Aoristo

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Aoristo (v.):
Forma aspectual e temporal do verbo grego antigo, que expressava a ação pura, sem determinação quanto à duração do processo ou ação ou ao seu acabamento.

Point Of View Engfa

A maioria das pessoas não cultivam sonhos por muito tempo. Os sonhos costumam ser classificados em os utópicos e os possíveis, a maioria dos sonhos possíveis são rápidos de serem realizados, ou são sonhos profissionais. Mas os sonhos utópicos, eles costumam mudar o tempo todo.

É raro pessoas que cultivam o mesmo sonho por anos, sem perder a fé, o desejo, a vontade. O motivo pelo qual se sonha costuma mudar com a idade, maturidade, com a própria mudança da vida, mas não o meu sonho. Não o nosso sonho.

Charlotte tomou posse da minha brincadeira/sonho como se fosse dela, e de fato se tornou dela. Talvez se não fosse por toda sua empolgação eu teria deixado pra lá essa coisa de criança, mas ela levava tão a sério. Ela sabia dos mitos gregos, das histórias, pontos turísticos, ela simplesmente embarcou na loucura e talvez no meio do processo tenha ficado mais insana que eu.

Não sei porque eu ainda me impressiono, considerando que Lotte embarca em todos os pontos da minha vida, mas o seu carinho para com aquilo que originalmente é meu, sempre me encanta. Hoje em dia, eu realmente não sei diferenciar onde eu começo e onde ela termina e isso é sem dúvidas nenhuma um alento no meio de um mundo que as vezes me tira a paz.

A questão é que o sonho parece surreal até se tornar verdade e agora que estávamos muito próximas de viver o sonho, eu simplesmente não tinha ideia do que fazer. Caramba. Eu vou pra Grécia. Com a Charlotte. A mais nova me encarava sorrindo, com os dentes e com a alma. Meus olhos se encheram d'água e eu a abracei forte, muito forte, talvez mais forte do que deveria.

- Ei o que foi? - Ela perguntou sentindo minha respiração descompassada.

Balancei a cabeça em negação. Eu não sabia o que era, só sabia que aquele era o melhor dia da minha vida. E provavelmente o primeiro de muitos outros melhores dias. Não era só realizar o meu sonho, era realizar o sonho do lado da minha pessoa, aquela que eu conhecia de trás pra frente e a quem eu me deixei ser conhecida por completo. Todo o concurso serviu pra me mostrar que Charlotte era parte integral e necessária da minha vida, e ao me dar conta da realidade inegável de que a minha vida perderia todo o sentido se ela não estivesse presente, senti um medo que eu nunca tinha sentido antes tomar conta dos meus sentimentos.

Meu coração acelerou e a britânica dava pequenos gritinhos estridentes em forma de comemoração, completamente alheia ao turbilhão de sentimentos que passavam dentro de mim, do que diabos eu estava sentindo medo? Não faz sentido, eu deveria estar apenas feliz. Droga de sentimentos que entravam em conflito. Charlotte é minha melhor amiga e nós vamos pra Grécia, isso é tudo que eu deveria me focar.

- P'fa - Ela me chamou, interrompendo o abraço e olhando no fundo dos meus olhos. - Que foi? - Perguntou preocupada depois de perceber que meus olhos estavam cheios d'água.

Eu não conseguia falar, nem pensar, eu sentia tanta coisa ao mesmo tempo que meu cérebro não conseguia produzir palavras.

- Fala alguma coisa, pequena. - Apertou minhas bochechas e segurou meu rosto com ambas as mãos. - NÓS VAMOS PRA GRÉCIA! - Ela gritou me fazendo sorrir.

- Eu não tenho roupa - Foi a única coisa que consegui pensar e arranquei uma gargalhada de Charlotte.

Nós decidimos contar pra todos que nos apoiaram somente no dia seguinte, talvez pra nos acostumar com as ideias e ler todas as informações. Daqui duas semanas teríamos o compromisso de tirar algumas fotos para o catálogo do dia dos namorados e depois embarcariamos em um avião rumo a Grécia, de lá pegariamos o Cruzeiro que ficaria 8 dias no mar, nos dando a oportunidade de conhecer todo o litoral grego: UM VERDADEIRO SONHO.

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