XXVII

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P.O.V Esther.

    - Adeus Eric...

   Me viro e saio pela porta a fechando atrás de mim. Sozinha no corredor eu me encosto na porta e choro compulsivamente.

   Coloco as mãos na boca para abafar o som dos soluços, enquanto deixo toda a magoa e dor sair.

    Ele não ama... Não desistiu de mim... Ele não me  quer mais... Vai se casar com ela, beija-la, ama-la... Ela será a mãe dos seus filhos e eu?

   Eu serei apenas uma lembrança em sua mente, se é que ele algum dia irá se lembrar de mim. Cravo as unhas na madeira da porta sabendo que do outro lado está meu coração, minha vida... O único homem que eu já amei...

    Não posso mais ficar, ele me mandou ir, reúno forças que nem sabia que tinha para me agarrar a mala e seguir para o elevador.
   
   Comigo estão apenas uma mala, estou apenas levando o que é necessário para que eu possa chegar ao meus destino. Não vou levar daqui, não quero nada daqui.

    Eu tenho raiva de tudo, foi o maldito luxo e poder que seduziram Eric... Que fizeram ele me abandonar.

   Se eu não posso ter ele, então não quero nada aqui...!

   As portas do elevador se abrem e sigo para o Hall do prédio abrindo as portas sentindo o vento gelado bater em meus rosto.

    - Boa noite senhorita. - Uma voz chama minha atenção.

   O reconheço como um dos seguranças da Salazar.

   - Boa noite. - Franzo o cenho.

   - O senhor Devan me mandou, para leva-la. - Aponta para o prédio.

    Ele pensou em tudo... Nunca teve nenhuma chance de eu convence-lo, estava tudo arrumando.

    - Ah é? E Vai me levar para onde? - Pergunto suspirando.

    - Para o aeroporto senhorita. - Responde. - Se me permite... - Pega minha mala a colocando no porta malas.

    Olho para atrás vendo o prédio e me lembrando de todos os momentos que vivi ali, bons e ruis, felizes e triste... Seco uma lágrima que desceu pelo meu rosto e sigo para o carro que já estava me esperando... O motorista abre a porta para mim e suspiro olhando para seu anterior antes de entrar.

     - ESTHER...

   Ouço meu nome e franzo cenho virando para a rua, fico surpresa em ver Nadia correr do fim da rua e parar na minha frente ofegante pela corrida.

     - Nadia? - Pergunto surpresa.

    - Eu vim me despedir... - Me olha com os olhos marejados. - Eu queria te pedir para não ir, para ficar aqui conosco... Comigo, mas sei que sua vida depende disso. Então vim ao menos me despedir...

    Fecho os olhos respirando fundo... Ele também disse a mesma coisa, que era para me proteger, para que ninguém pudesse tirar minha vida mas o que eles não entendem, é que sem Eric não existe vida para mim.

    - E acredite que eu queria ficar... Ficar aqui... Com ele... Estava disposta a tudo mas ele não... - Olho para o prédio. - Eu... Eu sinto muito por ter que ir.

     - Ele está... Acredite, principalmente a te proteger de tudo. Você é a melhor coisa que aconteceu na vida do meu irmão, é a razão dele... Ele jamais te deixaria ir se tivesse outra opção. - Deixa as lágrimas caírem. - E nem eu. - Soluça. - Mas eu sei que você vai voltar, sei que ele vai resolver isso e te trazer com o triplo de força, você vai estar no seu lugar que é o de primeira dama, ao nosso lado.

     A esperança em seus olhos deixa minha alma é mais tranquila. Porém essa falsa segurança dura apenas alguns segundos.

   Eu não posso me deixar levar mais, não posso criar falsas esperanças que vão me levar a esse fundo do poço mais uma vez.

    Não tem mais volta!

   Baixo o cabeça não querendo mais discutir esse assunto.

   - Você foi a melhor chefe que eu já tive... - Sorrio. - A mais exigente, a mais difícil, a mais surtada... - Sorrio entre lagrimas. - Mas a mais especial...

    - Você é como uma irmã pra mim, Esther... E não sabe como é difícil conseguir este posto no meu coração, só Angel havia conseguido antes de você - Sorrir emocionada entre lágrimas. - E eu ganhei mais uma... - Seca as lágrimas com as costas da mão e suspira. - Você sempre me ajudou em tudo, sempre fez o que podia e até o que não deveria... -  Ergue o dedo. - Para me acalmar... E suportou o pior de mim sem me julgar ou me odiar, nunca me chamou de megera embora eu merecesse e nem me abandonou. Você aguentou o pior dos Devan e nos amou da mesma forma... Isso vale ouro.

   E o que eu ganhei? Rejeição e humilhação, eu sei o melhor que eu tinha para essa família e no fim sai destruída.

    - É uma pena que isso não adiantou... - Digo baixo. - Nunca vou te esquecer... Você sempre terá uma lugar especial no meu coração. - Abraço forte.

    - Não é a última vez que nos vemos... - Me aperta mais em seu abraço. - Você vai voltar, eu garanto, e eu vou estar aqui te esperando pacientemente... Nem tão pacientemente assim mas vou estar esperando. - Garante.

   Sorrio e desfaço o abraço a olhando pela última vez para gravar na memória seu rosto Angelical. Me viro para o carro e mas paro me apoiando na porta e a encaro de novo.

    - Muricalm...

    Ela franze o cenho e me encara.

    - O que?

    - É nome do calmante que eu colocava no seu café... E eu te machava sim de megera... Mas você é a megera mais doce que eu já conheci. - Sorrio entrando no carro. - Adeus Nadia.

    - Até breve, Esther... - Me corrige. - E eu vou anotar o nome e comprar um estoque

    O segurança fecha a porta para mim e segue para o banco do motorista, dando partida... Deixando minha vida toda para trás.

    - Ao seu lado está seu passaporte e um cartão de embarque senhora... Seu vôo é as 23:30... - O homem me informa.

    Pego os papeis surpresa por ver meu passaporte, Eric fez questão de que eu entregasse a ele para que pudesse guarda... Na verdade eu sempre soube que ele só queria esconder meus documentos para que eu não pudesse fugir.

   Tanto trabalho e esforço para não me deixar ir e no final ele mesmo me mandou embora. 

    Pego a passagem e encaro o destino passando as mãos pelo nome sem conseguir controlar mais as lágrimas que já se acumulavam no cantos dos meus olhos.

      "ESPANHA..."

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