XXIX

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P.O.V Esther.

    Já passava das oito da noite quando eu saio do táxi e atravesso a rua carregando minha mala, ainda é o mesmo lugar... Com os mesmo prédios, mesmas placas, é tudo igual.

   Paro em frente ao prédio de cor bege, que está um pouco mais velho e com a pintura gasta mas ainda é a casa da minha mãe... Minhas mãos soam, da última vez que estive aqui eu fui arrancada de casa...

   Olho para o lado e consigo ver com exatidão o carro que me levou como se ele estivesse aqui na minha frente. Era vermelho, um Mustang Hard Top 66...

   Fui jogada no banco de trás enquanto gritava e chorava e ninguém veio me ajudar.

   Balanço a cabeça em negativo, para dissipa a visão e afasta as lembranças ruins. Respiro fundo e entro no prédio... Pelo horário já não tem ninguém na portaria para me ajudar com a mala.

    Como não tem elevador tenho que fazer um esforço tremendo para subir até o quinto andar de saltos carregando a mala.

    Tento puxar o ar ofegante por ter subido todos esses lances de escadas, sigo pelo corredor vendo os números e só então vai me batendo o medo e desespero.

   Será que ela ainda mora aqui? Será que se mudou depois do que houve? Será que ainda esta viva? Será que ela quer me ver?

   As perguntas martelam em minha mente e engulo em seco sentindo minha garganta arranha.

   Levanto a mão e paro por um momento pensando em desistir. Porém para onde eu iria? Não posso ficar sozinha... Eu preciso dela.

    Tomo coragem e bato três vezes na porta.

   - Solo un momento... - A voz sai lá de dentro e me faz prender a respiração.

   Alguns segundos se passam e a porta é aberta. Não digo nada e ela também não. Lentamente seus olhos se arregalam enquanto a cor some do seu rosto e ela solta o livro que estava em sua mão fazendo um barulho.

    - Oi mamãe... - Digo baixo.

  Seu peito sobe e desce enquanto seus olhos brilham pelas lágrimas.

    - Esther... - Sussurra e da alguns passos em minha direção tocando meu rosto.

   Como se quisesse confirma que sou real e não apenas uma miragem.

    - Sou eu mamãe... Eu voltei... - Digo com voz embargada.

   Ela solta um suspiro alto e me abraça forte e apertado.

   - Ah dios mio... Você está aqui, você voltou para mim... Está aqui comigo... Eu não posso acreditar. - Digo chorando sem me soltar nem um segundo.

    - Sim mamãe...

   - Mi hija. - Beija meu rosto com seus lábios salgados pelas lágrimas que se misturam para as minhas.

    - Esta tudo bem mami... Eu estou de volta e nunca mais vou embora...

    - Nunca mais... - Balança a cabeça. - Mas... Mas como? Eu te procurei por toda parte, o que aconteceu com você?

   Suspiro cansada só de lembrar tudo que houve...

   - É uma longa... Longa... Longa história mami...

   - Venha vamos entrar, está frio aí fora. - Me puxa para dentro.

   Deixo a mala no canto da porta e respiro fundo olhando em volta, não mudou nada... Ainda está exatamente como da última vez... Tiro meu casaco e a entrego para que guarde e me sento no sofá...

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