Presente de Grego

Alétheia

Alétheia (lit.):
Significa verdade em grego, no sentido de desvelamento, descoberta, exposição. Para os antigos gregos designava a verdade e a realidade simultaneamente.

Point Of View Charlotte

Engfa dormindo é a coisa mais linda do mundo. Deve ter uns 20 minutos que me despertei e estou a observando. Observando atentamente sua respiração calma e os jeitos e trejeitos de seu rosto. Sua testa com pequenas rugas de preocupação, que atestam seu sono agitado, as pálpebras fechadas... Meu Deus, com toda a certeza do universo são as pálpebras mais bonitas do mundo! Suas bochechas que dão vontade de apertar, e sua boquinha formando um bico que me dá vontade de beijar. Eu estou apaixonada por Engfa. Estou apaixonada pela minha melhor amiga e não há verdade mais absoluta que essa. Provavelmente estou parecendo uma maniaca em encara-lá por tanto tempo, mas eu realmente não me importo, Engfa dormindo é minha mais nova religião.

- Lotteeee. - A escutei me chamar baixinho e fiquei parada, ela ainda estava dormindo apesar de ter falado - Não vai embora, Lotte, por favor. - Balbuciou desesperada e só aí eu percebi que ela estava sonhando, ou no caso, tendo um pesadelo irreal sobre eu ir embora da vida dela.

Me aproximei de seu corpo pequeno e beijei sua testa, a abraçando e ninando.

- Eu tô aqui, P'fa. - Sussurrei em seu ouvido - Eu nunca vou sair daqui.

Ela pareceu se acalmar e inconscientemente, colocou seu rosto perto do meu pescoço, suspirando.

Meu Deus, eu estou completamente apaixonada por Engfa. Sorri frente ao meu pensamento, lógico que eu já sabia que a amava, óbvio que durante toda essa viagem eu tive essa certeza, é só que essa é a primeira vez que eu penso que sou apaixonada por ela em terras reais. Com nossas melhores amigas e família por perto. A amo de forma real e concreta. A amo e quero passar o resto da minha vida me apaixonando por ela. Não sei em que momento eu adormeci, só sei que tê-la nos meus braços fez com que meus sonhos fossem um misto de sorvetes e algodões doces.

Senti beijos espalhados pelo meu rosto e cheiros dados em meu pescoço, caramba eu poderia me acostumar em ser acordada assim.

- Eu sei que você tá acordada, gasparzinho. - Sussurrou em meu ouvido e não houve um poro sequer no meu corpo que não se arrepiou. Sorri e ganhei um selinho de presente. - Acorda, meu amor. - Falou perto da minha boca e, ao invés de abrir os olhos, busquei seus lábios com os meus.

Engfa se deitou por cima de mim e continuou espalhando beijos.

- Você vai ficar de olho fechado pra sempre? - Perguntou já com tons de impaciência.

- Acho que não tô preparada pra te olhar, eu provavelmente vou morrer de amor.

Minha fala arrancou uma risada gostosa dela, que fez meu coração ficar quente de amor. Saco de garota perfeita!

- O que eu falei de tão engraçado, Waraha? - Abri meus olhos lentamente e fiz carinho com as pontas dos dedos em suas bochechas.

- Só é engraçado, linda - Beijou meu rosto e deitou em meu peito. - É engraçado que nem nos meus maiores sonhos eu te imaginava tão breguinha assim.

Ignorei a implicância em sua frase e revirei os olhos, fazendo-a rir de novo, porque obviamente, mesmo sem ver meu rosto nesse momento, ela sabia exatamente a minha reação. E sabia também que eu só reagi assim por causa dos anos de convivência com ela, a rainha da revirada de olho.

- Então quer dizer que você sonha comigo? - A questionei implicando e lembrando de seu sonho de mais cedo.

- Não né, modo de dizer - Disse enquanto se posicionava de uma maneira que permitisse que me enxergasse. Ergui as sobrancelhas pronta pra rebater.