04. Conversa e Obliviate

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Draco ficou acordado em sua cama pelo que pareceram horas, seus olhos fixos no teto e sua mente em outro lugar. Porque-

Que porra é essa.

Harry Potter.

Ele não conseguia entender o que aquela revelação o fazia sentir. Era demais saber. Draco tinha ido com Theo pensando que ele o levaria até os insípidos amigos de Potter que continuavam lutando em sua memória. Ele não esperava... não esperava vê-lo.

Quase oito anos desde que ele morreu naquele dia no Ministério, e Draco estava apenas descobrindo que era tudo uma maldita mentira. E ele deveria estar agradecido, ele sabia que havia uma profecia envolvendo tanto o Lorde das Trevas quanto Potter, e que o 'Escolhido' poderia ser o único com o poder de derrubá-lo - ou assim havia rumores anos atrás. O fato de Potter estar vivo significava que essa opção ainda era possível, que eles tinham uma chance de a profecia se tornar realidade. Draco deveria até se sentir aliviado.

Mas ele estava completamente e totalmente enfurecido.

Ele o viu morrer. Draco mentiu para ele na mansão porque não queria que Voldemort ganhasse a guerra. Draco o salvou no último minuto de ser morto por Crabbe e Goyle. Draco esperava que, mesmo após a carnificina resultante da batalha final, a Ordem e as pessoas "boas" se erguessem novamente e salvassem a todos da pílula amarga do mundo cinza que habitavam. Mas isso não aconteceu, e uma vez que o Lorde das Trevas foi proclamado vencedor, Draco teve que se adaptar para sobreviver. Draco teve que seguir seus caminhos e seus métodos para ajudar sua mãe, para ter sua família de volta. Fazia oito anos que fazia coisas - coisas horríveis, porque acreditava que não havia outro jeito. Não havia outra maneira.

E aconteceu que sim, o tempo todo... as coisas poderiam ter mudado. A história poderia ter sido diferente.

Se ele soubesse, as coisas teriam sido diferentes...

Ou talvez não.

Ele nunca descobriria agora.

Draco se virou abruptamente no colchão, com a raiva o consumindo por dentro.

Potter realmente teve a coragem de dizer todas essas coisas para ele, julgando como ele julgava tudo, o idiota narcisista - separando as coisas em boas e ruins. Preto e branco. Bem, algumas pessoas não nasceram perfeitas e boas pra caralho, sem chance de errar. Alguns nasceram nas sombras, crescendo para não existir mais. Alguns nasceram para fazer o resto se destacar.

Draco soltou um suspiro frustrado e então decidiu se concentrar no que havia descoberto sobre sua mãe. Ou ele tinha quase certeza de que começaria a gritar caso contrário.

Narcisa sabia de algo, e a Ordem acreditava que algo tinha a ver com Nagini. Talvez ela soubesse onde estava a cobra, depois de tantos anos... Mas como sua mãe poderia saber disso? E por quê? Por que ela saberia e por que isso era tão importante? Como essa cobra desagradável pode ser tão vital para a coisa toda? Draco ficou tão feliz quando percebeu que ela havia desaparecido, ou mesmo morrido durante a Batalha; que ele não teria que vê-la comer pessoas novamente... mas descobriu-se que Nagini aparentemente ainda estava viva, e que tanto a Ordem quanto o Lorde das Trevas estavam procurando fervorosamente por ele.

E provavelmente sua mãe sabia onde estava. E ela manteve o segredo. E ela morreu por isso.

Por que?

Bem, não é como se ele pudesse perguntar. Potter e o resto nunca contariam a ele.

Sua cabeça trovejou, a dor cortando suas têmporas.

Merda. Ele precisava dormir.

Ele preferia isso, de qualquer maneira. Ele preferia ocupar seus pensamentos com a Ordem, o interrogatório, o Voto, com o maldito Potter e a maldita Nagini, do que prestar atenção à outra coisa que assombrava sua cabeça. O fantasma que de repente o atacou quando ele baixou a guarda. A voz de uma mulher implorando para que ele a deixasse ir.

Desolation | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora