25. Imprevisto

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(19h58)

Por alguma razão, na noite em que Draco voltou para a Mansão Malfoy, ele estava mais exausto do que o normal.

Ele não entendia muito bem por que Theo teve que buscá-lo na Irlanda mais cedo, já que ele havia alugado seu quarto de hotel por quatro dias e apenas um dia havia se passado. Ele sabia que houve uma tentativa de invadir Nurmengard; entretanto, Draco não via como isso poderia ter algo a ver com ele. Sim, se fosse necessário implementar soluções, seria necessário o seu voto no Wizengamot, mas nenhuma reunião ainda havia sido convocada. Rodolphus simplesmente foi encontrá-lo e Theo na fronteira e gentilmente os acompanhou de volta à mansão, informando-o que sua presença era necessária lá por causa dos rebeldes que queriam invadir a prisão mágica, e porque aquele dia era a transferência dos traidores que foram amontoados do St. Mungos para Azkaban.

Com essas explicações vagas, havia algo que não fazia sentido para Draco.

Ultimamente ele estava se sentindo assim – como se algo não estivesse certo. Mas esse dia foi demais. A começar pelo fato de estar em um nível de exaustão que não tinha razão, já que mal havia se esforçado no dia anterior. E porque, novamente, ele estava experimentando aquela sensação novamente – de vazio. Como se sua mente fosse incapaz de reter certas coisas.

Se Draco relembrasse a noite passada, desde o momento em que olhou para o medalhão com a foto de seus pais, ele não se lembrava de ter ido dormir ou acordado em uma cadeira. Na verdade, ele quase não se lembrava daquela manhã, embora acredite que possa ter tido pesadelos: pessoas conversando, um homem pedindo para ele não morrer e dormência por todo o corpo. Mas, fora isso, ele não se lembrava de ter acordado, nem sabia ao certo em que momento deixou Theo entrar no quarto.

Delirantemente, Draco acreditava que dormir ajudaria.

E ainda assim, quando ele acordou graças às proteções trêmulas da mansão, as lacunas em sua memória ainda estavam lá, assim como a exaustão.

Foi assim inúmeras vezes nos últimos tempos.

Draco se levantou, fazendo uma careta, enquanto decidia tomar uma poção revitalizante. Não é como se ele pudesse fazer muito mais.

Caminhando até o salão principal, depois que um elfo foi explicar a ele o que estava acontecendo, Draco começou a colocar o broche em seu peito, porque isso era o protocolo, e porque - bem, isso lembraria à mulher quem ele era, caso ela quisesse repetir uma cena como da última vez.

Draco abriu a porta do salão principal e olhou inexpressivamente para o centro.

— Pansy, — Ele cumprimentou.

Pansy se virou em sua direção. O rosto dela, diferente da maioria dos rostos que Draco tinha visto nos últimos meses, não refletia o cansaço que a guerra estava trazendo para suas vidas. Pansy parecia a mesma da vez em que tentou convencê-lo a realizar uma cerimônia para Narcissa, ela parecia a mesma do dia em que eles brigaram, e ela parecia a mesma da última vez que esteve na mansão visitando Theo sobre a bomba.

Draco fez uma careta.

— Você está uma merda, — disse ela depois de encará-lo por um longo momento.

Draco não respondeu, fechando a porta e caminhando até um dos sofás. Ele não tinha ideia do que diabos ela queria, mas se fosse reconciliação, ela já tinha começado mal. Além disso, Draco não tinha certeza se queria se reconciliar com ela. Certificar-se de que ela ainda estava sã e salva, mas longe, era mais que suficiente.

— Sente-se, — respondeu ele, apontando para uma cadeira perto da lareira onde Rodolphus estava sentado quando veio conversar com ele meses atrás.

— Isso não será necessário. É breve.

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