20-Orgulho?

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Os noivos finalmente se beijaram e fogos de artifício foram soltados no céu. Meu coração por alguns segundos quase parou, eu não estava esperando que um cilindro iria soltar uma coisa pro céu, do meu LADO.

Alex gargalhou do pulo que eu dei ao seu lado, e a Tifanny o olhou com aquele olhar matador, que dizia "Cale a boca, estão prestando mais atenção em você e sua risada escandalosa do que em mim, e esse é meu casamento seu babaca" O olhei com repreensão e ele se encolheu.

Assim finalmente a festa começou. Jack estava segurando a cintura de Verônica enquanto tinha um copo de Whisky na mão. Ele falava sobre uma vez que Willow tentou tocar sua guitarra. Do outro lado, Alex conversava com Tom e Lisa. Ele estava lindo dessa visão, com a jaqueta nos braços, a gravata um pouco frouxa, talvez eu tenha o olhado por tempo demais já que ele piscou pra mim, eu sorri feito uma boba.

-Athena? Estão se comendo com os olhos de novo! - Arregalei os olhos para a Verônica.

-Que mentira...eu tava olhando pra Tifanny - Gaguejei mas eu acho que eles acreditaram.

-Ninguém vai cair nessa - Verônica me deu um sorriso torto - Eu preciso ir ao banheiro.

Verônica bebeu o restante da sua bebida e colocou sobre a mesa, depois caminhou até dentro do hotel.  Notei que Jack a seguiu com os olhos.

-Tá comendo ela com os olhos - Falei.

-Ah Atheninha, eu tirei a sorte grande! - Ele tinha um sorriso enorme estampado em seu rosto, mas depois de outro gole de seu Whisky, sua expressão mudou - Mas eu sinto que tem algo de errado.

-O que você acha que está errado? - Mudei minha posição e o olhei nos olhos.

-Eu não sei, mas parece que a Verônica não gosta de mim quando estamos perto de outras pessoas - Ele limpou a garganta - Quando estamos com a banda é normal, mas com "desconhecidos" ela se afasta, e não gosta que eu demostre afeto, eu tô ficando louco?

Jack intercalava seu olhar entre o meu e a porta de entrada, ele me parecia triste. Desde aquele dia quando eu o vi trocando brincadeiras com Verônica eu sabia que ele tinha um quedinha por ela. Mas eu sei também que Verônica não é do tipo fácil.

-Jack, escute - Coloquei a mão em seu ombro - A Verônica não é do tipo que te apresentaria pra família, ou que irá dizer pra tudo mundo que está com você. Você tem a certeza que ela te ama não tem? - O loiro concordou com a cabeça - Então, ela ama você da mesma forma que você ama ela, mas não tem a necessidade de mostrar isso para todo mundo. É o jeito dela.

-Athena, você ficou muito mais inteligente - Gargalhei da resposta inusitada - Obrigada sério, você é uma ótima amiga.

-Ah que isso, amigos são pra isso né - O puxei pra um abraço apertado - Te amo loira do É o Tchan.

-Te amo água de salsicha - Dei um tapa em suas costas - Ei!

Verônica voltou, com dois drinks, entregou um para Jack, e com a mão vazia segurou o seu queijo e o beijou. Pisquei pra eles e sai. Alex abriu seus braços e eu me aconcheguei neles.

-Como está sendo sua noite Mi amore? - Balancei a cabeça negativamente, Alex estava com essa mania de me chamar de vários apelidos.

-Cheia de novidades, e a sua? - Perguntei.

-Interessante... acho que tem alguém querendo falar com você - Ele apontou para a porta.

Diana estava olhando pra gente com uma cara de cachorro molhado. Eu precisava falar com ela mesmo que eu não quisesse. Fui andando até uma cadeira e me sentei, desamarrando os fios da minha sandália, chamei Diana com os braços e ela veio. Já estava escuro e logo a loira estava do meu lado.

-Queria falar comigo? - Perguntei, a mulher concordou com a cabeça.

Diana estava com uma saia, qual o nome? Acho que é saia lápis, enfim, aquelas que todas as mães bem sucedidas usam, e um terninho da mesma cor por cima. Eu não gostava do estilo dela, era apertado e tudo estava no seu devido lugar.

-Vem, vamos caminhar pela praia - Começamos a nos afastar do hotel, andavamos perto do mar.

-Então, Athena - A loira começou - Você me parece bem né?

Eu estava me segurando para não revirar os olhos, mas uma coisa que aprendi nesse tempo de reabilitação era manter a calma. Então respirei fundo e a respondi.

-Sim, depois de um tempo apenas com minha própria companhia, aprendi muito sobre eu mesma, e sobre as coisas que me deixam feliz e triste, e aprendi a lidar com tudo isso seja bom ou ruim, então sim Diana, eu estou ótima.

-Nossa - Ela respirou fundo e deixou sua postura relaxar - Você está ótima, e super bem resolvida, isso é incrível...

Ela não me parecia convincente o bastante, não me parecia satisfeita com o que eu acabei de dizer.

-Tem algo errado? - A olhei de canto.

-Ah não exatamente - Ela soltou todo o ar que segurava e parou de andar - Sabe, por toda a minha vida, eu sempre soube que você era muito melhor do que eu na questão de personalidade, sempre foi forte e independente e não se importava com o que as pessoas iam dizer - Diana se virou de frente a mim - Enquanto na escola, todos estavam preocupados com, coisas de adolescentes como namorados e festas, eu chegava em casa e via você tocar guitarra na garagem com seus amigos como se só existisse vocês - Ela parou por um tempo - E tudo bem, isso não era o que a mamãe queria, e eu sempre busquei a aprovação da mamãe, então eu não entendia você. Até crescermos, eu fiz faculdade e chorava todos os dias pela pressão psicológica, enquanto você fazia algo que a mamãe odiava e tinha um sorriso enorme no rosto. Mas eu nunca entendi você.

Eu tive que raciocinar, em anos eu não via Diana tão vulnerável assim, nem no funeral do papai ela estava assim, como se fosse cair a qualquer segundo.

-E ai eu consegui meu primeiro caso, eu estudava dia e noite para defender ele, e a mamãe não me permitia dormir sem que eu ficasse algumas horas no quarto estudando sobre - Diana continuou - E enquanto isso acontecia, eu te assistia pela televisão, fazendo shows em pequenos festivais na Califórnia, e você fez o papai chorar tantas vezes, fazendo o que você gostava. Eu vi você crescer, eu vi você tocar pra um estádio lotado, e eu nunca disse que eu tinha orgulho de você. Mas eu tenho, por que você foi corajosa o suficiente pra enfrentar todos que estavam contra você, e olha pra você agora - Ela apontava freneticamente para meu corpo - Você passou por tanta coisa Athena, e eu me sinto mal por não ter te ajudado, eu sou sua irmã e nem isso consegui fazer.

-Diana, meu deus - Eu mal conseguia falar, tudo o que eu sentia era meu coração doer e as lágrimas escorrerem pelo meu rosto - Eu esperei muito por isso. Pode parecer que eu não ligava, mas eu sempre esperei algo da mamãe, mas ela nunca me parabenizou por ser eu mesma, e eu nunca odiei você, irmãzinha, eu sentia dó por você ser manipulada pela mamãe, e eu tentei abrir seus olhos, mas fico feliz que você finalmente conseguiu.

-Você me ajudou Athena, no momento em que eu alcancei aquilo que a mamãe mais queria, eu não senti nada, eu não me sentia feliz, eu tenho um filho pra cuidar e mal acompanhei ele crescer. E o que mais doeu foi chegar em casa um dia, e ele estar assistindo algums shows seus pela tv da sala, se virar pra mim e dizer que queria ter uma banda igual a você - Ela sorriu em meio as lágrimas - Se soubesse o quanto eu chorei.

-Você é a melhor advogada que eu conheço Diana, mas acima de tudo você é minha irmã, e eu te amo - A abracei, e ela chorou de soluçar no meu colo.

Ficamos assim por um bom tempo, Diana chorava como se acabasse de perder tudo, em meu ombro. Até seu marido chegar e eles irem embora por que o Jonas, não consigo levar esse nome a sério, estava com sono?

Foi ai que voltei pra festa, Jack e Verônica estavam me chamando para um bar junto a Alex, mas Alex iria fazer uma entrevista no dia seguinte então foi para sua casa. Eu estava afim de uma carona, então por que não parar em um bar e beber um pouco?

The Return of Ghost Society | Alex TurnerOnde histórias criam vida. Descubra agora