A/N: Depois do último capítulo, ficou todo mundo obcecado com a ideia do Moretti flagrando steloisa no ato, inclusive eu. Agradeço a todo mundo que deixou um comentário aqui ou no twitter sugerindo essa ideia. Tenho certeza que não tem nada a ver com o que vocês imaginaram, mas aturem comigo.
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Respira. Inspira. Respira. Inspira.
É comprovado que os exercícios de respiração ajudam no relaxamento muscular, melhoram a concentração e diminuem o estresse e a ansiedade. Com esse objetivo, Heloísa já tinha dominado a arte da meditação há algum tempo. Ainda assim, ela andava tão estressada que nem mesmo aquilo estava ajudando.
Ela podia tentar sair para correr, bem cedinho, quando o ar da manhã ainda estivesse gelado e o som dos carros na rua não fosse tão estridente. Mas se ela fosse correr na lagoa, que era mais perto de casa, as chances de encontrar a prima e seus dramas de adolescente eram enormes. Leonor só vivia na lagoa andando de bicicleta, literalmente a qualquer hora do dia e Helô queria evitar a fadiga.
Também podia correr no aterro, mas além de ser mais distante, as chances de encontrá-lo lá eram grandes. Ela já estava farta de se encontrar casualmente com ele, farta de vê-lo quando o objetivo dele não era vê-la. Imaginava que a pior coisa era o som das batidas características dele em sua porta. Estava errada. Muito pior era o silêncio.
Correr estava fora de cogitação.
O jeito era aproveitar a academia da delegacia para socar alguma coisa. Antes que ela resolvesse socar a cara dele, ou melhor, a do Moretti.
Helô não sabia explicar bem o porquê de estar tão irritada com o homem, mas quem poderia culpá-la? Em menos de três meses ele tinha conseguido fazer uma bagunça enorme na vida de um montão de gente por pura ganância e egoísmo. Ela ficava ainda mais aborrecida, quando pensava em como isso afetava a vida dela.
Em primeiro lugar tinha o caso do hackeamento. A quantidade de trabalho que aquilo já tinha gerado e que ainda ia gerar para ela era absurda. O problema com qualquer setor da administração pública era a burocracia. Absolutamente tudo que se faz dentro de qualquer órgão público gera pilhas e pilhas de papéis, esse inquérito em específico, envolvia tanta gente, que certamente terminaria quilométrico.
Em segundo, vinha o tal atentado. Havia a possibilidade de não ter sido ele, claro, mas Helô já tinha colocado essa na conta do ex-sócio do Guerra. Fosse por pura dedução ou parcialidade, ela sentia que tinha sido ele. E não foi trabalho de um homem só. Era difícil imaginar como isso poderia afetar a vida dela se ela trabalhava numa delegacia de crimes de informática. A resposta era bem simples. Moretti e Guerra já estavam envolvidos em caso dela, ela precisava acompanhar a investigação do atentado.
O problema é que o delegado responsável pela delegacia, cuja jurisdição abrangia o local do atentado, era um homem que ela não suportava. Ele já tinha dado em cima de Helô, e de literalmente qualquer mulher que já cruzou o caminho dele, centenas de vezes. Simplesmente o homem mais repugnante que ela já teve o desprazer de conhecer. Não importava o quão curta e grossa ela fosse, ele nunca tratava ninguém profissionalmente.
