22. Irlanda

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Antes de deixar a base, Harry fez questão de se despedir de todos de quem gostava.

Luna, Bill, Hermione, Harry, Fleur, Padma e Simas estavam indo na missão. E bem, Monstro também, é claro. Luna queria se reencontrar com Hagrid, pois raramente queria outra coisa, e Hermione se recusou a deixar Harry ir sozinho, além disso, ela também estava animada com a perspectiva de ver o meio-gigante novamente - foi bom vê-la sorrir, Hermione não sorriu desde Grimmauld Place... Bill e Fleur eram um pacote; o primeiro iria por causa das proteções e barreiras mágicas que eles poderiam ter que contornar, e o último não estava disposto a deixá-lo sozinho. Eles nunca foram separados, e Harry estava bem com isso. Além disso, precisavam de sete pessoas para abrir a barreira de quarentena.

Monstro, por outro lado, era uma história complicada.

Sua memória e sua cabeça foram claramente afetadas por ter ficado sozinho por tanto tempo, desnutrido. Acrescente a isso os doze anos anteriores em que ele morou em Grimmauld Place com ninguém além do retrato de Walburga Black, e era um caso para psiquiatria. O elfo se lembrava das últimas semanas com Harry, Hermione e Rony – o café da manhã, as palavras calorosas, a conversa sobre Regulus Black – com mais nitidez do que se lembrava das coisas ruins. Para Monstro, seu relacionamento com seu “Mestre” melhorou a ponto de ele sentir lealdade a ele. Então, quando Harry não voltou mais depois da manhã do Ministério, quando o medalhão foi roubado, e depois da Batalha de Hogwarts, Monstro afundou em uma depressão profunda que se traduziu em respostas hostis e raivosas que pareciam uma atuação - bem, elas eram uma atuação, se alguma coisa significava as lágrimas que ele derramaria de repente quando estava longe de Harry por longos períodos de tempo, mas ninguém queria apressá-lo a mudar de atitude.

De qualquer forma, não demoraram muito para convencer Monstro a ajudá-los a encontrar Hagrid nesta missão.

A magia dos elfos era frequentemente desconhecida até mesmo para eles; as coisas que fariam por seu Mestre poderiam ser desconcertantes. Harry passou a acreditar que Monstro poderia ajudá-los a encontrar Nagini, assim como disse que poderia encontrar Hagrid. Mas a diferença era que com Hagrid ele teria um símbolo de seu poder, que deveria estar imbuído perto ou na própria prisão de Grindelwald. Com Nagini não havia nada.

Não importa o que acontecesse, a capacidade de Monstro de aparatar entre países e mesmo quando havia barreiras anti-aparatação já era um bom motivo para levá-lo para a Áustria.

Parecia ser um bom plano, só que Harry estava insatisfeito com ele. Também não ajudou o fato de a última pessoa a acompanhá-los ter sido, obviamente, Malfoy.

Mas não foi isso que fez Harry se sentir um merda.

Durante todos esses anos, Ron e Hermione sempre estiveram ao seu lado, não importando quais fossem as circunstâncias ou quão difícil fosse a situação. Sempre. Era como uma verdade indiscutível. Mas agora, seu melhor amigo não poderia ir por causa da perna, e ele também deixaria sua namorada recentemente ferida sem seu apoio. A impotência com que Ron os assistiu se despedirem de todos no pátio foi algo que fez o coração de Harry apertar.

— Cuide dela, — Ele murmurou em seu ouvido enquanto se despediam, com um toque de súplica. — Por favor, Harry, cuide dela.

Harry engoliu em seco, sabendo que deixar Ron sozinho também não seria muito divertido para ele. Um ataque ou tragédia poderia acontecer a qualquer momento.

— Eu vou, — disse ele sem soltá-lo. — Eu prometo.

Ron o soltou e pelo resto dos minutos restantes ele não saiu do lado de Hermione.

McGonagall também estava lá, olhando para ele com a mesma severidade que fazia quando ele era menino. Harry teve a impressão de que toda vez que McGonagall os via partir em alguma missão ela se lembrava de como eles eram em Hogwarts, de como ela os viu crescer e de como estava com medo de perdê-los. McGonagall havia perdido muito, e Harry tinha certeza de que a mulher lhe daria o outro olho para que seus alunos não continuassem morrendo.

Desolation | Drarry Onde histórias criam vida. Descubra agora