eu posso te enxergar no escuro

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A/N: o último dos achados (por hora). Não corrigi, perdoem.

Helô virou-se dentro do abraço quase em câmera lenta para encará-lo

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Helô virou-se dentro do abraço quase em câmera lenta para encará-lo.

A pouca iluminação no beco atrás da delegacia projetava sombras no rosto que ela tanto conhecia. As linhas de expressão que ele adquiriu com a passagem do tempo, só serviram para adicionar ao charme e apelo que já era natural de Stenio.

Nem mesmo a falta de luz a impediu de reconhecer o desejo nos olhos do ex-marido de imediato. Quando sentiu o beijo dele em seu pescoço, pensou notar a respiração do homem pesar e imaginou que esse fosse o caso, mas era absurdo para ela imaginar que ele a queria tanto que não podia controlar esse tipo de reação.

Mas o caso não só era possível, como verídico.

Stenio a encarou de volta, sua fisionomia transparecia o anseio que afligia seu coração.

Ele sempre foi transparente demais, sempre era fácil demais ler o advogado como um livro. O completo oposto dela, claro, mas toda aquela proximidade tinha um efeito na delegada também. Ainda mais quando dançavam colados um no outro e o cheiro do perfume dele invadia seu espaço e impregnava em suas narinas, ou quando ele segurava sua cintura daquela forma possessiva como se a boa manutenção da sanidade do homem dependesse de estar ancorado a ela.

Ainda escutando o barulho dos fogos no céu, Helô desviou os olhos da figura dele para apontá-los na direção de onde tinham vindo, um convite silencioso para que seu ex a seguisse. Repetiu o movimento para enfatizar suas intenções, mas não precisava insistir, ele a seguiria até o inferno se fosse preciso.

Segurou firme na mão dele, coração acelerado com os pensamentos que se passavam por sua cabeça. Respirou fundo querendo normalizar as batidas erráticas e passou o braço pela cintura do ex-marido, tomando cuidado onde pisava. Sentiu o braço dele fazer o mesmo, se agarrando a ela também. A mão do homem desceu um pouco mais, num gesto quase despretensioso, enganchou o polegar no bolso da calça da delegada, descansando a palma da mão na bunda dela.

Helô sorriu, olhando para baixo, a antecipação do que queria fazer, emanando de seu corpo. A lembrança de ter resistido ao magnetismo que eles tinham ainda muito recente. Apenas dois dias antes, tinha ido na casa do advogado, e o esforço que teve que fazer para não ceder às investidas do ex-marido tinha sugado toda sua energia. Chegou em casa esbaforida naquela noite, suando frio, pensando no hálito de vinho do homem atingindo seu rosto, assaltando com força seus sentidos.

Cada dia era mais difícil se manter longe, não tinha mais para onde correr.

Puxou o advogado por um corredor escuro, que nem ela mesma sabia onde ia dar, só sabia que não seriam interrompidos ali. Parou de frente para ele, segurando-o pela lapela do blazer branco que ela tanto conhecia. Naquele ponto, já estava bem familiarizada com o novo guarda roupa de Stenio, mas aquela peça era especial.

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⏰ Última atualização: May 02 ⏰

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