• Capítulo Três •

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Novembro, 2013


"Apesar da brisa das árvores se moverem tão graciosamente, você é tudo que vejo enquanto o mundo continua girando."


Quando amanheceu, Ana já estava acordada e arrumada. Era sexta, mas ela nao iria a escola. Na verdade, teria uma conversa de gente grande com Christian e a família dele. Do mesmo jeito que teve uma conversa de gente com seus no dia anterior.

_ Filha, não precisava acordar tão cedo, não é nem sete horas ainda - sua mãe falou ao entrar em seu quarto após ouvir os barulhos da menina se movendo dentro dele.

Ana penteava seus cabelos agora, tentando um novo penteado porque ela adorava fazer aquelas coisas.

_ Mas ele já vai chegar - ela respondeu.

Carla riu baixo, se aproximando da menina e ficando atrás de si enquanto admirava ela fazendo uma trança perfeita no cabelo.

_ Claro que não, minha princesinha, é muito cedo - ela falou.

Ana a encarou através do espelho, os olhos taciturnos e brilhantes.

Podia ser quase imperceptível, mas Carla era sua mae e a conhecia como ninguem, ela já havia percebido os pequenos sinais. Os olhos de Ana, sempre tão azuis, estavam ainda mais claros desde ontem, o seu olhar o tempo todo de crianca travessa agora tinha algo mais sério, como se ela soubesse exatamente o que esperar do mundo. E Carla estava com medo daquilo. Ana deveria ser criança.

_ Ele está perto - a menina falou em tom sério agora, se levantando. - Consigo sentir... bem aqui - disse, levando a mão até o peito.

Seu coração estava diferente desde o dia anterior, batendo de forma irregular as vezes, e parecendo ansioso, mas tambem prestes a explodir. Era muito forte e as batidas pareciam não ser suas de fato. Ela se lembra do segundo em que seus olhos encontraram os de Christian, tudo havia mudado ao redor, ela não havia entendido que havia mudado dentro de si também. Era como uma pessoa diferente agora, seu sangue corria de forma diferente, ela via tudo de forma diferente, era como descobrir novas cores no mundo. E seu coração não parecia seu mais. Era como se ele tivesse saído por um tempo.

Só que seu coração nao voltou, e ela sentia uma falta estranha dentro de si desde que Christian saiu por aquela porta.

_ Filha... - Carla não conseguiu terminar de dizer com a campainha da casa tocando. - Você está falando sério? - falou surpresa. - Não é ele, é?

Ana deu alguns passos até a janela, e no segundo que apareceu no vidro, Christian lá embaixo foi atraído para o seu olhar.

_ Eu disse, mamãe - a menina comentou, logo se virando. - Vamos logo.

Ela correu o quarto a fora, e Carla ainda permaneceu alguns segundos parada no tempo.

Era surreal observar aquilo.

No dia anterior ela acreditou que apenas Christian quem estaria preso naquilo, mas só por momento ela já pôde ver como mesmo sem entender, Ana também estava a mercê daquela força estranha.

_ Ana! - Carla chamou alto ao que a garotinha já tinha até aberto a porta quando ela chegou a sala. - Eu já falei que não pode abrir a porta, só eu ou seu pai - ela ralhou.

A menina ficou vermelha, não gostando de sua mãe brigando com ela. Não era um estranho na porta de qualquer forma, e ela sabia.

Christian permaneceu na porta, não conseguindo parar de olhar para Ana. Ela tinha uma trança bonita no cabelo, vestia um vestido azul escuro e meia calça branca junto a sapatos pretos. Quando sua irmã se arrumava daquela forma ele faltava rir da garota na cara dela, mas com Ana ele mais poderia beijar o chão que ela pisava enquanto admirava como ela era adorável daquela forma.

50 Tons de um ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora