The Return of Ghost Society | Alex Turner

2-Guitarra Cor de Rosa

Athena Darling Point Of View.

Tudo mudou.

Absolutamente tudo mudou para mim.

Foi um período difícil, 3 anos intensos e emocionantes, mas eu me sentia uma pessoa nova, alguém que realmente tem um propósito.

Depois que fui embora da casa do Alex, eu fui pra uma reabilitação na Flórida, me internei lá e passei dias buscando entender o que havia de errado comigo. E consegui depois de meses perceber qual era o meu problema, e o que fazia eu ser desse jeito. E então estou desde março de 2014 sem usar qualquer tipo de substância.

Depois disso eu aluguei um apê em Nashville, e comecei a trabalhar em um pub estilo hard rock café, era um lugar afastado, era difícil me reconhecerem, eu estava completamente diferente, e já fazia muito tempo. Foi lá, que um dia uma banda chamada "The Zombies" foi tocar, eu estava saindo do banheiro quando ouvi as notas familiares tocarem. Era um cover de Open Doors, uma música do Ghost Society que eu não ouvia desde... 2013? Senti uma nostalgia invadir minha mente e as memórias voltarem.

Eu sai quase correndo da porta daquele banheiro e fui até a frente do palco. Todos eram jovens e cabeludos, e todos tinham um estilo meio "eu não ligo" usando roupas largas, o clássico emo. Mas ali no fundo, um garoto de cabelos descoloridos usando um moletom e tocando uma guitarra rosa me chamou a atenção. Ele tocava muito bem, mas desaparecia naquele palco, e quando o olhei, tive a impressão de quê ele séria alguém grande no futuro. Foi a primeira vez que eu pensei. E por quê não?

Quando eles acabaram de tocar, eu fiquei na porta de saída fumando e esperando. Todos saíram do bar para ir embora, e quando eu vi o garoto de cabelos descoloridos passar por mim eu agarrei sua blusa e o puxei de volta. O garoto me olhou assustado, provavelmente pensou que estava encrencado. Me olhou de cima a baixo, tinha um olhar indiferente em seu rosto.

-O que você quer? - Ele me perguntou, mas sem fazer contato visual.

-Tá afim de fazer música de verdade, garoto? - Ele pensou um pouco e ai me encarou balançando a cabeça positivamente.

Foi assim que eu conheci Jimmy Yoland, o cara sa guitarra cor de rosa. Nós nos encontrávamos todos os dias depois das 23h no pub que eu trabalhava. Como eu ficava com a chave só saíamos de lá na madrugada. Passávamos muito tempo sentados no palco cantando e tentando fazer melódias. Foi a primeira vez em muito tempo que peguei um violão e com tudo eu fiz outras composições. Após muito tempo eu encontrei um amigo.

Eu já tinha as letras que escrevi no chão do meu quarto na reabilitação. Só precisava de um som, e Jimmy entendia o que eu queria. Alugamos um dos milhares de estúdios em Nashville, e foi assim que o meu primeiro álbum solo, o Darling nasceu. Criado por duas mentes tristes e vazias.

Jimmy se tornou meu colega de quarto. Ele era 6 anos mais novo que eu, e como não tinha uma grande experiência de vida e de arte, ele se inspirava em mim e eu o ajudava com as complicações da vida "adulta". Principalmente com a música. Faz 1 ano e alguns meses desde que conheci ele.

Atualmente estamos em Los Angeles. O álbum já está pronto e para lança-lo eu precisava de uma gravadora. Semana passada eu assinei com a Domino de novo. E eles me aceitaram. A diferença é que agora Daniel era meu empresário em carreira solo. E quando eu cheguei na sala dele e dei as composições das música, ele concordou em lançar o álbum.

E agora estamos na pequena casa que alugamos com o dinheiro que eu ganhava trabalhando no pub. Não é uma coisa luxuosa, mas é um lugar confortável. Tem um quintal pequeno com algumas árvores onde eu coloquei um pequeno balanço, e a casa tem apenas um andar, com dois quartos, mas é o suficiente para nós dois. Eu costumo passar os dias sentada com as costas na árvore escrevendo um verso qualquer, que depois vai pro baú do lado da cama.

Neste momento eu estou sentada na mesa amarela tomando uma xícara de chocolate quente aproveitando minha companhia, até que a porta da frente se abriu e Jimmy apareceu por trás dela. Encharcado, já que Los Angeles gosta de dar uma chuva sem nos avisar. Ele sorriu para mim nada feliz e fechou a porta.

-Fala sério, eu estava amando Los Angeles até esta tarde - Gargalhei enquanto mordia um biscoito - Athena você me prometeu.

-Eu não tenho o poder de controlar o tempo - Continuei rindo - Eu gosto dessas surpresas.

Puxando uma cadeira, Jimmy se sentou ao meu lado, tentando secar o seu grande cabelo, e molhando todo o chão que estava limpo. Ofereci o chocolate quente que eu tinha acabado de fazer, já que nos últimos meses eu tive que aprender a cozinhar sozinha, o que foi um grande desafio.

-Sabe, eu fui até o centro procurar uma corda pro meu violão mas eu não sabia onde procurar! - Deixei toda a minha atenção pra ele - Eu fiquei zanzando igual uma barata tonta por Los Angeles, esse lugar não é nada igual a Nashville.

-É melhor? - Falei. Mas recebi uma expressão nem um pouco convicente.

-Nem um pouquinho - Coloquei a língua pra fora e recebi um abraço de lado - Mas é a sua casa né Athie.

Respirei fundo, me sentia uma dona de casa, mas no meu caso Jimmy era meu filho adolescente e eu era uma mãe solteira. Sentia falta de ir em festas e bares de rock 'n' roll, eu não era uma velha, estava no alge da minha idade!

-Vamos sair? - Perguntei - Faz umas semanas que estamos aqui e você nem visitou a Sunset, Whiskey...

-Sim! - Jimmy se levantou, animado - Eu estou esperando esse convite a séculos.

Gargalhei, Jimmy era um ótima companhia, elevava meu astral que, quando nos conhecemos estava baixíssimo. Depois da reabilitação eu estava animada, queria voltar a viver, mas eu precisava de uma coisa que me fizesse realmente viver, e essa coisa veio com um cabelo descolorido e uma guitarra rosa.

-Então está combinado, hoje as sete em ponto iremos a luta...ou como vocês jovem dizem, a festa!

-As sete? Que tipo de velhota é você? - Perguntou o senhor jovem.

-As dez é muito fora de cogitação - Exclamei - Preciso voltar antes das onze já que é o horário que está passando Friends na HBO.