47_ Você não é minha mãe

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A aula de street me deixou tão destruída que quando terminou, eu estava no chão ouvindo o meu coração bater. Parecia até que tinha uma caixa de som nele, de tão alto que eu o estava escutando.

ㅡ Sinto muito por aquela bobagem que fizeram no Instagram de novo. ㅡ Trevor se sentou ao meu lado no chão e olhou para mim. Eu devia estar horrorosa com o rosto suado e os cabelos bagunçados, mas estava cansada demais para tentar parecer mais apresentável para ele. ㅡ Mas, fico muito feliz por ter passado pro festival. Vai gostar muito de lá.

ㅡ Acha que vou conseguir acompanhar o ritmo do pessoal de lá? ㅡ Me Inclinei para cima e me sentei de frente para ele.

ㅡ Você vai tirar de letra. ㅡ Trevor sorriu enquanto direcionava sua mão até meu rosto e tirava uns fios de cabelo que estavam bagunçados. ㅡ Não tem noção do talento que tem. ㅡ Os olhos dele expressavam tanta admiração em mim que eu já não me sentia insegura. Mas, esse era o problema.

Eu amava o fato do Trevor gostar de mim e demonstrar o suficiente para me fazer sentir especial ao ponto de eu me sentir segura de mim, mas eu queria ser capaz de me sentir segura comigo mesma sem precisar da ajuda de ninguém. Não quero me sentir autoconfiante apenas quando estiver com ele, quero ser autoconfiante independente da situação ou das opiniões.

Sorri para ele sem demonstrar o conflito que estava em minha mente. Fomos obrigados a nos retirar da sala para a próxima aula e eu já tive que correr para me trocar para a aula de ballet.

Vesti a meia calça, o collant, a sapatilha e a saia. Fiz o coque mais ou menos na cabeça e saí do banheiro pronta para ir direto para a aula, mas dei de cara com Trevor, que ainda me esperava.

ㅡ Já falei do quanto você fica linda vestida de bailarina? ㅡ Suas palavras me quebraram ali mesmo e eu comecei a corar. Trevor me deu um beijo e disse que qualquer coisa eu podia ligar para ele. Nos despedimos e eu fui para a aula de ballet.

Cheguei na sala e a turma já estava na prancha. Recebi um olhar de repreensão de Taiana, mas corri para me juntar as outras.

ㅡ Acha mesmo que foi a Flávia? ㅡ Perguntei para Íris que estava na prancha ao meu lado.

ㅡ Acho. ㅡ Íris respondeu encarando o chão. ㅡ Posso estar errada, mas ainda acho que foi ela.

Encarei o chão também e tentei ignorar esses pensamentos. Minha preocupação não deveria ser com quem fez isso, e sim em como eu vou fazer para superar isso e não ligar mais para coisas do tipo futuramente.

A aula do ballet se seguiu. Fizemos quatro sequências na barra, uma no centro e um pouco de diagonal. Íris foi quem saiu primeiro quando a a aula terminou. Na verdade, ela saiu correndo da sala dizendo que estava apertada para ir no banheiro.

Ri da cena, mas não me esforcei para sair da sala. Estava tão cansada que se eu deitasse em algum lugar, certamente dormiria por horas. Sentei-me no chão da sala e tirei a sapatilha meia ponta dos pés. Tirei também a meia calça, trazendo-a até o tornozelo e massageei os meus dedos doloridos.

ㅡ Posso ajuda-la? ㅡ Ouvi Taiana perguntar, mas sabia que não era comigo, então continuei focada nos meus pés. 

ㅡ Eu quero falar com a minha filha. ㅡ Aquela voz estremeceu todos os meus ossos. Puxei o ar com tanta força que prendi o meu maxilar. Meu coração começou a acelerar de uma maneira desesperada quando ergui o olhar na direção da porta e vi aquela mulher parada com uma expressão de... Culpa? Arrependimento? Dor?

ㅡ Você é a mãe da Sophia? ㅡ Taiana perguntou parecendo desconfiada. A mulher assentiu. ㅡ Mas, eu já conheci a mãe da Sophia.

ㅡ Aquela mulher não é mãe dela, e só a esposa do meu ex-marido. ㅡ Ela disse com desdém. ㅡ Eu sou a mãe dela. ㅡ Me levantei no instante em que ela adentrou a sala. A cada passo que ela dava na minha direção, eu dava um para trás. Minhas mãos estavam tremendo, então as escondi atrás do corpo segurando as sapatilhas. ㅡ Quero falar com ela em particular.

Te Pedi para a Estrela CadenteOnde histórias criam vida. Descubra agora