17_ Emoções

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Me levantei da cadeira sentindo meu coração batendo forte e rápido como um desesperado. Íris me olhou com uma careta, mas eu apenas murmurei um " vou ao banheiro " e saí de perto dela e da vista de Trevor.

Perguntei ao rapaz que trabalhava no balcão onde era o banheiro e ele indicou um corredor no fim do bar.

Desviando das poucas pessoas que tinha ali dentro, já que a maioria aproveitava a música lá fora, entrei no tal corredor e me deparei com duas portas. Uma estava a esquerda e tinha uma placa escrito banheiro errado. Banhero para ser mais exata. A outra porta era mais no fim do pequeno corredor e não havia placa alguma.

Girei a maçaneta da porta ao meu lado e empurrei a porta. Acendi a luz do local e fechei a porta, já passando a chave e tentando abrir para me certificar de que estava mesmo trancada. Após ter certeza de que a mesma estava trancada, virei-me para o banheiro e apertei os olhos. Meu coração já não estava tão disparado, mas eu ainda sentia uma coisa muito esquisita no estômago.

Abri os olhos e me deparei com um banheiro limpo. Limpo do tipo que parecia até que ninguém o frequentava. Parecia até banheiro de casa que não está alugada, pois não tinha nada além das instalações, como a privada, a pia e o espelho da parede. Também não tinha cheiro de nada, o que era um grande alívio. Já entrei em banheiros de lugares como esse que eu mal entrei e já saí porque não aguentei o odor.

Dei um passo a frente e me encarei no espelho.

Passei a mão no rosto e tentei respirar fundo. Eu não era muito boa com emoções, como podemos facilmente notar. Eu só não entendia o motivo dessa emoção esquisita. Eu já senti emoções que eu pensei até que iria passar mal, porque não sei lidar muito bem, como o dia em que recebi o e-mail da CA dizendo que eu tinha passado na audição, ou no dia em que minha mãe sofreu um acidente de carro e me contaram por telefone, ou no dia em que perdi minha avó, ou no dia em que me apresentei num palco pela primeira vez, foram todas emoções que eu pensei até que iria desmaiar, porque não consegui administrar.

Eu estava sentindo uma emoção dessa agora e, igualmente, não estava sabendo lidar. O problema é que eu não sabia o motivo dessa vez. Não foi por que o Trevor piscou pra mim não, né? Pelo amor de Deus, isso seria ridículo!

Regulei minha respiração fazendo movimentos com a mão e me encarei no espelho novamente após me sentir melhor.

ㅡ Você está bem, Sophia. ㅡ Falei comigo mesma. ㅡ Isso é coisa da sua cabeça. Volta lá pra fora e aja naturalmente. Como você mesma disse mais cedo, é só um cara.

Batidas na porta interromperam meu momentos de autoaconselhamento e eu bufei.

ㅡ Você morreu? Sai daí! ㅡ Ouvi a voz de uma garota do outro lado da porta. Uma voz extremamente familiar.

Virei-me para a porta novamente e a abri. Não fiquei surpresa quando me dei conta de que a frase arrogante vinha da funcionária que trabalhava comigo na cafeteria. Aquela que faz o que quer a chefe passa a mão na cabeça dela.

ㅡ Sophia... ㅡ Ela sorriu quando me viu.

ㅡ Isadora... ㅡ Falei seu nome do mesmo jeito que ela e ela apenas continuou sorrindo. ㅡ Desfrute. ㅡ Saí da frente para que ela pudesse entrar no banheiro.

ㅡ Obrigada. ㅡ Ela entrou, mas voltou a falar antes que eu saísse pelo corredor. ㅡ Você não está chateada comigo não, né? ㅡ Fez um bico. ㅡ Por causa daquele dia. ㅡ Disse, provavelmente, se referindo ao dia que a chefe me obrigou a cubri-la.

ㅡ Claro que não. ㅡ Balancei a cabeça. ㅡ Não tenho tempo para isso.

Saí do corredor e me impressionei com a quantidade de pessoas que já tinha ali dentro. Quase o triplo.

Voltei lá para fora onde Íris estava sentada na mesa olhando com uma careta para alguém que eu não conseguia ver, devido a pilastra. Cheguei um pouco mais perto dela e parei no lugar quando vi a pessoa que ela tanto olhava.

ㅡ Flávia? ㅡ Fiz uma careta parando perto da Íris.

ㅡ Pois é, a noite acabou de ficar horrível. ㅡ Ela bufou colocando a bolsa sobre a mesa, a mesma tinha uma alça de correntinha que fez um barulho estridente ao se chocar com a mesa.

ㅡ Ah, você não sabe quem eu encontrei no banheiro. ㅡ Voltei a me sentar na cadeira.

ㅡ Quem? O Trevor? ㅡ Seu ânimo logo murchou quando ela raciocinou. ㅡ Ah, não. Ele está ali ainda. ㅡ Indicou Trevor que continuava na mesma roda de amigos do PK. ㅡ Quem você encontrou?

ㅡ A Isadora. Aquela funcionária chata que trabalha comigo. ㅡ Íris fez outra careta.

ㅡ Ai, credo. ㅡ Balançou a cabeça.

Olhei para Flávia no momento que Íris tocou meu braço e a indicou com o queixo. Flávia estava encostada numa parede junto de uma outra garota, ambas olhavam na direção do grupinho onde Trevor e Kevin estavam com aquele olhar de garota com segundas intenções. Não demorou muito para que ela deixasse o drink que bebia na mesa alta ao seu lado, balançasse seus cabelos loiros, empinasse os peitos e seguisse na direção dos garotos.

ㅡ Já não basta ela se achar a tal lá na CA, ainda tem que ser assim aqui. Aposto que ela vai dar em cima do Trevor como disse no elevador. ㅡ Íris puxou o celular, checou a hora e voltou a colocar o celular de tela na mesa. ㅡ E o Kevin fica babando nela. É mó trouxa, né?

ㅡ O que é isso no ar? ㅡ Apontei aleatoriamente e ela franziu o cenho sem entender. ㅡ Ciúme?

ㅡ Ciúme??? Você ta maluca??? ㅡ Ela praticamente berrou. ㅡ Eu não acredito que você disse isso. Retira agora!

ㅡ Ta, calma calma. ㅡ Ergui a palma das mãos. ㅡ Não ta mais aqui quem falou.

ㅡ Acho bom mesmo. Não aceito ouvir esse absurdo. ㅡ Cruzou os braços como uma criança de birra.

Olhamos novamente para os rapazes e agora haviam mais pessoas dançando, porém, em casal. Flávia jogou seus cabelos e disse algo sorrindo para Trevor.

ㅡ Ela perguntou se ele quer dançar. ㅡ Íris disse apertando os olhos. ㅡ Que foi? Eu sei ler lábios. ㅡ Voltamos a observa-los. ㅡ Ele disse que é uma boa ideia. ㅡ Ela falou após Trevor dizer algo sorrindo para a garota.

Porém, ao contrário do que esperávamos e, certamente, do que ela esperava, Trevor tocou o braço de Kevin e fez um sinal com a cabeça para que eles viessem até nós. Íris até ajeitou a postura e fingiu que não estava prestando atenção na conversa deles quando os dois vieram para perto de nós.

ㅡ Bora dançar! ㅡ Kevin puxou o braço de Íris e ela foi junto dele. Os dois se juntaram às pessoas que dançavam e se misturaram ali.

ㅡ Você quer dançar? ㅡ Trevor esticou a mão para mim. ㅡ Não sou tão bom com esse tipo de dança, mas você me guia. ㅡ Seu sorriso acelerou novamente o meu coração.

Não consegui abrir a boca para falar, então murmurei um uhum e peguei sua mão. Nós dois nos juntamos às pessoas também e começamos a dançar. Começamos a rir. Começamos a nos divertir. Meus olhos não saíam de Trevor enquanto ele sorria tentando pegar o ritmo da música. Eu estava hipnotizada, assim como o dia em que o vi dançar sozinho na sala.

•••
Continua...

Te Pedi para a Estrela CadenteOnde histórias criam vida. Descubra agora