Coisas da Vida

O ciúme de Bruna

Heitor retribuiu o beijo e Talita começou a passar a mão em seu corpo.

– Aqui não. – disse ele – pode chegar alguém.

– Não vamos fazer nada demais. E eu prometo que faço uma boa propaganda sua para as outras meninas.

– Mas, você está com o irmão do Caio, o tal Vitor. E se ele descobrir?

– Só se você comentar alguma coisa... E, no mais, a gente está brigado desde ontem e demos um tempinho. Além disso, até onde eu sei, nós só estamos ficando, não tem nada demais.

Talita começou a beijar Heitor novamente e suas mãos seguiram explorando o corpo do novato. Ele se rendeu e começou a explorar o corpo da sua colega de turma que, percebendo a excitação do outro, disse:

– Vamos deixar isso só um pouco mais quente?

Ela se abaixou e começou a morder carinhosamente a barriga de Heitor que, animado com a situação, começou a abrir o zíper de sua bermuda quando ouviu a voz de Bruna:

– Talita, você tirou o novato de perto de mim só para ficar com ele aqui no seu carro?

***

No hospital, Vitor e Caio foram surpreendidos com a entrada de Daniela no quarto.

– Oi, meninos! Como vocês estão?

– Oi, tia! – disse os dois quase ao mesmo tempo.

Os três se abraçaram e ela foi até Rosária, que continuava dormindo serenamente.

– Acho que temos pouco tempo com nossa avó. – disse Vitor – Papai e mamãe foram na lanchonete aqui em frente e daqui a pouco voltam.

– Eu vim o mais rápido possível e deixei o Pedro em casa com as crianças.

– Nós vamos ficar aqui o quanto tempo for necessário. – respondeu o irmão de Caio.

– Eu também. Eu sei que sou agregada na família, mas eu sempre gostei muito da Dona Rosária. Podem contar comigo.

Nesse momento, os pais dos dois jovens entraram no quarto e abraçaram Daniela.

– Como vocês estão? – perguntou a irmã de Sônia.

– Deus sabe o que faz! – disse Gilberto.

– Eu estou do lado de vocês pelo que der e vier.

– Mamãe está sob cuidados paliativos e nos preparamos para ficar aqui por quanto tempo for necessário. O hospital está dando todo o suporte necessário e não temos muito a fazer além de esperar e esperar. – disse ele, sentando em uma poltrona enquanto olhava para o corpo quase sem vida da mãe.

Neste momento, o médico que acompanhava o caso entrou no quarto.

– Boa noite, Doutor Paulo. – disse Gilberto se levantando e caminhando até o profissional.

– Boa noite a todos. Nós terminamos de avaliar o quadro atual da paciente e temos uma posição sobre a condição clínica dela. O câncer está em estado muito avançado de metástase e... As próximas horas serão decisivas. Vamos realizar um exame novamente dentro de 24 horas e então teremos um novo boletim.

Gilberto abraçou Sônia e começou a chorar. Daniela abraçou os dois, os irmãos se entreolharam e depois foram em direção à avó. Cada um deles colocou uma mão sob a mão de Rosária e Vitor começou a sussurrar uma oração.

***

Talita se levantou e disse:

– Bruna, sai daqui! Você não manda na minha vida.

Heitor fechou o zíper e, sem saber o que dizer, apenas observou.

– Poxa, Talita! Eu pensei que você era minha amiga. Mas, foi só arrumar uma briga com o Vitor e já correu para ser a primeira a tirar uma casquinha do Heitor. E se fosse eu que estivesse dando em cima, ou, melhor, e se fosse eu que estivesse quase transando com o seu boy aqui no estacionamento?

– Se liga, garota! A gente não estava fazendo nada demais. Além disso, eu e o Vitor não temos nada oficial e estamos brigados. E agora, você vai fazer o quê? Vai contar para a classe toda o que aconteceu? Faz isso que eu conto para o seu pai que você pegou três meninos na festa da nossa turma e que eles brigaram por sua causa. Lembra disso? Nossa galera quase foi expulsa do prédio e teve morador querendo chamar a polícia. Lembra?

Bruna saiu caminhando e Heitor foi atrás dela.

– Hey, vamos conversar. Não estava acontecendo o que você está pensando.

– Ah, sai daqui Heitor. Depois a gente se fala. Meu problema não é com você.

Os três voltaram para o trote e as duas jovens ficaram sem se falar durante o resto da noite. Por volta de onze e meia, o grupo começou a se dissipar e Talita disse enquanto juntava as notas:

– Temos dinheiro para alugar um lugar para fazer o nosso churrasco e comprar algumas coisas.

– Depois a gente organiza e vê o que falta para complementar. – disse Bruna que, logo depois, aproveitou a deixa e emendou – Aliás, você pode comprar as carnes, pois tem um bom paladar para escolher linguiça.

Sem se deixar abater pela provocação, a outra respondeu:

– Acho bom também a gente colocar um limite na quantidade de pessoas que cada um pode ficar. A gente teve problemas recentemente com uma pessoa que beijou três e deu no que deu.

– Cala a boca, garota! – disse Bruna arrumando as cervejas e se preparando para ir embora – Eu vou levar essas latas e garrafas que sobraram para a minha casa e depois a gente termina de beber no dia do churrasco.

– Eu te ajudo. – disse Heitor, que até então apenas observava a situação em segundo plano.

– Não precisa. Meu pai está chegando com o carro dele. – esnobou a outra. Em seguida, mudando de ideia, disse – Pensando bem, vem cá Heitor. Já que você está começando a fazer parte da nossa turma, tem duas coisas que você pode fazer para me ajudar.

Ele se aproximou de Bruna enquanto observava ela falar:

– A primeira é colocar todas as latas e as garrafas de água no porta-malas quando meu pai estacionar. A segunda é isso aqui...

Bruna se aproximou de Heitor e, para provocar Talita, deu um longo e absolutamente inesperado beijo no novato.