• Capítulo Quatorze •

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Junho, 2018

"Então talvez nós sempre fomos feitos para nos encontrar, como se esse fosse todo o nosso destino. Como você já sabe seu coração nunca será quebrado por mim."

Christian tinha o desejo bem discreto dentro de si de que Ana permanecesse com dez anos para sempre, ele não teria se importado mesmo. Com dez anos a menina era meiga, gentil, sorridente, inocente, e apenas lhe dava a amostra de que seria o capeta encarnado.

Ela nao era o capeta de fato ainda.

Com dez anos, Ana não tinha doze!

Era madrugada quando a porta de seu quarto foi aberta, a luz do corredor entrando por uma fresta direto em sua cama o acordou no mesmo instante.

_ Oi, está acordado? - a voz baixinha de Ana se fez presente no silêncio absoluto. - Eu ainda estou expulsa do seu quarto, alfa?

Christian apenas levantou uma das mãos, e logo os passos rápidos da garota foram ouvidos, e em segundos ela estava na cama, adentrando o cobertor e usando o travesseio que trouxera do quarto de Mia, suspirando por ter conseguido chegar em seu porto segura sem ser possuída por nenhuma demônio no caminho.

_ O que houve? - Christian perguntou, mas já imaginando o que era, sentindo o coração da menina batendo angustiado e com medo dentro do seu.

_ Mia e eu vimos Annabelle, e agora toda vez que fecho os olhos eu acho que as bonecas dela vão me possuir - ela respondeu direta e séria, olhando para a porta como se a qualquer momento ela fosse ser esmurrada por uma boneca assassina.

Christian prendeu a risada.

_ Por que assiste esses filmes se no fim sempre fica com medo e não consegue dormir? - ele questionou.

Não era a primeira vez que Ana corria para a sua cama após ver um filme de terror.

A garota suspirou baixinho, mexendo distraída no cobertor azul escuro e com o cheiro maravilhoso de Christian.

_ Porque a Mia gosta e ela não tem medo, e eu não quero parecer medrosa - ela respondeu.

_ Gatinha, você é a garota mais corajosa que eu conheço. Não é porque você não gosta de filmes de terror, que vai vai mudar isso. Para ninguém.

_ Jura? Eu sou a mais corajosa?

_ Sim.

Realmente ela era.

Mia podia não ter medo de filmes de terror, e Christian acreditava que era porque a garota gostava muito de dormir, mas ela tinha medo de tudo quanto era coisa. E estava tudo bem também. Mas era surpreendente em como Ana não tinha medo de nada, e na verdade apenas se empolgava com as coisas mais malucas e perigosas. Ele amava aquilo nela e não via a hora da garota crescer e eles poderem fazer ainda mais coisas juntos.

_ Voce não tem medo de nada, isso é incrível - ele comentou.

Ana deu de ombros, orgulhosa.

_ Eu tenho medo de perder meus pais... e você - ela confessou, a voz séria agora e um pouco hesitante, surpreendendo Christian com sua intensidade e confissão. - Tenho medo que... que seja por isso, sabe?

Eles dois se encararam. Ana não havia fechado a porta, e fresta de luz que entra pelo corredor os possibilitava ver o rosto um do outro.

_ Que talvez eu não tenha muito tempo com meus pais, por isso você me encontrou tão cedo, porque vai cuidar de mim quando eles se forem - ela contou.

50 Tons de um ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora