Te Pedi para a Estrela Cadente

59_ Beijo com gosto de sorvete

A semana foi se passando mais rápido do que eu gostaria. Talvez seja porque meus dias foram inteiramente dedicados à dança, talvez porque mal vi a luz do dia, pois passei horas e horas dentro de salas de aula, talvez porque eu estava tão empolgada por ter feito amigos e por estar conseguindo acompanhar o ritmo que mal vi o tempo passar.

Hoje já era sexta e era quase meio dia. Normalmente teríamos um ensaio a parte de manhã, só com a minha turma e depois do almoço com a galera toda. Mas, naquele dia, só tivemos o ensaio com a galera toda. O professor disse que era para termos o resto da tarde para descansarmos e nos prepararmos para amanhã: o grande dia do festival.

A música começou a soar e nós começamos a dançar. Dei toda minha força e energia naquele último ensaio. Quando a música terminou, eu estava sentada no chão sentindo minhas pernas pulsarem.

ㅡ Arg... ㅡ Trevor se jogou ao meu lado. Ele também estava nessa coreografia que envolvia todas as turmas, mas eram muitos alunos e ele ficava bem longe de mim na formação. ㅡ Eu to destruído.

ㅡ Se você está, imagina eu. ㅡ Passei a mão por minha cabeça, puxando os fios bagunçados para trás.

ㅡ Mas... Planejei umas coisas pra hoje, então vamos. ㅡ Ele se levantou e estendeu a mão para que eu a pegasse. Fiz uma careta de cansada, mas ele continuou com a mão estendida, então a peguei.

Trevor me levou para fora da CA. Cumprimentamos algumas pessoas no caminho, mas rapidamente já estávamos no seu carro, indo para sua casa. Ele me disse para me arrumar e colocar uma roupa fresca, e assim eu fiz, mesmo saber o que faríamos ou para onde iríamos.

Acabou que naquela tarde Trevor me levou para conhecer mais da cidade. Até na placa de Hollywood eu fui e minha ficha ainda não parecia ter caído. Nós comemos fora, tiramos fotos em vários pontos turísticos e no fim do dia fomos para um parque de diversões.

ㅡ E aí, tem medo de algum? ㅡ Trevor indicou os brinquedos do parque com o queixo. O parque ficava num píer, haviam lojas vendendo lembrancinhas, máscaras aleatórias, lanches e também crianças correndo por todos os lados. O lugar era um caos. Um caos bom. Caos composto por músicas, gritos eufóricos e o barulho dos brinquedos.

ㅡ Não. Sou bem de boa com adrenalina. ㅡ Sorri convencida.

ㅡ Ah, é mesmo? Vamos ver quem grita menos na montanha russa. ㅡ Ele estendeu a mão e eu apertei, aceitando o desafio.

Trevor e eu fomos a vários brinquedos e nenhum de nós dois deu um grito sequer. Combinamos empate, compramos duas casquinhas de sorvete e fomos andando até o estacionamento, que era ao lado do início do píer, de frente para a areia da praia. Fez calor naquele dia, mas agora já estava de noite e a brisa do mar deixou tudo bem fresco.

Como ainda estávamos tomando sorvete quando chegamos ao carro, paramos para sentar num dos bancos que tinha na calçada entre o estacionamento e a rua.

ㅡ E como vai funcionar amanhã? ㅡ Coloquei uma perna dobrada em cima do banco e a outra deixei balançando.

ㅡ O lugar é aberto, o palco é enorme, o local para o público é grande e sempre lota. É quase como um show. A CA daqui é muito bem vista e também muito concorrida. É quase como um feriado. O comércio ainda abre, mas metade da cidade vem apreciar o festival e assistir o espetáculo. Cada turma da CA dança uma vez, como a sua, por exemplo, e no final todos dançam juntos a coreografia que temos ensaiado. ㅡ Assenti tomando o sorvete.

ㅡ Você vai dançar com qual turma?

ㅡ Com a que eu dou aula. O street avançado dois. Você está no street avançado um.