• Capítulo Vinte e Um •

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Setembro, 2020

"Uma gota no oceano, uma mudança no tempo, eu estava rezando para que você e eu pudéssemos ficar juntos."

Realmente o apartamento de Christian não era longe, mas levava uns quinze minutos andando, e Ana estava mais da metade do caminho quando recebeu uma ligação de seu pai.

_ Oi, pai - ela murmurou assim que atendeu.

_ Oi, meu amor. Como está o resfriado?

Ana fechou os olhos por um instante, a culpa finalmente entrando em seu coração.

_ Tudo bem - se limitou a dizer.

_ Você não parece bem - ele salientou.

Ela não estava mesmo, e pior, tinha a sensação de que nunca mais ficaria.

Suspirou alto, desistindo quando finalmente chegou na varando de casa, se sentando nos degraus e soluçando.

_ Eu não estou, pai - confessou. - E eu nem sei como eu estou de verdade, eu sinto tudo ao mesmo tempo e é tão forte que parece que vou explodir por completo. Eu nem estou resfriada, eu só estou chorando mesmo, e agora com uma puta dor de cabeça porque eu não paro de chorar.

Raymond ficou em silêncio do outro lado da linha e Ana viu um sinal de que poderia continuar falando.

_ Eu não sei o que fazer, eu estou tão perdida. Eu sei que sinto coisas que não deveria, mas ao mesmo tempo eu sei que é o certo sim, só não é o momento, e eu estou com um medo absurdo de me forçar a não sentir mais nada e quando eu tiver que sentir mesmo, não conseguir. E isso seria uma tragédia.

_ Então voce percebeu que está apaixonada pelo garoto? - ele soltou.

Ana limpou o rosto, ficando ereta no degrau da calçada.

_ Como sabe?

_ Qualquer um sabe. Um cego saberia, um surdo, e seu pai tambem - ele falou, fazendo a menina dar uma risadinha. - O que estão fazendo?

_ Nada. Eu acabei de chegar em casa e ele está... com uns amigos - Ana falou, encurtando o assunto porque não queria ter que explicar tanta coisa para o pai.

_ Em casa? Sozinha? Mas sua mãe não está aí.

_ É - Ana suspirou, se levantando, indo abrir a porta, e então entrando na casa. - Está tudo bem. Eu vou me aprontar para dormir. Me desculpe pelo fim de semana, eu devia ter ido e não perdido um tempo com minha família.

_ Ainda quer ir?

_ Como, pai? Voce está do outro lado da cidade e vai ficar muito tarde para irmos.

_ Eu estou chegando aí em alguns minutos.

_ Como assim?

_ Eu estava indo te ver, fiquei preocupado, e também estou levando seu presente já que não vamos nos ver semana que vem. Se apronta e vamos fugir desse lugar por esse fim de semana - ele falou, e encerrou a ligação antes de qualquer fala de Ana.

A garota sorriu bobamente.

Seu pai estava indo até ela só porque havia ficado preocupado, ele morava há quase duas horas de carro, e simplesmente estava indo até lá como se ela fosse a coisa mais importante para ele.

Ana sentiu que as coisas podiam melhorar. Podia nao ser eternos alguns sentimentos e relações, mas o diferente não é ruim, e acabar em si não é o que acontece. As coisas geralmente evoluem, e relacionamentos também podem ser assim.

Quatro dias.

Aquilo era um recorde e máximo bem grande. Quatro dias que Ana não via Christian.

Ele tiveram uma ligação curto no domingo, ele queria ouvir sua voz, e também uma video chamada na segunda de menos de dois minutos só porque ele pediu para vê-la. Christian não indicou que iria até ela, e Ana também não chamou.

50 Tons de um ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora