• Capítulo Dezessete •

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Setembro, 2020

"Então eu ainda tenho medo dessa química entre eu e você, é demais para simplesmente ser ignorada, mas também é demais para simplesmente sentir. Então eu vou admitir agora, eu estou me apaixonando, e não sei o que fazer."

Ana encerrou a ligação com sua mãe, que já estava perguntando se ela estava a caminho porque lhe deu um horário específico para estar em casa naquela semana inteira, pois estava de castigo, e então a garota seguiu pelo corredor para apressar Christian em seu banho demorado demais, se não ela ia ficar mais encrencada do que já estava.

A porta entreaberta do quarto mostrava o Grey perto da cama, ele estava de costas, sem camisa e a calça jeans preta parecia pender no quadril como se estivesse aberta, e ele segurava o celular contra a orelha enquanto parecia caçar algo na estante ao lado da cama.

_ Nao, não está tudo bem - ele falou baixo enquanto ria. - Ela vai estar com o pai esse fim de semana e você pode dormir aqui.

Ana franziu o cenho, parando os passos.

Christian riu novamente.

_ Sim, é modo de falar porque você sabe que eu não vou te deixar dormir de verdade - ele falou então.

Ana se afastou rapidamente, saindo do corredor e descendo para a sala de estar.

Nem sabia o que pensar ou fazer, seu coração estava disparado e suas mãos tremiam com o sangue correndo rápido demais em suas veias.

Não era ingênua a ponto de não saber que Christian tinha mulheres por aí, ela nunca viu nem um resquício delas e nunca o ouviu falar sobre. Mas Christian era homem, e homem demais para olhar para Ana que era só uma menina. Ele a via como um irmãzinha talvez, ainda mais nova do que Mia. De qualquer forma aquela parte da vida de Christian era abstrata para Ana, ela nunca viu e nem ouviu, podia até viver a própria vida imaginando que não acontecia.

Antes não era problema, ela sequer se importava, até achava engraçado e muitas vezes até tentou empurrar Christian para as moças bonitas que viam no parque ou na sorveteria, totalmente inocente. Mas não agora. Não assim. Não quando seu coração estava confuso e seus sentimentos ainda mais. Não quando ela estava crescendo e tudo o que ela sentia era ele.

Ana se concentrou em respirar, acalmando seu corpo para Christian não senti-la, e logo ele desceu as escadas, o cabelo úmido e vestindo a calça jeans e agora uma camisa vinho também.

_ E aí? Está pronta? - ele perguntou, pegando as chaves do carro e a carteira na mesinha ao lado da porta, mas então ele franziu o cenho e encarou Ana em automático. - O que houve? Estou sentindo você.

Estou sentindo você.

Era sempre o que ele dizia sobre Ana quando percebia que ela estava com os sentimentos e emoções alteradas. As vezes ele não conseguia distinguir como ela mesma estava se sentindo, ainda mais ultimamente com a fase adolescente, era um misto de muita coisa, mas nas outras vezes, na maior parte Christian na verdade era um bálsamo para Ana, ele era um equilíbrio e saúde emocional para ela para lhe ajudar sobre onde estava e o que sentia de fato.

Mas pela primeira vez ela sequer tentou explicar.

_ Nada - respondeu, se levantando, baixando o olhar, verificando sua mochila mesmo sem precisar.

Christian se aproximou, e Ana se impediu de se afastar para não levantar mais questionamentos.

_ É por causa da nossa conversa? - ele perguntou. - Me desculpe, okay? Não quis falar daquela forma, é que eu fiquei irritado e ainda por cima estou cansado. Me desculpa, meu anjo - falou, tocando em seu rosto, os lábios perto de sua cabeça para então beijar seu cabelo em seguida. - Querida?

_ Está tudo bem - ela murmurou. - Melhor irmos, mamãe já estava ligando.

Christian deixou passar, tentando lhe dar espaço, não querendo pressionar a menina porque mesmo sabendo que ela também estava errada, foi ele quem foi grosseiro e rude na situação.

Não levou nem cinco minutos de carro e ele já estava estacionando em frente a casa de Ana.

A garota ajeitou a mochila no colo e alcançou a maçaneta.

_ Ei - ele chamou ao perceber que ela iria mesmo sair. - Vamos mesmo ficar dessa forma?

Ana deu de ombros.

_ Está tudo bem, eu já disse. Espero que esteja tudo bem por você também - ela falou num tom monótono.

Christian balançou a cabeça.

Não estava nada bem, nem para ele e nem para ela.

_ Eu já pedi desculpas e realmente já não sei mais o que posso fazer - suspirou. - De qualquer forma, vamos conversar sobre seu aniversário, eu te mando mensagem depois de falar com o síndico do prédio.

Ela balançou a cabeça, só querendo ir logo para seu quarto, seus sentimentos estavam tão confusos e ela só queria se jogar em sua cama e parar de sentir um pouco.

_ Eu também quero pedir desculpas, eu sei que fiz errado - ela murmurou. - Sinto muito.

Ele levou a mão até seu cabelo, acariciando os fios, e então sorrindo para ela.

_ Eu já deveria estar acostumado com você, diabinha - falou, a fazendo sorrir de qualquer forma. - Vamos dar um jeito.

_ Obrigada.

Christian franziu o cenho.

_ Por que não me diz o que está acontecendo? Você está estranha e agora estou começando a perceber que não é por isso - ele falou.

Ana balançou a cabeça.

Precisava sair logo, Christian conhecia até sua alma e ela não tinha um parâmetro ainda sobre o que diria, o que sentia ou o que faria.

_ Eu já disse que está tudo bem... só estou achando chato essa coisa de castigo, dona Carla está marcando em cima - ela murmurou, tentando parecer indiferente. - Tem algo que queira me contar? - perguntou só porque não conseguia segurar a língua.

Christian pressionou os lábios um no outro, balançando a cabeça.

_ Nao. Por que? Você tem?

_ Nao. Talvez um amigo novo? Ou amiga? Sei lá... alguma coisa diferente.

Christian se limitou a apenas balançar a cabeça porque não estava entendendo onde Ana queria chegar.

A garota fechou a cara, bufando.

_ Eu estou ficando com cólica, vou entrar, nos vemos depois - declarou, abrindo a porta agora e logo descendo do carro. -

_ Ei - chamou, a fazendo se virar.

Ela levantou uma das sobrancelhas, parecendo irritada agora, os braços cruzados.

_ Eu te amo mais que tudo.

Quebrou Ana um pouquinho, claro.

É, ele amava mesmo e ela sabia daquilo.

Nada mais deveria ser importante, não é?

Ela era a garota que ele amava. Ela era a garota da sua vida.

Ela só não era a garota que ele queria estar pelo visto.

E ultimamente tudo o que Ana entendia era sobre querer estar com Christian, porque ela aprendeu que só amor não é suficiente para nada.

•••

50 Tons de um ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora