XXXII- Garotas más não choram

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Você pov.

A arma ainda pendia na lateral do meu corpo enquanto eu olhava o buquê de rosas. Eu havia atirado nele,mas algo ainda não parecia certo,algo ainda...

- Ei!

Olhei para o lado,era o Hanma que tinha me chamado.

- Nosso plano deu certo,anime-se! - disse sorrindo.

- Claro- disse apenas,indo em direção da cama e sentando na beirada da mesma.

Um estouro me fez pular de susto.

-O momento pede uma comemoração - disse Hanma,enchendo uma taça com o champanhe.- Você aceita?

Ele estendeu uma taça para mim mas eu recusei com a  cabeça.

E olhava para o anel no meu dedo. Eu deveria jogar fora?Ele era tão lindo...

- Olha que o Mikey tinha bom gosto,heim- disse Hanma, após esvaziar a taça e mordiscando um chocolate,olhando para mim- Esses doces de gente rica são outro nível,nem se comparam àqueles das lojinhas de esquina,ha,ha.

Ele me fitou, enquanto enchia novamente a taça.

- Por que essa carinha,baby? Deu tudo certo, não vai me dizer que está com saudades?- ele riu.

Eu apenas o ignorei.

- Vocês transaram?- ele perguntou, não se contendo mais.

- Sim - menti,para ele parar de me encher.

- Mas você ainda está toda vestida - ele observou e com um rostinho cínico disse- Ele é tão ruim assim?

- Isso não importa - disse casualmente- e a propósito,eu não sabia se o plano daria certo ou não,eu queria matá- lo a todo custo...- fiz uma pausa-... então envenenei as taças.

Ele olhou para mim.

- Qual delas?

- As duas.

Ele riu.

- Não pode estar falando sério - ele parou de sorrir - Isso é loucura,vc iria morrer também.

Eu suspirei.

- Esse era o preço a se pagar por traí-lo.

- E VOCÊ FALA ISSO SÓ AGORA?!-Ele se irritou.

- Aconcelho você ir vomitar enquanto não fez o efeito -disse encolhendo os ombros,mas ele já desaparecia para dentro do banheiro.

Ótimo, não aguentava mais a sua presença. Que cara mais persistente,eu só havia me aliado a ele porque tínhamos interesses em comum,mas não imaginava que ele seria daquele jeito.

Flashback on
                    
                ...
Eu nunca conheci o meu pai e era apenas eu e minha mãe até os meus 7 anos de idade até que ela adoeceu. Na época não tínhamos muito dinheiro, então ela acabou falecendo logo e eu fui morar com os meus tios,na cidade de Shibuya.

Apesar de rígidos eles sempre me deram mais do que o necessário,me deram amor,mas algo dentro de mim fazia eu odiar aquele lugar. Seria por que tudo lembrava a minha mãe? Os vasos de porcelana que eram da minha vó,as flores que ela tanto gostava de cuidar,o cheiro de lavanda que vinha do incenso que ela gostava.

Os meus tios não conseguiam superar a sua morte, principalmente minha tia,ela se parecia muito com a minha mãe e passava a maior parte do tempo trancada no quarto,como uma auto punição por não ter ajudado a própria irmã.

O meu tio era comandante do Exército, então raramente estava em casa,mas ambos exigiam que eu estudasse muito e fosse alguém decente. Eu passava horas e horas estudando , porém quando o relógio tocava 16:00 a minha tia saía para ir ao médico,toda quarta-feira. Ela havia criado essa paranóia por o que aconteceu com a minha mãe.

Eu pegava a minha bicicleta e saía em direção ao parque que ficava ali perto. Era tão gostoso sentir o vento no rosto,ver as pessoas passeando,mas tinha algo que eu detestava,que era os meninos mais velhos que ficavam fumando perto dali.

Eles também costumavam roubar dos idosos que passeavam por ali sozinhos. Certa vez eles tentaram roubar a minha bicicleta,mas eu consegui fugir a tempo.

Foi lá que eu conheci o Mikey...

A minha tia nem se importava que eu me encontrasse com ele,ela até preferia do que esbarrar comigo dentro de casa,desde que minhas notas não mudassem.

Eu  já não me sentia tão sozinha e a sua companhia era muito agradável,o problema foi quando a minha tia descobriu os presentes que eu ganhava dele e brigou feio comigo,suponhando  que estávamos namorando escondido.

Foi uma tormenta sem fim, já que ela queria se mudar dali e contou tudo ao meu tio que não gostou nada dessa história de namoro.

Uma semana depois nós nos mudamos para Nagoya.

Eu arranjava confusão diariamente na escola e odiava todos nela. Com a minha tia não era diferente e eu realmente achei que ela iria me expulsar de casa.

Mas um dia quando eu cheguei com sangue pingando da boca,por causa de uma briga,ela apenas me abraçou e pediu desculpas por tudo,falando que ela tinha sido uma péssima pessoa comigo e que iria parar de se lamentar.

Por incrível que pareça nós começamos a nós dar bem. Cozinhando juntas,vendo TV e indo ao salão,ficamos próximas, até me tio vinha mais assiduamente jantar conosco.

Até que um dia após eu me formar,deitada na minha cama o meu telefone tocou.

Meus tios haviam saído para jantar em um restaurante novo e eu havia ficado em casa,indo dormir cedo por causa de um resfriado.

Eles tinha sido brutalmente assassinados e o carro tinha sido incendiado.

Aquilo me abalou imensamente. O vazio que crescia dentro de mim aumentava mais e mais...

Eu decidi que iria para o exército,para esquecer tudo e tentar recomeçar de alguma maneira. Porém o meu temperamento era horrível e eu não conseguia controlar minhas emoções,em menos de dois meses eu havia mandado mais de cinco mulheres para a enfermeira. Eles só me mantiam lá por conta do meu tio,o que mudou depois de dois anos,quando me expulsaram de lá, após mandar um superior para a enfermeira também.

Em um dia de outono quando eu arrumava as flores dos túmulos dos meus tios,eu senti a presença de alguém. Era um homem alto e magro.

- Essas flores são naturais?- Ele perguntou após uma tragada no cigarro - Porque se forem,vai ter que trocar mais tarde.

Eu ajeitei o vaso.

- Não, são artificiais- respondi- Quem é você?

Ele jogou fora o cigarro que terminou e acendeu outro. Em suas mãos eu pude ver duas tatuagens.

- Alguém que veio para te ajudar - ele sorriu e seus olhos amarelos cintilaram para mim.

Manjiro Sano☢️⛓️Onde histórias criam vida. Descubra agora