Zelos

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Zelos (s.m):
1. Na mitologia grega é o deus da rivalidade, da grandeza e do entusiasmo. Ele é o furor da guerra, filho da oceânide Estige e do titã Palas;
2. Associado ao conceito de ferver, fermentar;
3. Zelo, ardor, ciúme.

Point Of View Engfa

Depois de dividir o pôr do sol de Mykonos, Charlotte e eu resolvemos conhecer a principal atração atual da ilha: as festas. Mykonos é a ilha grega mais famosa pelas baladas que acontecem em Paradise e Super Paradise Beach, e como era nossa única noite na ilha, decidimos aproveitar e nos permitir. Acabamos indo pra Paradise conhecer a Tropicana, a balada mais antiga e tradicional de Mykonos. Super Paradise tinha as festas mais badaladas hoje em dia, mas nós não queríamos multidão demais também, ficávamos felizes só em aproveitar a noite grega juntas.

Chegando na tal festa, ficou claro que balada era balada, em Miami ou na Grécia. Música pop eletrônica, corpos em movimento e álcool. Não tinha muita coisa de diferente das nossas festas, tirando o fato de que estávamos vivendo um sonho. Charlotte estava radiante, emanando alegria por todos os poros. Mais linda do que nunca. E eu estava feliz só em ver ela feliz.

- Vem, P'fa! Vamos aproveitar a noite antes da gente precisar voltar pro navio! - Logo fui tirada dos meus devaneios por ela, que me arrastava em direção ao bar.

- Lotte... Vai devagar com o álcool, isso não vai prestar...

- A gente tá na Grécia juntas. Não tem como não prestar!

...

Quarenta minutos depois eu estava diante de uma Charlotte completamente bêbada, segurando a quarta piña colada em uma das mãos, enquanto usava a outra pra me arrastar do bar pra pista de dança. Não que eu estivesse sóbria, longe disso. Eu também tinha abastecido meu copo todas as vezes que minha melhor amiga me arrastou pro bar pra encher o dela, mas ela tinha menos costume de beber do que eu. Numa dessas idas ao bar, reparei em uma das garotas servindo drinks no balcão. Morena dos olhos azuis, o longo cabelo preso em um rabo de cavalo meio de lado, lhe dando um ar rebelde de quem estava usando seus próprios recursos pra quebrar secretamente as regras da empresa aonde trabalhava (já que todas as outras bargirls usavam o rabo de cavalo certinho) e pra completar, o sorriso travesso que ela exibia a todos os clientes que se aproximavam do bar. A mulher era um espetáculo.

- Puta que pariu!

- Que foi, Engfa? - Lotte me questionou confusa.

- Lembra que eu te disse em Atenas, que era difícil ser comprometida na Grécia? - Ela fez que sim com a cabeça. - Pois então. É muito difícil ser comprometida na Grécia.

- Ué, eu já te disse que não vou te impedir de nada não. - Ela disse com a voz meio arrastada e em um tom que não consegui decifrar muito bem, mas que me pareceu forçadamente animado, seguindo meu olhar em direção à garota do bar. - Aquela ali? - Acenei afirmativamente. - Vem, vamo encher o copo de novo.

Point Of View Charlotte

Não sei definir o que senti quando a P'fa assumiu que estava interessada na garota do bar. Um misto de sensação de perda, com vontade de levar ela embora dali, escondê-la só pra mim e remorso por estar sentindo tudo isso que nem nomear eu sabia. Nunca senti isso por ninguém e tive medo de mim mesma. Por isso fiz a única coisa lógica que poderia fazer e agi como a boa amiga que eu era, criando chance pra Engfa poder conversar com a garota enchendo meu copo a cada 5 minutos. Pelo menos foi o que fiz no começo, antes de ficar completamente bêbada, graças aos vários drinks em um curto espaço de tempo.

Numa das idas ao bar, me irritei de verdade com a presença da garota, porque Engfa não parava de lhe lançar sorrisos brilhantes, flertando com ela através do olhar. Arrastei a mais velha pra pista de dança na tentativa de afastá-la do bar e a pequena se jogou no ritmo da batida empolgadissima. Não sei se era a atmosfera da viagem, a quantidade de álcool que eu já havia ingerido ou os sentimentos que vem me confundindo nas últimas semanas, mas nunca tinha reparado no quanto ela é sexy quando move os quadris de acordo com a música e sem tirar os olhos dos meus. Provavelmente não é certo pensar no quanto minha melhor amiga fica sexy quando dança, muito menos sentir uma vontade louca de apertar ela entre meus braços, beijar seu pescoço até fazê-la gemer baixinho em meu ouvido antes de chupar seus lábios até deixá-los dormentes e inchados. CA-RA-LHO! O que é que tá acontecendo comigo? Engfa ainda dançava, alheia ao turbilhão de desejo que despertava em mim e agora de costas, me dando uma visão privilegiadíssima de sua bunda.

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