Eram quase oito da noite e eu estava fazendo de tudo para conseguir administrar o salão da cafeteria sem surtar e sem demonstrar o quão desanimada eu estava.
A situação com a minha mãe me deixou extremamente para baixo. Sem contar com o fato de eu ainda me sentir insegura. Tudo isso resultou no meu ótimo humor indo por água a baixo.
Isadora não estava ajudando em nada, como quase sempre, e, para melhorar tudo, soltava um comentário sarcástico a cada vez que passava por mim. Seria totalmente justificável se eu tivesse um surto e quebrasse tudo ali. Ou não... Acho melhor eu continuar trabalhando mesmo. Preciso muito desse emprego.
ㅡ Ai, Sophia, anima vai. ㅡ Carol balançou os meus ombros. ㅡ Hoje é dia de pagamento, lembra? E amanhã é sábado, o que quer dizer que você não trabalha. Se anima, sorri.
ㅡ Eu juro que estou tentando me animar. ㅡ Voltei a focar minha atenção no café do cliente.
ㅡ Hm... Agora sim você se anima. ㅡ Seu comentário me deixou confusa. Olhei para ela e percebi que ela olhava na direção da porta da cafeteria. Me virei na mesma direção e abri um sorriso involuntário quando vi Trevor entrando. Ele também sorriu para mim e isso meio que melhorou um pouco as coisas. ㅡ Meu Deus, parecem até a dona Florinda e o professor Girafales. Só falta tocar aquela música.
ㅡ O que?
ㅡ Nada. Vai lá. ㅡ Ela tomou o meu lugar e continuou fazendo o café. ㅡ Vai atender o seu namorado bonitão.
Ri dela falando e me virei para sair de trás do balcão, mas parei no lugar quando Isadora pegou as comandas antes de mim.
ㅡ Pode deixar comigo. ㅡ Ela sorriu da maneira cínica que só ela sabia.
ㅡ Ei... ㅡ Carol chamou sua atenção e ela olhou para nós. ㅡ Acho que a Sophia pode atender o namorado dela.
ㅡ Namorado? ㅡ Isadora arqueou uma sobrancelha.
ㅡ O que está acontecendo aqui? ㅡ A chefe apareceu e eu já me virei para voltar para o meu lugar. Se a chefe aparecia, significava que a Isadora iria se dar bem, então... Paramos de tentar discutir.
ㅡ Nada, eu só vou atender um cliente. ㅡ Isadora sorriu contente e seguiu pelo salão até a mesa onde Trevor estava sentado. Ele tinha o notebook aberto em cima da mesa.
ㅡ Muito bem, Isa. Continue assim. ㅡ A chefe sorriu de maneira orgulhosa e Carol fez uma careta para ela. ㅡ E vocês? ㅡ Nos olhou. ㅡ Não tem trabalho a fazer? ㅡ Nós não a respondemos, então ela voltou para a parte de trás do café.
ㅡ Isa? Essa mulher tem muita intimidade com essa garota. ㅡ Carol fez uma careta, colocou o café que estava fazendo sobre a bandeja e me entregou. ㅡ Faltou pouco para eu não dar com esse café na cara dela.
ㅡ Hoje é dia de pagamento. ㅡ A lembrei e ela respirou fundo fechando os olhos.
Fui até o salão segurando a bandeja e entreguei o café para o cliente que estava sentado uma mesa depois do Trevor. Isadora ainda estava o atendendo quando passei de volta para o balcão.
A noite se seguiu. Passo para lá, passo para cá, atendo pedidos, levo a conta, recebo gorjetas, respiro fundo pra não socar ninguém... Quando a hora do café fechar estava quase chegando, tirei o meu avental e bebi um pouco d'água.
ㅡ Por que a Isadora ainda está aqui? ㅡ Perguntei para Carol com uma careta. ㅡ Ela, geralmente, não vai embora bem antes do horário?
ㅡ É, mas o Trevor ainda está aqui. Não percebeu que a cobra correu para atendê-lo a noite toda? Ela não vai embora até que ele vá. E cuidado em, é capaz dela seguir ele até o carro igual uma maníaca. ㅡ Eu ri na hora, mas sabia que era bem possível. O que me deixava tranquila era o quanto eu confiava no Trevor. Era nítido como ele tentava chamar a minha atenção, mas a Isadora voava na minha frente.
Trevor pediu a conta e ela foi correndo novamente. Ele pagou, juntou suas coisas e saiu da cafeteria. Não demorou nem três segundos e Isadora estava saindo também com sua bolsa e um sorriso no rosto.
ㅡ Deixa que eu fecho hoje. ㅡ Carol tocou meu ombro. ㅡ Ele deve te esperar para te levar pra casa. Pode ir. ㅡ Assenti e fui até os fundos. Tirei o meu uniforme, peguei a minha mochila e saí da cafeteria. Parei na porta quando vi Trevor encostado em seu carro com os braços cruzados e a cabeça baixa. Isadora estava na frente dele. Nenhum dos dois havia me notado.
ㅡ O que você me diz? Garanto que vai se divertir muito. A festa acaba tarde, mas você pode dormir lá se quiser, tem um espaço no meu quarto. ㅡ Ela sorriu. Trevor ergueu o rosto e olhou para ela.
Ele bufou, se desencostou do carro e saiu de perto dela. Trevor deu a volta na frente do carro e abriu a porta do motorista.
ㅡ Trevor? Não vai me responder? O que ta fazendo?
ㅡ Vou esperar a minha namorada dentro do carro. ㅡ Ele colocou um pé para dentro do carro, mas ela chamou a atenção dele novamente.
ㅡ Espera! ㅡ Ele a olhou por cima do carro.
ㅡ É sério? Podendo sair comigo, você prefere ficar com a Sophia? ㅡ Apertei o meu maxilar e fechei minha mão. Aquilo era inacreditável.
ㅡ Não entendi a sua pergunta. ㅡ Trevor franziu as sobrancelhas. ㅡ Ta querendo dizer que eu deveria trocar a Sophia por você? ㅡ Ele riu abaixando a cabeça e apoiando o braço sobre o teto do carro. ㅡ Olha, seja lá qual for o seu nome, eu não devo te dar satisfação, mas para que você entenda e pare de ficar fazendo isso que está fazendo, quero deixar bem claro. Eu não troco a Sophia por ninguém nesse mundo. Quando eu venho aqui, é porque to com saudades e quero vê-la. Sei que é o seu trabalho, mas, se puder, faça a gentileza de deixar que ela me atenda da próxima vez. ㅡ Ele entrou no carro.
Isadora ficou uns segundos encarando o carro parecendo desacreditada, mas logo saiu andando pela caçada.
Desci do degrau da porta e andei pela calça. Trevor olhou para mim pelo retrovisor e saiu do carro quase que na mesma hora. Tudo para que? Para dar a volta e abrir a porta para mim.
ㅡ Ta tudo bem? ㅡ Perguntei antes de entrar no carro.
ㅡ Sim, minha linda. Você quem não parece muito bem. ㅡ Ele acariciou o meu braço e eu abaixei a cabeça. ㅡ Quer conversar? ㅡ Concordei e nós entramos no seu carro.
O veículo ficou em silêncio por alguns segundos até eu tomar coragem de falar. Eu estava com medo de falar? Não, só que o desânimo que eu estava me fazia não querer falar sobre o que aconteceu. Não sei explicar, é só que quando estou desanimada, prefiro ficar em silêncio.
ㅡ Minha mãe apareceu no estúdio hoje. ㅡ Trevor arregalou os olhos.
ㅡ O que? Ela... Te fez alguma coisa? ㅡ Virou-se para mim preocupado.
ㅡ Não, ela só ficou falando que sentia muito e que estava com saudades de mim. Disse que me amava e que se arrependia. ㅡ Segurei minhas mãos em meu colo.
ㅡ Acha que é verdade?
ㅡ Não. ㅡ Balancei a cabeça. Abaixei o meu rosto e me peguei chorando. Eu estava segurando tanto as minhas emoções durante o dia que desabei ali sem nem perceber.
ㅡ Sophia... ㅡ Trevor me puxou para ele e me abraçou, me deixando chorar em seus braços. ㅡ Não fica desse jeito. Parte meu coração.
ㅡ Desculpa... ㅡ Minha voz saiu trêmula. ㅡ Eu só quero ter paz. Só isso. ㅡ Olhei para ele com olhos embaçados pelas lágrimas. ㅡ Eu sou muito insegura, Trevor. Qualquer comentário negativo de qualquer pessoa que seja, me abala. E acho que isso é por conta do que sofri com a minha mãe. Ela me fazia sentir que eu não servia para nada e eu carrego isso comigo até hoje. Eu não sei o que fazer... ㅡ Abaixei a cabeça e chorei mais. Trevor tocou a parte de trás da minha cabeça com a sua mão e me deixou ficar ali. ㅡ Como eu faço pra superar o meu passado? ㅡ O olhei novamente.
ㅡ Eu não sou nada bom com essas coisas. Mas, acho que o melhor jeito de superar é... Enfrentar. ㅡ Ele me observou por uns segundos e tocou a minha bochecha com a sua mão. Fechei os meus olhos e deixei que ele me beijasse. Seus beijos me faziam esquecer tudo e eu queria muito poder esquecer tudo por alguns segundos.
•••
Continua...
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Te Pedi para a Estrela Cadente
Romance" Era brincadeira, né? Só podia ser coincidência um cara de um estúdio de dança da Califórnia aparecer no estúdio que eu faço Ballet, logo após eu pedir para uma estúpida estrela cadente que o meu amor apareça logo! " Sophia está na melhor e mais or...