• Capítulo Trinta e Quatro •

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Outubro, 2023

"Eu olho profundamente nos seus olhos, eu toco você cada vez mais, quando você vai embora, imploro para você não ir, chamo seu nome várias vezes seguidas, e é tão engraçado tentar explicar como estou me sentindo, a culpa é do meu orgulho porque eu sei que não entendo como só o seu amor pode fazer o que ninguém mais pode."

A linhagem de um lobo branco eram lendas, criaturas completamente extintas há décadas, pelo menos o que era registrado. As chamadas ômegas, tão fortes humanamente que eram capazes de controlar um alfa, e seus lobos tão mentalmente instáveis por proteção que eram consideradas assassinos cruéis e sanguinários. Elas protegiam sua família sem qualquer racionalidade, sendo dirigidas pelos instintos puros e primitivos de seus alfas.

Christian não conseguiu ter tempo de processar aquilo, de entender a enormidade que era tudo o que estava acontecendo, a raridade que era a sua soulmate ser uma omega.

Ele processou o perigoso, a forma como seu lobo estava o arranhando por dentro, a forma como ele desesperadamente queria sair.

Mas ele não podia deixar.

Ana claramente tinha um alvo, de alguma forma sua mãe era um perigo na mente instável de seu lobo. Ele tinha que controlá-la e fazê-la entender que não tinha perigo, mas a forma como Lobinho estava desesperado em tomar controle para protegê-lo, ele percebia que não havia nenhum resquício de Ana ali.

Ela estava perdida no limbo de sua mente e o lobo parecia bastante apreciativo com todo o controle para ele.

_ Eu vou segura-la, e você corre. A chave está na ignição, é sério, só sai, vai para a mansão, se eu não conseguir segura-la aqui, temos chance do meu pai e meu tio conseguir ajudar - ele falou rápido e muito baixo.

O lobo na escada esganiçou, balançando a cabeça, incomodado com a voz de Christian porque ele era seu alfa de qualquer forma, e ele estava ali, podia proteger.

Mas ele não estava protegendo antes.

Ele deixou a humana afastá-lo. E deixou ela desprotegida. Deixou tudo desprotegido.

O lobo rosnou alto, se abaixando, se aprontando para pular de todos aqueles lances de escada.

Christian não evitou sentir o medo, claro que ele sentia, sentia cada partícula de si temer por conta daquele lobo. O medo que Ana nunca sentiu de Lobinho, ele claramente sentia daquele lobo branco e sanguinário.

Um lobo branco...

Ele tinha tanta coisa para processar, tanta, mas tudo o que se concentrava naquele momento era em não deixar Ana matar a própria mãe.

Ela nunca se recuperaria daquilo.

_ Mas como você vai segurar? Aquilo é enorme - Carla falou.

_ Ela não é capaz de me matar, seus instintos não deixariam, e eu sou o único que pode fazer ela voltar.

Christian empurrou Carla mais atrás de si, levando uma mão para segurar a porta, fazendo contato visual com o lobo porque percebeu que aquilo retardava ela, os olhos dele sobre os dela lhe desconcentrava, fazia tentar pensar e perder o senso.

_ Vai! - ele falou.

Conseguiu fechar a porta assim que Carla correu para fora da casa, o lobo percebendo o que havia perdido, rosnando de raiva. Claro que uma porta fechada apenas seria destroçada em segundos, assim como Christian naquele momento.

Ela avançou, o piso de madeira fazendo barulho com as patas pesadas caindo perfeitas a frente dele. Era do seu tamanho, um pouco, talvez dez centímetros mais baixo que Lobinho, o que já era extremamente impressionante porque o lobo de Christian estava maior que o próprio pai dele.

_ Eu não sei o que aconteceu, mas sua mãe não é uma ameaça - ele tentou dizer.

O lobo seguiu mais passos, e ele continuava na porta, ouvindo o seu carro sendo ligado lá fora e então sair cantando pneu, suas suspirando de alívio se não soubesse que o lobo ali poderia farejar Carla e segui-la em instantes.

Depois de destroçar ele, quebrar alguns bons ossos. Ela podia não matá-lo, seria contra todos os seus instintos mais primordiais, mas podia causar sérios danos. Brincar com a comida era algo que os lobos gostavam. Causar dor a quem estar em seu caminho, eram características conhecidas por omegas.

_ Me escuta e me obedeça - ele mandou.

O lobo deu um passo para trás, bufando, tentando resistir, rosnando baixo.

Era uma briga por poder. Uma omega só tinha poder sobre seu alfa em forma humana, mas o seu lobo dentro de si jamais conseguiria resistir a uma ordem explícita.

_ Ela não é uma ameaça a você ou seja lá o que queira proteger - ele falou baixo, mas firme, nao querendo realmente assusta-la.

Não importava se era grande e perigosa, era só uma lobinha, uma criança praticamente, completamente instável em sua primeira transformação, parecendo querer proteger algo desesperadamente.

_ Se submeta - mandou. - Eu sou seu alfa e você me segue as minhas ordens.

A voz se tornou glacial quando ele percebeu o lobo resistindo. Era muito forte, até Lobinho estava preocupado, se sentindo acuado de repente porque o poder que vinha do lobo branco era quase cegante, sufocante, a atmosfera chegava ferir.

_ Vou te proteger - ele garantiu quando percebeu o lobo baixando a cabeça, chiando de dor porque era doloroso resistir ao seu próprio alfa. - Vou proteger - repetiu, se aproximando agora.

O lobo tentou se afastar, mas o toque de Christian foi mais rápido, e quando a mão quente se entranhou nos pelos brancos e macios, o animal desistiu, as patas baixando, o corpo caindo, a cabeça contra o chão.

Submissão ao seu alfa.

Passou pela mente de Christian como Ana xingaria Deus e o mundo e mandaria nunca falar sobre aquela cena, mas ele ainda estava bastante concentrado em manter o lobo branco parado para pensar sobre aquela parte divertida que teria depois.

Ele correu as duas mãos sobre o lobo, acariciando seus pelos, tocando o corpo dele também, deixando seu cheiro, o relaxando cada vez mais.

Levou longos minutos até ela levantar a cabeça novamente, dessa levando o fucinho até Christian, lhe farejando, a linha grande e quente lhe lambendo em seguida de uma forma um pouco nojenta, mas ele quem não ia reclamar. Ela fez um pequeno rosnado de apreciação, e então se deitou, folgada como a parte humana é também, e mimada do mesmo jeito, querendo mais carinho, os olhos se fechando para apreciar mais.

Era seu alfa ali então, ela estava protegida, finalmente entendeu.

Christian se sentou ao seu lado, se debruçando sobre ela, pensando nas milhares de vezes que Ana fez a mama coisa com Lobinho, lembrando a sensação relaxante e confortável que ele sentia com aqueles carinhos, pensando em como ele nunca imaginou que poderia fazer o mesmo com ela.

Nossa.

Ela era um lobo também.

Um lobo lindo, com seus perfeitos olhos azuis e sua forma mimadinha.

Ele lhe deixou um beijo sobre a cabeça, a ouvindo ronronar sem qualquer pudor.

Ele passou a mão por todo o seu corpo, a observando se deitar mais de lado para que ele a tocasse mais, e só então ele percebeu, a protuberância sendo evidente provavelmente por conta da forma lupina.

Era pequena, mas uma bolinha completamente formada, e quando ele chegou com a mão ali, o corpo dela reverberou e seus olhos se abriram por um instante, demonstrando algo como um aviso, algo como ela estar ali bem acordada sim.

Algo como proteger seu bebê e ser capaz de tudo por aquilo. Ela estava ali para proteger alguém infinitamente importante.

•••

Sobre né... o Christian não querendo casar porque achava cedo, Ana logo dando um filho para ele para ele parar de graça 😂😂😂 fé nas malucas.
Brincadeira, gente, claro que não foi de propósito. Águas rolarão...

50 Tons de um ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora