06_ Lill Sugg

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Não sei por quantos segundos inteiros nos encaramos sem dizer absolutamente nada, mas quando me toquei da situação deplorável que eu estava, chorando feito uma criança, abaixei a cabeça e passei por ele quase que correndo.

Caminhei até em casa sentindo um misto de sentimentos horríveis no peito. Era o sentimento da rejeição, da comparação, da insuficiência. Nesses momentos eu me esquecia completamente de todas as minhas qualidades e enxergava apenas as coisas que me faziam ser medíocre.

Suspirei quando pisei dentro da minha casa. Deixei os cômodos escuros do jeito que estava e apenas subi para o meu quarto. Não estava com fome, com ânimo, com nada. Tudo que fiz foi me jogar na minha cama e tentar dormir para terminar logo com aquele dia.

[...]

ㅡ Sophia! Sophia! ㅡ Ouvi gritos e abri os olhos com dificuldade. Observei meu quarto já iluminado pela luz do dia e cocei os olhos. ㅡ SOPHIA! TA VIVA?? ㅡ Fiz uma careta e abri a janela que ficava logo a cima da minha cama. ㅡ Ah, tá bem pelo menos. ㅡ Íris disse assim que coloquei a cabeça para fora da janela. ㅡ Abre aqui.

Não entendi o motivo de ela estar na minha casa aquela hora. Na verdade, eu nem sabia que horas eram.

Puxei o celular. Eram oito da manhã.

Bufei chateada por ter perdido três horas da minha manhã e desci para abrir a porta para ela.

ㅡ Eu trouxe frutas. ㅡ Ela ergueu duas sacolas de mercado quando abri a porta. ㅡ Geralmente eu traria besteiras, mas como você é uma garota saudável. ㅡ Ela entrou na sala da minha casa e já deixou as sacolas sobre a pequena mesa recostada na parede, dividindo a sala da cozinha. ㅡ Me fala... ㅡ Ela me olhou já com a expressão de raiva. ㅡ O que aquele idiota fez?

ㅡ Do que ta falando? ㅡ Me sentei no sofá. Meus olhos ainda estavam pesados, talvez pelo chororô de ontem.

ㅡ Do Nicolas. Conheço você o suficiente para saber que, se tudo tivesse dado certo, você teria me contato ontem mesmo ou quando acordasse no cantar do galo, mas deu sete da manhã e nem sinal de você! Algo estava errado. ㅡ Quis sorrir com o quanto ela me conhecia. ㅡ Me fala, o que aconteceu?

ㅡ O Nicolas tem uma namorada. ㅡ Ela arregalou os olhos.

ㅡ O QUE?? ㅡ Seu grito soou pela casa inteira. ㅡ E... Por que... Por que aquela anta não disse?? Poderia ao menos ter avisado! Nada a ver dizer que tem um ingresso sobrando e não mencionar que o outro ingresso está ocupado com a namorada. Que... Que idiota! ㅡ Ela resmungou tudo aquilo em menos de cinco segundos.

ㅡ Não foi só isso. ㅡ Coloquei as pernas para cima do sofá e apoiei o rosto na mão. ㅡ Ele... Eu inventei uma desculpa para ir embora antes da metade do show, porque eu não estava mais aguentando ver ele e a garota agarrados o tempo inteiro. Sério, Íris, eles se beijavam a cada dois segundos. ㅡ Suspirei. ㅡ Quando saí de perto, ele veio atrás de mim e me puxou para um canto.

ㅡ Não me diz que ele tentou...

ㅡ Não! Pelo contrário, ele quis me avisar que jamais se interessou por mim e me pediu para não contar para ninguém que gostava dele, como se eu gostar dele fosse uma vergonha imensa que ele não quer passar. ㅡ Encarei a televisão desligada, mas logo foquei nela. ㅡ Eu me senti horrível! Parecia até que eu era uma coisa abominável.

ㅡ Abominável é aquele troço que acha que dança bem. Esquece esse babaca! ㅡ Ela levantou e começou a tirar as frutas das sacolas. ㅡ Você é bonita, super talentosa, super gente boa, muito disciplinada e focada nos seus objetivos. Não conheço ninguém que cuida tanto da própria saúde como você. Aquele idiota tinha era que se achar alguma coisa por você ter sentido algo por ele, porque ele não merece nem metade de você. ㅡ Ela virou as costas para lavar as frutas na pia. ㅡ Então, não quero ficar ouvindo você se sentindo mal por causa de alguém como ele. Mesmo se ele fosse a melhor das pessoas, não quero te ver chorando por homem algum.

Te Pedi para a Estrela CadenteOnde histórias criam vida. Descubra agora