27 | Hipóteses

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Eu estava no inferno! Definitivamente existia alguém nesse mundo que estava dedicado a me levar até as profundezas do inferno

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Eu estava no inferno! Definitivamente existia alguém nesse mundo que estava dedicado a me levar até as profundezas do inferno. E esse nome eu já sabia bem qual era. Dario Madero, mexicano, primeiro em comando da Beltrán Leyva, não havia dúvidas que seu irmão Gael estava se deliciando tanto quanto ele do meu fracasso. Nenhuma outra organização no mundo teria mandado um recado tão atravessado como o que recebi ontem. Não era necessário qualquer nome assinado para eu saber que eram eles.

Nossa disputa ia além de simples fornecimento. Não era de hoje que tínhamos uma rixa forte. Vovô odiava os mexicanos, e por tabela, eu também os odiava. Não por mim apenas ou pela Blinders, mas eles tiraram meu pai de mim e graças a isso cresci do modo que cresci, sem qualquer oportunidade, na miséria. Por causa deles vi meu irmão ser levado e morto em guerras urbanas, por causa dele não pude cuidar da minha mãe. Por causa daqueles desgraçados eu não tive ninguém por mim. Por anos.

Minha mente fervia, quase entrando em colapso. Eu sabia que algo havia saído do controle ontem, mas não sabia exatamente o que. Agora eu sei. Suspiro olhando para a sala movimentada a minha frente. Eu forçava meu cérebro a se recordar de absolutamente tudo que estava planejado. Tudo estava calculado, de um jeito tão metódico que quase parecia inumano. Eu ouvia as vozes de todos eles, bufando, gritando, esperneando como malditos moleques um contra o outro. Ferozes. Nervosos. Desesperados. Se eu caísse, eles sabiam que cairiam junto.

Estávamos todos no mesmo barco. Ao menos hoje!

Tento ignorar os sons graves ressoando de forma tão intensa na sala. Observo cada um dos homens que estão comigo a frente da Blinders, quando eu cheguei aqui eles já estavam, foram garantidos por meu avô que eram de confiança absoluta. Apesar de ter um apoio parcial deles, ainda assim eles obedecem meus comandos e compreendem o lugar que fiz nossa organização chegar. Nosso faturamento aumentou, nossas parcerias também, eu era boa em negociar, boa em torturar, mas agora noto que talvez eu não seja tão boa em detectar traidores quanto eu pensava ser.

Alguém nos traiu.

Quem?

Olho para cada homem presente. Um por um. Não consigo chegar a uma conclusão. É impossível. Ao menos agora. Isso não fazia qualquer sentido, mesmo sendo óbvio para mim.

Não existe qualquer possibilidade dos mexicanos terem descoberto nosso plano. Mesmo se os desgraçados da Beltrán Leyva comandada pelos gêmeos Dario e Gael Madero tivessem hackeado o nosso sistema e descoberto que estávamos de olho no exército, ainda assim eles seriam incapazes de calcular com tanta precisão, o dia, o horário, os locais onde as esconderíamos. São bunkers secretos. Meu avô tinha apenas seis, sugeri a ele que aumentássemos as quantidades, para que elas ficassem mais espaçadas e assim tivéssemos mais rotas de fuga, mais locais disponíveis para o armazenamento ilegal.

Conto nos dedos os homens que sabiam a localização desses bunkers. Três homens por carro que me dá um total de trinta e seis que as descobriram no dia do assalto. Isso só fazia sentido se todos eles, ou pelo menos trinta deles estivem de acordo. Nenhum local tem uma unanimidade tão forte para um propósito de traição. Não fazia sentido isso aqui. As mortes dos soldados reduziram em 80% depois que assumi. Eles podiam falar pelas costas, mas gostavam de chegar vivos em casa, gostavam de trabalhar com menos riscos.

A Senhora • COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora