05. O Assassino de Almas

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Harry voltou para a Mansão sentindo seu coração martelar na garganta e a raiva familiar crescendo em seu estômago.

Puta merda.

Ele tinha visto Malfoy antes, naquele dia do interrogatório, mas dado que ele esteve sob o Veritaserum durante a maior parte do encontro, Harry não conseguiu tirar uma boa foto dele. Ele foi recebido com aquela fachada fria que a poção deu, combinada com a raiva da morte de sua mãe. Fisicamente, era onde ele podia ver mais diferenças com seu passado, mas naquele momento?

Naquele momento, ele conheceu Malfoy e finalmente entendeu a confusão, o medo por trás daquele nome.

Toda a aparência que ele teve em Hogwarts, a criança mimada e rebelde que ele já foi, desapareceu, deixando um homem que parecia carecer de qualquer emoção humana. O homem que Harry viu naquela noite, foi o Malfoy que fez as novas pessoas que se juntaram à Ordem temerem que ele as encontrasse.

Rabastan não. Não Greyback. Nenhum Comensal da Morte veterano conhecido.

Malfoy.

Malfoy, a quem as pessoas comuns temiam e respeitavam, porque sabiam que se seus olhos pousassem neles por mais tempo do que o normal, tudo estaria perdido. Malfoy, que inaugurava as execuções e observava tudo com olhos duros e analíticos, limpando o sangue dos sapatos como se não passasse de um incômodo. Malfoy, que subiu inesperadamente rápido nas fileiras dos Comensais da Morte, alcançando o círculo mais próximo de Voldemort. A elite da elite. O Nobílio.

Malfoy, o torturador. O impiedoso.

Como ele foi apelidado, Astaroth: demônio entre os homens.

Não importava que ele não tivesse matado ninguém, que afirmasse não ter matado. A crueldade em seu olhar não escondia segredos.

- Eu sei como fazê-lo falar, - ele disse, sua voz cortante como uma adaga. E quando Harry pensou nisso - pensou nas coisas que Malfoy faria para conseguir isso, lembrando-se de Hannah, ele apenas riu. Como se ele achasse engraçado.

Harry ouviu coisas durante esses quase oito anos, é claro. Ele sabia o papel que Malfoy representava, quem ele era, como poderia não saber? Histórias de que Malfoy torturava pessoas até a loucura, que usava feitiços que faziam um 'Crucio' parecer brincadeira de criança. Que havia pessoas cujo sangue literalmente fervia, fazendo com que queimassem por dentro e arrancassem a pele com as unhas para não sentir a degradação dos órgãos - mas sua mente nunca conseguiu unir a imagem da criança chorando no meio de uma banheiro por não conseguir cumprir a tarefa que lhe foi confiada, com a de um torturador frio e impiedoso, que despertava o respeito e o medo das pessoas que o conheciam.

Agora ele podia.

- Tem certeza que é uma boa ideia?

Harry voltou-se para a voz assim que entrou, um pouco surpreso. Veio do lado da lareira na sala principal, e o tom desconfiado com que todas as pessoas o trataram desde que ele fez sua aliança com Malfoy ficou evidente nas palavras.

- Não, - Harry respondeu com sinceridade, aproximando-se dela, - Mas você pode pensar em uma maneira melhor de descobrir o que Narcissa tem a ver com tudo isso, do que seu próprio filho?

A mulher esticou as longas pernas no sofá, o livro em suas mãos escorregando ligeiramente enquanto ela o observava, seus olhos azuis examinando seu corpo.

Harry sabia que ela estava ouvindo seus pensamentos.

- Você deveria me deixar entrar em sua mente, - ela disse preguiçosamente. - Ver o que está lá dentro, o que ele sabe... e então se livrar dele.

Desolation | Drarry Onde histórias criam vida. Descubra agora