. Eu encarava um ponto fixo no chão, com os olhos arregalados.

"Eu beijei o Jisung? Eu beijei o Jisung! Eu não podia ter o beijado. Eu não podia!", era tudo o que se passava na minha cabeça naquele momento.

Senti uma movimentação no colchonete e quando vi, Jisung estava sentado ao meu lado.

Nós dois paralisados, olhando para o nada.

- Eu quero ir pra casa. - fui o primeiro a falar, mas ainda parado como se tivesse hipnotizado.

- Eu também. - ele respondeu.

Foi até a portinha no chão e a abriu, então levantou a cabeça pra me olhar.

No momento em que nossos olhares se cruzaram, senti que meu coração estava apertado. Parecia que ele tinha ficado trancado dentro de um cofre minúsculo. E além disso, acho que ele resolveu cozinhar, pois um bolo se formava bem na minha garganta.

- Pode ir descendo. - sua voz também estava apertada e ele engolia em seco.

- Obrigado.

Desviei meu olhar e fui até ele, saindo daquele lugar, que por um acaso tinha ficado muito quente de uma hora pra outra.

Fomos calados o caminho inteiro até a parada de ônibus. Jisung até tentava puxar assunto às vezes, mas minha cabeça e meu coração não me deixavam raciocinar direito.

"Eu realmente gosto do Bang Chan? Eu gosto do Han? Eu quero beijar os dois... eu quero mesmo?", e por aí vai a confusão de pensamentos.

Meu coração? Nossa, ele estava tão perdido quanto meu cérebro!

O ditado popular "estou mais perdido do que cego em tiroteio", define bem como eu me sentia naquele momento.

O ônibus chegou e nós entramos, ainda calados.

- Sabia que esses ônibus são novos? - Han Jisung tentou mais uma vez. - O prefeito daqui quer ser eleito de novo, então ele gastou muito comprando esses ônibus, só pra eles serem diferentes e o povo ver que "esse prefeito realmente faz a diferença". - falou a última frase como se fosse um slogan. E eu acho que era mesmo.

- Uhum... - respondi, com a cabeça virada para a janela.

"Meu Deus, eu fiquei duro na frente dele! Como eu pude? Corpo, por que você me traiu?"

- Você vai ficar agindo assim agora? - seu tom de voz estava sério.

- Assim como? - franzi o cenho, mas ainda não tive coragem de me virar para olhá-lo.

Coração Desastrado - MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora