• Capítulo Dois •

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Novembro, 2013


"Voce não disse uma única palavra, mas ainda assim você tirou o meu fôlego e todas as coisas que eu achei saber. Porque quando você olha nos meus olhos, é a perfeição, minha única direção."


Quando um imprinting acontecia era quase um evento, e nao havia uma única pessoa perto que não sentisse a atmosfera poderosa que aquele tipo de laço se acometia. Carla foi a primeira a perceber, e enquanto as outras pessoas e até as crianças começavam a entender de onde vinha, ela se desesperou ao perceber que o alvo era Ana.

Não demorou para que tudo se tornassem um burburinho confuso, e ainda um pouco em êxtase e hipnotizado, ela conseguiu convencer o menino - que ela sequer sabia o nome ainda, mas já sabia que seria uma constante em sua família - a desgarrar de Ana e segui-la para casa.

Ana era uma criança de oito anos e tudo lhe entediava muito fácil e rápido, mas ela sentia que poderia sim passar sua vida inteira olhando nos olhos de Christian.

Talvez fosse seu corpo reagindo a ele, ela não tinha controle algum sobre aquele tipo de coisa, mas também havia aquela parte em que realmente se interessava em tudo sobre.

Foi um pequeno caos desde o momento em que ela sentiu seu coração sair do lugar e então estar ali, em sua casa, tendo sua mãe e seu pai nervosos enquanto conversavam com Christian, e também havia os pais dele ali, e havia Mia em sua casa e o chato do José.

_ Voce não vai me mostrar seu quarto? - Mia perguntou.

_ Depois - ela sussurrou.

Era a primeira vez que Mia estava na casa de Ana, e elas sempre falavam sobre mostrarem o quarto uma da outra, mas suas mães ainda não haviam se conhecido então precisavam esperar.

Mas Ana não conseguia pensar em nada daquelas coisas, tudo havia mudado agora. Nada mais importava como antes, tudo era pequeno demais perante aquilo. Ela sabia da história, sua avó quem havia lhe contado, ela tambem ouviu na escola na hora da soneca, ela entendia o que queria dizer um imprinting, e sua mente estava nublando com seus sentimentos. Ela sentia mais do que vivia em si, e tudo o que ela sentia agora era Christian.

Christian.

Christian.

Tudo nela era ele e ela não sabia como reagir.

Os imprintings eram muito raros atualmente, com a espécie de alfas em extinção, em sua família mesmo não havia qualquer descendência, mas aparentemente a família de Christian era toda completa por pura raça de alfas.

Já houve histórias de que aquilo havia acontecido, um alfa mais velho tendo o imprinting por sua alma gêmea ainda uma criança, mas eram lendas, ninguém nem sabia como reagir aquilo, a não ser a única certeza de que os instintos de proteção se tornaram muito primitivos, que chegou a ser perigoso.

_ Nao é algo que chegamos a sequer cogitar algum dia, não somos uma família com descendentes, Ana mesmo só ouviu histórias para dormir, ela sequer deve entender que isso é real - Carla, mãe de Ana, falava.

Ana nunca havia visto sua mãe tão nervosa, ela processou aquilo, mas sua mente testava mais focada no fato de que ela parecia nervosa com Christian, e ela nao entendia o que ele havia feito de errado.

_ E ela é só uma criança, uma menina, eu não quero que minha filha fique presa nesse mundo que nós sequer fazemos parte, e que... e que é tão perigoso.

Os adultos estavam na cozinha, que era dividida junto a um balcão, eles falavam baixinho, mas Ana conseguia escutar de qualquer forma. Tentaram levar as crianças para o andar de cima, mas Christian se recusou a deixá-la longe de suas vistas.

Ainda era muito recente, seu corpo parecia estar entrando em combustão e ele sentia que podia explodir a qualquer momento, e era como se Ana fosse o gatilho. Ele percebeu que podia assustá-la com aquilo, ela era tão pequena, tão criança, os olhos assustados e arregalados, não entendendo a intensidade de tudo o que sentia vindo dele, de alguém que sequer sabia o nome há alguns minutos.

_ Eu não vou machucá-la - ele resmungou, controlando a voz porque queria rosnar.

Os pais dela estavam agindo como se ele fosse capaz de fazer algo ruim com a menina e ele estava odiando aquilo.

Ele se orgulhava em ser bem controlado. Mesmo não sendo um alfa completo ainda, o sangue puro de sua família corria em suas veias e seus instintos já eram interligados a ele, porém agora ele sentia tudo na superfície, na beira.

Tinha uma necessidade quase impossível de se controlar em tocar em Ana, em protegê-la consigo, queria arrancar a garota daquele sofá e levar para sua casa, deixá-la quieta e segura em seu quarto, nunca deixar ninguém chegar perto dela. Mas ele iria assusta-la daquela forma, e não era saudável uma criança não ter outras pessoas por perto, ele tinha a clara consciência daquilo então se controlava.

Mas tudo era tão difícil de repente.

_ Eu acredito que todo mundo aqui precisa de um tempo - Carrick, pai de Christian falou, tocando no ombro do filho ao ver o menino hiperventilar. - Será que poderíamos ter essa conversa amanhã? Acho que a menina também precisa de explicações.

Todos miraram Ana no mesmo instante, e a menina já tinha os dela sobre eles também, especificamente em Christian enquanto batia os dedos das mãos nas coxas de forma nervosa.

Estupidamente azuis, pareciam ver até sua alma dentro de si... e não era desconfortável, ele sentia poderia mostrar tudo a ela.

A garotinha estava ansiosa e nem sabia porque, não acreditava que havia feito algo errado, estranhamente sentia uma paz incrível dentro de si, e até aquela ansiedade não era incômoda.

_ Amanhã - ele concordou, os olhos ainda sobre os ansiosos de Ana, e então ele se voltou para a mãe de Ana, se aproximando dela o suficiente para deixar os outros em alerta. - Se não estiverem aqui, eu caço vocês, eu juro... até no inferno eu encontro ela. 

50 Tons de um ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora