A/N: Acho que esse é o capítulo com menos cara de continuação que eu já escrevi, mas lembrando que já tem milênios que isso está escrito e vai saber o que tava passando na minha cabeça naquela época. Só achei que Helô e Stenio concordando em assuntos profissionais era algo que merecia comemoração (cap 53, só por referência).
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Com ele fora de sua casa, Helô sentiu falta da companhia quase imediatamente.
Se fosse honesta consigo mesma, a companhia dele era a sua favorita há mais de 30 anos, mas sentia falta mesmo era de ter uma pessoa sempre com ela, um parceiro para dividir as coisas, alguém que a esperasse chegar em casa para jantar com um drink em mãos e que depois a colocasse na cama...
Stenio sempre foi a pessoa ideal para esse papel, o único que se enquadrava perfeitamente em suas exigências, os dois sempre foram ótimos em dividir o dia-a-dia, a conversa sempre fluiu de maneira natural, era fácil compartilhar risadas e confidências sobre a vida das outras pessoas.
Difícil mesmo era dialogar sobre eles.
Quando o assunto era relacionamento a dois, a dificuldade de expor as coisas era insuportável, a paralisava. O medo de demonstrar vulnerabilidade tinha um gosto podre de fraqueza que Helô se recusava a experimentar novamente.
Quando era mais nova, o estímulo em começar algo novo sempre a excitou de maneira inebriante, as novas experiências e tudo que tinha para descobrir sobre a vida, causavam um frenesi aditivo em seu organismo. Essa sensação podia ser perigosa quando se tratava de sentimentos, e não só pelo medo iminente da dor e do desapontamento que acompanham novas experiências.
Ela sempre soube que só a ameaça do desgaste, muitas vezes, impede as pessoas de aproveitarem ao máximo as novas histórias, os novos amigos, os novos amores, os novos caminhos, e nunca quis ser assim. Heloísa Sampaio nunca planejou se proteger tanto, não foi algo calculado, simplesmente aconteceu.
Justamente por não querer se tornar uma pessoa engessada e com medo do amor, ela se jogou em Stenio profundamente quando se conheceram.
Mas se Helô sabia de tudo isso quando tão jovem, como foi que se tornou tão inflexível para lidar com os assuntos do coração?
Talvez a resposta seja simples: nem tudo na vida gera um aprendizado.
Nos momentos de dor e de pesar, a ignorância é uma benção. Depois que alguém te magoa, a primeira coisa que vem à cabeça é sempre o famoso, "se eu soubesse que ia ser assim..."
Não que ela fosse optar por um amadurecimento tardio, mas não ia justificar toda a angústia que sentiu quando o mundo desabou ao seu redor, com uma lição aprendida.
Ninguém jamais vai escutar de sua boca que qualquer conhecimento ou lição obtidos em forma de uma desilusão amorosa eram um passo em direção ao conforto do que é conhecido, ou do que foi experimentado.