A/N: Falei que estava triste demais para desenvolver a continuação dessa cena por pura frustração com a novela, mas aqui está (agradeçam a nayara, minha psi).
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Diferente de ontem, ele tinha outra postura quando ela abriu a porta e deu de cara com Stenio. A voz grave e a clara irritação do dia anterior, deram lugar a um tom choroso e a um semblante cansado. Isso ela podia entender.
Ele estava conversando com ela sobre seu cliente problemático, pedindo conselhos e arrastando as palavras, esperando um momento de descuido dela para se instalar em sua sala. Invadindo a vida dela do jeito que Moretti invadiu a dele. Mas eles dois tinham prática nisso, anos de prática.
"Fala a verdade, fala que ele está te tolhendo de levar as tuas mulherzinhas lá pro teu apartamento. E deve tá, né?" Ele a encarou em silêncio por alguns segundos, esquecendo momentaneamente o assunto do qual tratavam. Essa foi a resposta dela ao pedido de ajuda dele para tirar seu cliente problema de dentro de sua casa?
De tantas coisas que ela poderia ter dito naquela situação, aquela era de longe a mais curiosa. Despertou ele do cansaço como nada mais poderia ter feito.
Pensando bem, a delegada poderia ter se preocupado com os cidadãos expostos ao perigo que Moretti representa a sociedade e dito a ele que se queria se livrar do homem, não tivesse tirado ele da cadeia. Essa era a resposta ideal, dava a ela a chance de fazer um deboche e, ao mesmo tempo, soltar implicitamente um 'eu te disse'. Ou então ela poderia ter aconselhado ele a conversar com Guida, suplicar a mulher que parasse de perseguir o ex-marido nos hotéis da cidade, não pelo bem-estar do psicopata, mas como um favor pessoal a Stenio. Guida seria razoável nesse ponto, ela já estava ganhando.
Mas não, ela falou justamente a coisa mais irrelevante possível.
Irrelevante porque ele não tinha mulherzinha nenhuma, mesmo se tivesse, poderia levar qualquer uma lá sem problemas, Moretti ficava na sala e ele ainda tinha o quarto. Hoje em dia, quem se importa com essas coisas de privacidade?
"Mulherzinhas?" Ele questionou, pensando muito em tentar se defender, mas optando por uma alternativa melhor: provocá-la.
"Stenio! Eu tenho mais o que fazer, não tá vendo?" Apontou novamente para a bagunça de papéis na mesa de jantar.
O advogado estudou o conteúdo da papelada de longe, nada que parecia sério o suficiente para necessitar de dedicação da delegada naquela hora da noite, a mulher que era uma viciada em trabalhomesmo. Ele encostou na mesa, levemente apoiando o corpo na superfície e cruzou os braços. Começou a dobrar as mangas da camisa branca, levantando-as até os cotovelos. O olhar dela acompanhou a tarefa enquanto ele a executava.
"Sabe que só agora que você falou, eu notei que a presença dele atrapalha isso também." Ele quis parecer pensativo, apoiando o queixo na mão. Helô arqueou uma sobrancelha na direção dele, cruzando os braços também.
