• Capítulo Vinte •

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Setembro, 2020


"Mas nada cura como o tempo, e ninguém nunca vai poder roubar um amor que você nasceu para encontrar."


Ana se apressou em pegar seu celular e sua pequena bolsinha que havia trazido onde tinha as chaves de casa e sua carteira. 

_ Vou para casa - anunciou, limpando o rosto de forma bruta.

Christian se levantou apressado e ainda meio desnorteado com toda aquela conversa deles. Ana era sempre tão infantil com suas tiradas sarcásticas e seus pedidos fora do comum, estava sendo estranho - para ele, pelo menos - ver a garota falando de forma séria e madura de repente.

_ Não, não, voce fica - ele falou enquanto ia até a porta.

_ Não vou ficar aqui com seu casinho - ela resmungou.

Christian revirou os olhos.

_ Você entendeu tudo errado, Ana, não é nada disso - ele murmurou enquanto ia até a porta. - Que porra, por que não podia ter falado logo ontem? Não acredito que ficou com isso na cabeça, que ficou mesmo achando que eu faria algo assim!

Ana franziu o cenho para a irritação do outro, cruzando os braços enquanto ele abria a porta.

Primeiro ele ficou na frente de quem quer que estivesse ali, e Ana só conseguiu ver mãos com unhas grandes e pintadas de preto o circulando na cintura enquanto o rosto lhe dava um beijinho, então ele se afastou, e antes de Ana ver o rosto da pessoa, ela reconheceu a voz.

_ Ana, minha lindinha, quanto tempo.

Rossane Salles, sócia de Christian na empresa dele, e sua esposa, Gwuen, com seu cabelo ruiva e sardas marrons pelo nariz, vindo logo atrás dela, com sua linda barriga de grávida com vinte e duas semanas.

_ Ai, não acredito que estou finalmente conhecendo a famosa Ana - Gwuen falou, logo indo até a menina, a pegando num abraço simpático. - É como se eu te conhecesse de qualquer forma, todas as vezes que vejo Christian, de dez assuntos, nove são sobre você e um é sobre como ele precisa ir logo para casa para poder estar com você - ela falou em tom de brincadeira, mas claro que não era exatamente, todos ali sabiam.

Christian sorriu um pouco afetado ainda.

_ É ótimo te conhecer também, Gwen, a Ross fala muito de voce. E, olha, nem sempre é bem, estão coloca ela de castigo - Ana murmurou.

Gwen desceu um tapa no braço da esposa enquanto os outros riam.

_ Eu sabia que você era das minhas - a ruiva segredou. - E é mais linda pessoalmente.

_ Você também. E sua barriga está linda - Ana comentou sincera. 

Gwen sorriu feliz com o elogio, ficando um pouco desconfortável ao ver os olhos e nariz vermelho de Ana, sua voz também não parecia comum.

_ Está tudo bem? Chegamos numa hora ruim - ela falou, olhando para Christian também agora.

_ Não, não - Ana falou rápido, passando a mão pelo rosto. - É só... alergia. E eu já estava de saída.

Ela se apressou em passar pelas mulheres, dando um sorrisinho de desculpas.

_ Tenham uma boa noite - desejou antes de abrir a porta. 

Christian a seguiu, claro.

_ Ana, espera - pediu, segurando no braço da menina de forma delicada, a fazendo parar de frente para si, logo pegando em seu rosto porque o quebrava por dentro vê-la daquela forma. - Não vai assim. Eu vou falar com Ross que hoje não é uma boa noite para nada, e nós conversamos o que precisamos, okay?

_ Não - Ana insistiu. - Eu não quero te atrapalhar. 

_ Você nunca me atrapalha, Anastasia - ele falou firme.

Ana deu um passo para trás, soltando o braço da mão dele e balançando a cabeça para ele parar de tocar em seu rosto.

_ Eu quero ir para casa, tudo bem? Eu quero ir.

_ Eu posso te levar, posso ir com voce - ele insistiu. - Eu posso... ficar com voce.

Ela balançou a cabeça de novo, sentindo aquele peso do mundo em cima de si.

_ Eu preciso de um tempo agora, vou para casa e eu vou sozinha - decidiu.

Ela o encarou sem expressão, os olhos molhados com as bolotas de lágrimas, porque elas meio não paravam, e o peito de Christian apertou de uma forma quase impossível de conseguir respirar.

Ele apenas aceitou, assentindo com a cabeça, nunca a forçaria a nada.

_ Me liga quando chegar - pediu.

Ana apertou o botão do elevador, e permaneceu de costas para Christian.

_ Ei - ele chamou, tocando sua mão de leve, apertando ao redor de seu pulso numa carícia, fazendo Ana encarar suas mãos juntas e não a ele. - Só para voce saber algo que eu já achava que voce sabia: eu jamais traria uma mulher aqui, não para o que voce pensou. Voce vem aqui, dorme aqui, voce chama isso aqui de casa. Eu jamais faria algo assim.

Deveria ser algo bom aquilo, deveria com certeza fazer Ana feliz. Mais uma vez Christian provando como ela era tudo para ele, como era seu mundo e ela não tinha que se preocupar com nada em relação a ele. Mas aquilo só fez Ana quebrar, porque ela tinha tudo de Christian, mas não podia ter ele de fato. E ela meio que era mimada demais para só aceitar não ter o que quer.

_ Eu preciso... preciso de espaço. Espaço longe de voce - confessou então, o elevador abrindo as portas em sua frente.

_ Do que está falando? - ele questionou baixinho, quase com medo da resposta, forçando a mão em sua mão agora, a impedindo de sair.

_ Eu quero ir embora, e eu quero espaço de voce. Voce tem sua decisão e eu tambem - ela falou. - É como tem que ser mesmo. Porque não me importa que elas não venham aqui, Christian, o problema é que elas existem. E eu não consigo lidar com isso agora. Eu posso estar parecendo uma boba infatil aqui, mas não ligo, eu não aguento mais sentir isso, e preciso que voce respeite minha decisão.

Christian passou a mao pelo cabelo de forma exasperada, o lobo dentro de se corroendo.

Sua soulmate estava ameaçando se afastar dele e ele não podia aceitar aquilo, não conseguia sequer pensar na possibilidade em estar longe de Ana. Racionalmente, Christian entendia a menina, até se orgulhava da forma madura como ela estava escolhendo lidar e decidir a situação; mas racionalmente, o lobo dentro de si, não estava nem aí para os pensamentos dela, ele faria de tudo para estar perto dela e invadiria caso Christian aceitasse aquilo numa boa.

_ Eu não sei o que fazer, Ana - ele suspirou. - Não sei o que fazer para resolver isso, eu não queria que se sentisse assim e muito menos essa situação toda. Eu não sei o que fazer para mudar.

Ela se irritou um pouco, consigo mesma na verdade. Sabia que o Lobinho deveria estar corroendo Christian naquele momento, a mão que segurava a sua estava forçando em seu pulso e os olhos dele estavam ficando claros demais, sua respiração descompassada e dali mesmo ela podia sentir seu coração batendo forte e rápido. Ela sabia porque sentia o coração dele dentro dela, há muito tempo Christian já havia lhe dado com a intenção de fazê-la amá-lo também da mesma forma que ele a amava.

_ Eu quero que você me faça parar de te amar, Christian. Isso dói, sabe?- ela sussurrou, o fazendo dar um passo para trás, os olhos cinzentos voltando a cor normal, mas agora com um quê de decepção. -  Eu não quero mais. Não quero mais sentir isso.

Ele se afastou por completo, a deixando ir agora, e Ana não sentiu o lobo tentando impedir tambem, não entendendo porque ele havia baixado a guarda de repente.

_ Eu sinto muito, meu anjo - ele murmurou. - Eu prometo que vou fazer isso passar.


•••


E é sobre isso, boy...

50 Tons de um ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora