O domingo chegou e com ele a nossa volta para a cidade. Surpreendentemente, o dia amanheceu chovendo e frio, novamente. Pareceu até que a Íris tinha feito um feitiço para fazer sol nos dois dias que estávamos ali e depois o tempo podia voltar ao normal.
Nos despedimos dos avós do Patrick e entramos no carro. Eu e Trevor não conversamos desde ontem e eu não sabia se queria. Fui o caminho inteiro com o fone no ouvido ouvindo músicas tristes que não ajudariam em nada.
Voltamos para a cidade mais rápido do que percebi. A chuva ainda caía com insistência lá fora e eu comecei a tossir. Já tinha acordado com a garganta ruim e dei uns espirros a noite, mas agora parecia que eu realmente estava ficando gripada. Ótimo. Tudo o que eu precisava.
Tossi boa parte do caminho, o que fez eles logo perceberem que eu estava mal e me deixaram na minha casa primeiro.
ㅡ Toma remédio, amiga. ㅡ Íris disse após eu sair do carro. A chuva tinha dado uma amenizada, mas ainda estava chuviscando. ㅡ E descansa. Bebe bastante água.
ㅡ Ta bom. ㅡ Acenei para eles. Dei um último olhar a Trevor antes do carro partir e suspirei assim que me peguei sozinha na frente do portão da minha casa.
Entrei quando senti a chuva apertando e precisei correr pelo quintal para chegar à porta. Entrei em tempo de ouvir as gotas pesadas caindo lá fora. Encarei a minha casa sentindo a garganta doer, o nariz entupir e o coração em pedaços. Na verdade, parecia que um pedaço do meu coração já não estava mais comigo. Estava naquele carro indo para longe.
Me desencostei da porta após tranca-la e fui tomar um banho. Vesti um pijama mais quentinho e procurei por algum remédio. Não encontrei. Eu não ficava doente com frequência, então não costumava ter medicamentos em casa. Deveria ter, eu sei.
Subi para o meu quarto e me sentei na cama. A chuva ainda caía forte lá fora e molhava a minha janela. Tentei encomendar um remédio na farmácia, mas o motoboy não conseguiria trazer enquanto a chuva não melhorasse, então deixei para lá.
Me deitei na cama ainda com o celular em mãos e abri o vídeo da coreografia que fiz no sítio ontem. Assisti umas vinte e três vezes antes de decidir que o final poderia ser melhor e me levantei. Com meias de Van Gogh nos pés, me posicionei na frente do espelho e tentei melhorar o final da dança.
ㅡ Pan, pan, gira, pan, desce, braço... ㅡ Tentei coordenar meus passos, mas meu corpo estava pesado. Estava com os passos na cabeça, mas não conseguia reproduzi-los sem parecer que estava carregando um saco de cinco quilos de arroz em cada ombro. ㅡ Droga...
ㅡ Sophia! ㅡ Franzi as sobrancelhas quando ouvi alguém chamar por mim. O grito foi meio abafado por conta da chuva e, por isso, pensei ter sido coisa da minha cabeça. ㅡ Sophia! ㅡ Ouvi de novo. Era o Trevor??
Desci as escadas correndo, quase voando, e destranquei a porta da sala quando vi um reflexo no vidro redondo que tinha na minha porta cor de rosa. Não foi eu, ela já era desse tom rosa pastel quando aluguei.
A visão que tive quando abri a porta foi de um Trevor com as roupas respingadas pela chuva e um sorriso sem graça no rosto. Ele também tinha uma sacola de papel nos braços.
ㅡ Trevor, o que... O que faz aqui? ㅡ Dei espaço para que ele entrasse e fechei a porta para deter o vento gelado que entrava. Ele tirou o seu tênis e deixou a sacola sobre a minha mesa. Minha pequena mesa, comparada a da casa dele. Minha nossa, minha casa é minúscula, ele deve estar se sentindo numa gaiola.
ㅡ Te trouxe remédios. ㅡ Olhei para ele sem acreditar que ele tinha vindo até aqui na chuva só para me trazer remédios.
ㅡ Mas... Ta chovendo... ㅡ Abracei os meus próprios braços e lembrei que estava vestindo um pijama branco de coraçõezinhos.
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Te Pedi para a Estrela Cadente
Romance" Era brincadeira, né? Só podia ser coincidência um cara de um estúdio de dança da Califórnia aparecer no estúdio que eu faço Ballet, logo após eu pedir para uma estúpida estrela cadente que o meu amor apareça logo! " Sophia está na melhor e mais or...