Desolation | Drarry

Interlúdio: A Queda de Harry Potter

Nota da autora: Não sei se é necessário esclarecer, mas de qualquer forma digo-vos que os interlúdios são pequenos vislumbres do passado, de forma a compreender o desenrolar da história, e a explicar certas coisas para que fiquem mais claras <3

Espero que esteja gostando :)

***

Quando a Ordem deixou a Batalha de Hogwarts, Draco não sabia o que estava acontecendo.

A única coisa de que se lembrava daquele dia eram os gritos; os gritos, o fogo, a morte de Crabbe e o fato de que Harry Potter foi morrer na Floresta Proibida e então, (oh, surpresa), sobreviveu ao Avada Kedavra do Lorde das Trevas.

Draco também se lembrou do desespero de não conseguir encontrar seus pais para sair dali. Ele não reconheceu nenhum dos corpos empilhados a seus pés, mas viu os emblemas, a cor das Casas. Crianças, adolescentes. Todos mortos. Lembrou-se de ter ouvido ao longe alguém gritando que um de seus colegas, um dos grandes lutadores do outro lado, havia morrido, e um apelo massivo de Minerva McGonagall para abandonar a luta. Ele se lembrou do idiota gigante fugindo enquanto gritava, e dos soluços. A vantagem quase absoluta que os Comensais da Morte tinham. A rendição do lado do bem. Ele se lembrava disso porque era tão... incomum. Grifinórios não desistem das lutas, resistem até o fim.

Aos vinte e cinco anos, ele ainda não sabia o que os fizera recuar.

Draco ainda podia ver Narcissa claramente em sua memória, que estava paralisada ao ver a Ordem fugindo. Lembrou-se de registrar as feições da mulher e guardá-las em um lugar precioso em sua mente. Ele tinha o rosto de sua mãe gravado em sua cabeça, como a expressão dela mudou para uma determinada, e como ela de repente levou a mão à varinha e apontou para si mesma, falando palavras que Draco não conseguia entender.

E ele se lembrava muito bem, porque aquele foi o último dia em que a viu em liberdade.

Depois disso, o Lorde das Trevas reivindicou a vitória, mesmo que ainda houvesse perigo lá fora, mesmo que Potter ainda estivesse vivo. Aos olhos de todos, o lado do Escolhido havia se rendido e agora não havia mais nada além de escuridão e destruição.

E então tudo se tornou um borrão em sua cabeça.

Ele sabia que sua mãe estava nas masmorras da Mansão Malfoy por três meses após o fim da batalha, graças a traí-los, mentindo e dizendo que Potter estava morto na Floresta; ele só se lembrava disso porque pensou muitas vezes com raiva e vergonha que eles estavam presos em sua própria casa novamente, que nunca deixariam de ser prisioneiros.

Ele sabia que havia tortura (claro que havia tortura) pelo resto dos Comensais da Morte por causa de seu fracasso e fraqueza. Ele sabia que seu pai não falava mais muito. Ele sabia que seus ex-colegas estavam presos em sua casa, pessoas que ele via nos corredores e salas de aula de Hogwarts todos os dias. Ele ainda podia ouvir os gritos de Lilá Brown acorrentada a uma mesa enquanto eles se divertiam com ela, revezando-se para 'quebrá-la' em duas. Ele ainda podia ouvir Dean Thomas implorando para ser morto, amarrado de quatro enquanto forçavam Draco a observar o que estavam fazendo com ele.

Seus pensamentos na época eram apenas de implorar, que por favor Potter e seu lado encontrassem uma maneira, uma maneira de tudo acabar. Pelo menos naquele mundo eles seriam desprezados, mas não usados ​​com crueldade. Draco só queria que tudo acabasse e que o "bem" triunfasse de uma vez por todas.

Mas isso nunca aconteceu.

Três meses após a Batalha, o Lorde das Trevas conseguiu pegar Potter tentando cruzar a quarentena mágica para a França. Ele o manteve por um dia inteiro em uma gaiola no saguão do Ministério, exibindo-o para o povo, mostrando-lhes como era a fraqueza e humilhando o herói que todos pensavam que ele era. E quando ninguém aguentou mais, ele o torturou o suficiente para que, quando desferisse o golpe final, Potter não pudesse se defender.