LIBERDADE

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MAGHIE

Para a surpresa do total de zero pessoas, estou atrasada para aula. Corro o mais rápido possível para não me atrasar ainda mais - se é possível -.

Foi ao decorrer dessa corrida contra o tempo que dei de cara com minha queria diretora e quase esbarrei nela.

- Desculpa diretora - Tento formular essa pequena frase, o que parece ser impossível pois meu peito não parece funcionar.

- Atrasada de novo senhoria Maghie?!

- Se me der licença, tenho que ir até a sala para não me atrasar mais. Não é mesmo? - Sorrio e aponto para o local que já deveria estar. Ela me deixa passar e vou andando em direção ao meu destino.

- Espera um momento Maghie! - Escutei sua voz e me virei para saber o que ela queria. - Não acha que essa calça é inapropriada para a escola?

Olhei para minha calça e me avaliei. Não tem nada de mais nela, apenas alguns rasgados nos joelhos.

- Não - fui sincera.

- Sinto muito, mas vai ter que voltar e trocar isso daí - Ela aponta para minha calça com desprezo - Sabe o quanto nossa escola é prestigiada, não se deve andar de qualquer forma por ela.

Me esforço para não insultar ela em todas as línguas existente no planeta. Tenho certeza que quando essa vaca acorda, se pergunta: "Como vou fazer para arruinar o dia da Maghie hoje?".

- O quê?! Não tem nada de escandaloso na minha calça - Me defendo - Tem gente que usa coisa pior!- Tento ser paciente.

- Isso é contra as regras da escola - Ela tirou isso dá onde? Poderia denunciá-la por abuso de poder. Ok, posso ter sido dramática agora, mas isso é injusto. - Quer que eu ligue para os seus pais? - A diretora pergunta.

- Se é contra as regras da escola, acho que a senhora também deveria avaliar seu próprio decote.

Quando fui ver já tinha falado, mas não tem como voltar a trás. Ela me olha com o semblante assustado e furioso.

- Já chega Maghie! Vai pagar detenção de um dia por esse mal comportamento e depois limpar a área da piscina - Ela decreta nervosa.

Não quero mais problema, então apenas aceno a cabeça e vou em direção a sala de aula. Com raiva, mas vou. Ela ficou tão chocada com minha resposta que esqueceu da calça. Pelo menos isso.

De longe pude sentir o cheiro de álcool misturado com cloro. Há latinhas espalhadas por toda arquibancada. Suspiro ao descobrir que não será uma tarefa fácil.

Coloco minha mochila de lado e vou em direção aos acentos. Me vejo parada olhando aquela sujeira com as mãos na cintura tentando, de algum modo, tomar coragem para começar.

- Ok... eu tenho que realmente pensar antes de falar - penso em voz alta.

Tiro alguma empolgação de dentro de mim e começo. Vou colocando todas as latas, sacolas e embalagens de comida dentro do saco preto que o zelador me deu. Procuro ser mais rápida o possível para ir embora mais cedo.

De repente ouso um barulho alto da água se movendo. Porém, ao olhar, não pude identificar quem era por estar de baixo d'água, e não me importo para olhar de novo. Só quero minha cama.

Já consegui recolher dois sacos de lixo - Fico impressionada ao ver o tanto que esse povo bebe - entretanto, - para a minha alegria, ou tristeza - falta a outra arquibancada.

É assim que Eu te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora