Desolation | Drarry

17. Yetis, Trolls e Gigantes

Dias antes do aniversário de 26 anos de Draco, ele ainda sentia os efeitos do Crucio em seu corpo.

Grimmauld Place e o massacre que resultou para o seu lado foram um gatilho poderoso para a ira do Lorde das Trevas, que não apenas fez Draco punir seus seguidores com múltiplos Crucios, mas pediu a cada membro do Nobilium, os quatro restantes fora de si, que torturassem Draco da mesma forma. O Senhor incluído.

Já fazia um tempo que Voldemort não falava tão abertamente sobre sua raiva, ou desde que ele os punia, mas com o passar dos dias ele ficava com mais raiva do que Draco jamais vira em anos. Especialmente depois de cada batalha; os rebeldes pareciam atingir seus objetivos e matar alguns Comensais da Morte no processo.

Bem, não apenas alguns.

Draco fez uma careta enquanto engarrafava algumas das poções que preparou durante a noite e pegou uma para uso medicinal que o ajudaria a curar alguns dos efeitos do Crucio. Em uma hora ele deveria estar no Ministério para o controle dos danos que causaram as vítimas de Grimmauld Place e St. Catchpole. Finalmente, eles aprenderam que a Ordem definitivamente não era algo para ser encarado levianamente, e Draco ousou dizer que um soldado equivalia a três Comensais da Morte. O conhecimento, o desempenho e o treinamento que possuíam os posicionaram como pessoas perigosas...

E Potter estava no topo da lista.

Draco não conseguia parar de pensar no que viu naquele dia: enquanto tentava bolar um plano que salvaria Granger e teria sucesso, Potter apareceu em cena com um elfo nos braços, e em questão de segundos, os homens foram reduzidos a nada mais do que pedaços de carne e cérebro.

Sem nenhum esforço aparente.

Draco sentiu muitas magias em sua vida - Potter era o único que ele conseguia reconhecer - a do Lorde das Trevas era uma constante em sua vida cotidiana com uma aura que não era apenas percebida, mas visível... e o que Potter tinha feito naquele momento? Era comparável, até quase igual, à sensação da magia do Lorde. Imponente. Escura. Assustadora.

Com toda a honestidade, Draco estava aliado à Ordem apenas para descobrir o que havia acontecido com sua mãe, então ele se tornou um espião e um traidor, e não tinha vergonha de admitir que a única coisa que o interessava era saber a verdade: o que Nagini tinha a ver com isso. O que Narcisa estava escondendo. Estava claro para ele que, para descobrir, a Ordem teria que sair vitoriosa nos planos que traçava – pelo menos até que o mistério fosse resolvido. Mas depois de ver, depois de sentir aquela explosão...

Ele começou a pensar que eles ainda tinham uma chance de vencer.

Já não se tratava apenas de apoiar um lado por motivos pessoais, tratava-se de apostar no lado vencedor. E se Potter aproveitasse sua magia, ele seria um bom oponente. Se a Ordem jogasse bem as suas peças, seria um excelente adversário. E se Draco os ajudasse como pudesse? Melhor ainda.

É por isso que ele mais uma vez foi entregar Poções.

Draco subiu as escadas até a sala de jantar sentindo-se mais sereno. Greyback tentou irritá-lo enquanto o torturava dias atrás no Ministério, mas ele ainda não havia aparecido no terreno da mansão. E no dia em que isso aconteceu... ah, Draco iria se divertir muito desabafando alguma frustração reprimida.

Quando ele se sentou e um elfo trêmulo desapareceu após pôr a mesa para ele, a imagem do rosto de Potter voltou à sua cabeça mais uma vez, mas desta vez, era o rosto que ele tinha visto quando foi para a base.

Draco não queria focar muito nisso. Ele não queria sentar e analisar por que Potter havia curado seu ferimento no lábio, por que Draco se ressentiu por ele ter feito isso, ou por que sentiu a necessidade de assegurar a Potter que não era culpa dele o que aconteceu com a sangue-ruim em primeiro lugar. Sim, obviamente Potter parecia prestes a desmoronar e isso era prejudicial, mas no geral, isso não teria sido nenhum problema para Draco. Ele não achava que Potter fosse fraco o suficiente para não se recompor na próxima vez que o visse. Apenas...