Desolation | Drarry

09. O Preâmbulo

Na próxima vez que Draco foi à base da Ordem, Potter não estava lá.

Ele deveria estar feliz, Potter era praticamente a causa de todos os seus problemas. Até o idiota abrir sua boca grande, Draco nem tinha pensado que ainda tinha um pedaço de sua família viva. Uma tia de quem sua mãe nunca falou, que nunca foi mencionada pela forma como os abandonou. Potter implantou esse desejo de querer saber como seria, de compartilhar sua dor com outra pessoa. No entanto, tudo acabou sendo um desastre completo.

E Draco deveria se sentir mal. Talvez ele devesse chorar ou se culpar, ou pensar que era problema dele. Mas...

Draco não poderia se importar menos.

Uma parte dele, apenas uma pequena parte, ponderou sobre o que teria acontecido se Andrômeda quisesse um relacionamento com ele... Sua mãe ficaria feliz? As coisas seriam melhores? Ele estaria menos solitário?

Mas essa possibilidade foi arrancada de suas mãos antes mesmo que ele tivesse a chance de experimentá-la. E, honestamente, Draco estava grato por isso. Ele não queria se preocupar com mais ninguém. Foi uma fraqueza. Andrômeda poderia morrer - ela provavelmente morreria, e Draco perderia mais do que já havia perdido.

Ele estava melhor assim.

Se aquele idiota do Potter não tivesse pensado nisso, se não tivesse sugerido nada, as coisas seriam muito mais fáceis. E isso o fez pensar no motivo de sua imbecilidade. Seus motivos.

Por que Potter contou a ele sobre Andrômeda?

Ele duvidava que fosse pela bondade de seu coração que ele sentia pena de Draco. Talvez fosse de Andrômeda que ele sentia pena, mas isso não explicava por que ele tentaria arranjá-la com um parente Comensal da Morte a quem ela claramente culpava por seu sofrimento.

Potter parecia não sentir nada além de nojo por ele. Nada do que ele fez ou disse fazia sentido - por que ele queria descobrir o que 'Tom' havia feito com ele? Por que ele pareceu tão chateado quando Draco aceitou sua decisão sobre Goyle, por quê?

Para Potter, Draco não deveria se importar.

Mas parecia um pouco diferente.

De uma forma ou de outra, ele sempre foi assim, não foi? Potter não passou um ano inteiro seguindo-o? Ele não interferiu como o maldito intrometido que era toda vez que Draco fazia alguma coisa? Bem, não era como se Draco tivesse sido muito bom nesse aspecto. Durante Hogwarts, seu único objetivo era deixá-lo infeliz.

Mas já se passaram oito anos. Nove, se você contar aquele em que eles não se viram... Potter não deveria mais se intrometer em sua vida, fazendo perguntas que não eram da sua conta ou se oferecendo para conhecer parentes que Draco mal lembrava. Talvez ele tenha feito isso para humilhá-lo.

Felizmente, Draco não teve que lidar com o que isso o fez sentir naquele dia porque, de acordo com Astoria, Potter estava pegando roupas e comida novas no mundo trouxa com seus amigos. Draco não tinha ideia de que a Ordem tinha meios de quebrar as barreiras da quarentena, pelo menos por algumas horas, mas fazia sentido. De que outra forma eles teriam sobrevivido todo esse tempo?

O que o confundiu foi por que eles não usaram isso para escapar.

Draco teria feito isso, se ele fosse eles. Se ele soubesse que não havia mais nada para ele naquele mundo, como a maioria das pessoas que estavam lá... Por que não ir para longe? Por que não ir embora, viver em paz e deixar que outros lidem com as porcarias do Lorde das Trevas? Talvez eles se sentissem responsáveis. Talvez essa fosse a força motriz de Potter: sentir-se responsável por todos os males do mundo.

Draco, por outro lado, não era uma pessoa nobre.

Astoria voltou a aparecer em sua mente naquela tarde, em uma sala ao lado do salão principal. Eram sessões silenciosas, nas quais ela procurava fazer com que Draco relaxasse para que ele não levantasse inconscientemente as barreiras de Oclumência. Não foi bom. Não completamente, pelo menos. Depois de tanto tempo vivendo entre Comensais da Morte que entravam na sua cabeça por mero esporte, Draco estava acostumado a sentir algo estranho em sua mente, e reagir instantaneamente.