A/N: Para encaixar essa one-shot como continuação das cenas do Natal, eu precisei escrevê-la,já que a original tinha sido escrita antes do capítulo do Natal ir ao ar, então, pode ser que nem tudo se encaixe aqui. Temos também a volta do Stenio soca (muito) forte aqui, revelem meus devaneios, naquela época eu era apenas uma garotinha cheia de sonhos e esperança e gostava de tirar esse personagem completamente de contexto só porque eu tava afim.
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Helô se olhava no espelho terminando de colocar os brincos novos.
Uma imagem impecável a encarou de volta, cada mínimo detalhe sobre sua aparência estava meticulosamente calculado. A delegada era uma mulher bonita e sabia disso, ela virava cabeças demais na rua para fingir modéstia nesse assunto.
Mas o exterior era apenas um fronte bem orquestrado para esconder tudo que habitava dentro de si. Todas as dúvidas, incertezas e manias que formavam o caráter de Heloísa Sampaio, ficavam sempre abaixo da superfície, quase ninguém mergulhava fundo o suficiente para ver por trás da fachada.
Já estava atrasada, o que não era do seu feitio, mas tanto aconteceu na delegacia naquele dia que não teve a opção de sair mais cedo.
Véspera de Natal era sempre um caos.
Checou mais uma vez o caimento do vestido roxo, o tecido que imitava um tipo de látex não era tão desconfortável de vestir quanto imaginou em um primeiro momento. Era bem mais justo e curto do que ela estava acostumada a usar, mas era uma ocasião especial.
Passaria aquela véspera de Natal em um jantar a dois, o tipo de coisa que não fazia há anos, muito menos com quem planejava fazê-lo. Depois do episódio da árvore de natal, Stenio nem precisou insistir tanto para que ela permitisse sua aproximação incondicional na véspera do feriado.
Depois do jantar, os dois planejavam dar uma passadinha na casa da Guida e do Moretti.
Desde que a prima chegou ao Brasil, a delegada vinha se aproximando aos poucos. No começo, ela só queria manter-se de olho no marido da prima e viu em Guida uma abertura indeclinável de fazê-lo. A mulher parecia solitária e precisava de uma companhia que pudesse se relacionar com os problemas que ela estava passando, mas ela só tinha a Leonor e a Tia Cotinha.
O fato é que Helô também se sentia solitária.
Suas melhores amigas estavam distantes, Yone era uma ótima adição a sua rotina, mas não tinham essa conexão para todas as esferas da vida, principalmente porque Helô era sua superior e tinha uma dificuldade terrível em fazer amigos. Com Creusa ela não podia se aprofundar no assunto Stenio, já que esta era a maior defensora do advogado. Também já não tinha Maitê por perto, o que sempre seria uma perda irreparável ao seu dia a dia.
Quando o assunto era sua prima, Helô podia recordar que as duas costumavam ser amigas quando mais novas, então não tinha sido tão difícil assim recuperar alguma essência daquela época. A prima ainda se policiava com ela por causa do marido, mas elas tinham tantos outros assuntos que, de vez em quando, Helô até esquecia com quem ela era casada.
