Estreando o novato

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O segundo sábado após o início das aulas era conhecido por ser a data fixa da primeira festa da turma de Administração. Entretanto, desta vez as coisas foram diferentes.

– Esse ano não teremos festa enquanto o Caio não estiver com a gente. – disse Marcelo em uma reunião improvisada ao final da aula de sexta-feira, no meio da sala de aula.

– Ah, não! E quando ele volta? – quis saber Bruna.

– Acho que segunda ou terça-feira da semana que vem. Ele está dando uma força para o pai e a gente sabe que Caio tem o dom de conseguir os melhores lugares. Então, vamos esperar o cara voltar e a gente organiza tudo.

Todos foram embora reclamando e Heitor ficou na sala conversando com o professor sobre uma matéria que iria fazer no período da manhã. Quando ele saiu da sala, encontrou Talita o esperando do lado de fora.

– Pensei que iria ficar para sempre lá dentro com o Carlão.

– Nem posso. Tenho que ir para casa.

Ele acelerou o passo e Talita também andou mais rápido até alcançá-lo e colocar a mão em seu ombro.

– Escuta... Eu não esqueci onde a gente parou aquele dia no estacionamento, quando a gente foi no meu carro levar o dinheiro do trote...

Heitor ficou sem resposta e a jovem continuou:

– A Bruna já foi embora e ninguém sabe da gente, seu besta. Fora que ela fez aquela ceninha idiota e o pessoal pensa que ela queria ficar com você e aproveitou a situação.

Ela, percebendo o impasse, olhou para os lados e deu um longo beijo em Heitor. Ele retribuiu e os dois desceram pela escada em direção ao estacionamento. No caminho, encontraram Marina:

– Heitor, vamos embora. O papai vai ficar preocupado.

– Marina, eu... Eu preciso ver uma coisa com a Talita sobre um trabalho e não vou conseguir ir com você.

– Tá... Eu vou com uma amiga até o metrô. Não chega tarde pois o papai vai ficar acordado até você aparecer, você sabe como ele é.

– Vamos, Heitor. Depois eu te levo em casa, pode ser?

Heitor olhou para a irmã, que, no íntimo, entendeu que os dois não iriam falar de nenhum trabalho. Ela desceu e encontrou um grupo de amigas na entrada do prédio da faculdade e juntas seguiram até o carro de uma delas. Enquanto isso, ele e Talita chegaram no estacionamento e os dois começaram a se beijar loucamente.

– Quero ser a primeira a estrear o novato... – ela disse passando a mão no corpo dele.

Ele, então, se livrou da investida e disse:

– Talita, aqui não. Vamos para outro lugar... Um motel ou algo assim, sei lá...

– Calma, Heitor! Aqui é só o esquenta. Não vamos fazer nada aqui no estacionamento, ou, melhor, não vamos fazer quase nada.

Talita disse isso, empurrou ele para dentro do carro, sentou no banco do motorista e abriu o zíper da calça dele.

– Talita, aqui é arriscado e pode chegar alguém.

Ela, parecendo não ouvir ou não se importar, continuou até conseguir o que queria, só parando quando Heitor viu alguém se aproximando e a afastou.

– Está vindo alguém. Vamos sair daqui.

Talita se ajeitou no banco e deu a partida no veículo.

– Para onde nós vamos? – quis saber Heitor.

– Vamos para a sauna do meu prédio. – respondeu ela.

– Vamos para um motel, é mais seguro. Eu pago. Alguém pode flagrar a gente na sauna.

– A essa hora? Duvido! Vira e mexe tem algum casal lá. Nunca fiz nada lá e morro de vontade de ir. Quando chegarmos lá, você me espera na porta, eu subo no meu apartamento, pego duas toalhas, camisinhas e desço. E depois você sabe o que fazer.

Quando chegaram no condomínio onde Talita morava, na região da Vila Mariana, área nobre de São Paulo, ele ficou na porta da sauna enquanto ela foi até a portaria pegar a chave. Depois, ela subiu até o apartamento, viu que os pais dormiam e, andando bem devagar, foi até o quarto, pegou as toalhas, algumas camisinhas e desceu.

Alguns minutos depois, o clima estava quente e não era apenas por causa da temperatura do ambiente. Os dois se entregaram ao desejo intenso e fulminante, resultado da atração que ela sentia, e ele, deixando de lado todo e qualquer pensamento e até mesmo sensações anteriores, incluindo o recente interesse em Vitor, deu vazão à vontade que sentia naquele momento.

Algum tempo depois, quando o relógio já marcava mais de uma hora da manhã, os dois se jogaram no piso de madeira da sauna após duas sessões intensas de prazer.

– Eu não acredito que peguei o novato antes de todo mundo. – ela disse sorrindo e passando a mão no suor que escorria pelo rosto.

Ele, ofegante, se levantou e foi em direção à uma ante sala, onde ficavam as cadeiras de repouso e também o local em que roupas e celulares foram deixados tão logo os dois entraram na sauna.

– Agora eu preciso ir, Talita. – disse ele olhando a hora no celular e começando a se vestir – Meu pai já mandou várias mensagens e...

– Calma, gato! Eu já disse que te levo...

– Não é isso. É que está tarde mesmo.

Logo depois, ele tentou abrir a porta e viu que estava trancada.

– A chave eu guardei. – disse ela com um sorriso maldoso.

– Abre a porta, Talita. Eu vou sair e pedir um carro pelo aplicativo.

– Só mais um pouco, vai... Só mais uma vez e então quero ver alguém me passar no ranking até o fim do ano.

Heitor, percebendo que não teria saída e, ao mesmo tempo, entendendo que se negasse a investida poderia enfrentar problemas na faculdade caso ela espalhasse algum boato relacionado à negativa dele, se aproximou dela, começou a beijá-la e disse passando a mão em sua bunda:

– A terceira eu quero em outro lugar.

– É o que estou pensando? – disse ela virando de costas e começando a rebolar

– Aí mesmo!

Nesse momento, os dois ouviram o pai de Talita bater na porta da sauna e dizer:

– Talita? Você está aí? Abra a porta agora!

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