12. Rookwood

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— ... Mas ele está estável.

Pela primeira vez em horas, Harry sentiu que poderia respirar novamente.

Hermione desabou em seus braços com as palavras de Padma, que junto com Madame Pomfrey estava encarregada de estabilizar Ron. Ele a sentiu enterrar a cabeça em seu peito. Harry passou os braços pelas costas do amigo, ficando cada vez mais acostumado aos abraços de Hermione quando as coisas ficavam difíceis. Ele respirou fundo.

— Vai ficar tudo bem, — Harry sussurrou no cabelo de Hermione, fechando os olhos. — Ele vai ficar bem. Ele sempre fica.

Hermione cerrou as roupas dele e suspirou trêmula. Ela esteve com Ron enquanto ele estava sendo curado durante a noite, mas depois de perder a paciência em uma ocasião delicada - assim como Harry - ela teve que ser levada embora. Então ela e Harry ficaram no corredor pelo resto da noite esperando que eles saíssem com alguma novidade, o que não aconteceram até então.

Por outro lado, todos os Weasley estavam juntos na sala, provavelmente ouvindo com feitiços o que estava acontecendo com Rony. Harry ficou momentaneamente aliviado por não ter que lidar com eles. Não naquele minuto.

— Eu não sei o que faria sem ele, — Hermione murmurou, ainda lutando contra as lágrimas.

Harry apertou-a com mais força. — Nem eu, — disse ele, — mas ele ficará- ele ficará bem.

A Maldição Podre foi uma das mais complicadas de lidar, e a maioria das vítimas não sobreviveria se não fosse detectada a tempo. O problema era que se restasse uma única célula na carne afetada pela maldição, ela se espalharia, então cada vez ela teria que ser cortada mais – e mais, e mais. Sem mencionar que os feitiços de diagnóstico não eram muito eficazes em carne que estava começando a se decompor. Então Ron foi amputado até a borda do quadril desde o início, para evitar isso.

A dificuldade que tiveram, segundo Padma, foi que quando a perna começou a se regenerar por causa das poções, ela apodreceu mais uma vez, então eles não sabiam o que fazer ou que plano de ação tomar. Ron estava perdendo muito sangue para continuar lhe dando a poção de crescimento ósseo e depois cortando a perna se falhasse; mas também, se cauterizassem a ferida e desistissem, seria impossível fazê-la crescer novamente.

E trancado naquela mansão, que tipo de prótese o ajudaria a andar novamente?

Felizmente, eles encontraram a origem da podridão. E depois de estabilizá-lo, deram-lhe a poção para que pudesse crescer uma nova perna. O problema era que talvez não crescesse completamente; a dosagem poderia não ser suficiente. Mas eles simplesmente teriam que ver isso com o passar das horas. Por enquanto, eles tinham que se concentrar em mantê-lo vivo.

Harry sentiu a exaustão tomar conta dele assim que Padma desapareceu de vista, e até mesmo Hermione parecia prestes a cair. Nenhum deles havia dormido nas últimas duas noites por puro medo, e as olheiras denunciavam isso. Os dois não tomaram banho por mais de três minutos, se for o caso, mas foi o máximo que conseguiram chegar daquela porta.

Hermione finalmente se separou, um pouco mais calma, e olhou para ele com seus olhos castanhos brilhando. — Devíamos ir dormir, — sugeriu ela, embora todo o seu corpo parecesse querer gritar com ele que não podiam.

Harry assentiu. — Por que você não pede para ficar com Ron? Você pode dormir ao lado dele.

— Você está certo, não sei por que não pensei nisso, — ela murmurou para si mesma, seu rosto se iluminando. Harry sorriu sonolento para ela.

— Porque nossos cérebros estão cansados, — ele respondeu, empurrando-a para dentro da sala. — Vá em frente. Padma ainda está lá.

Hermione quase o fez, andando alguns passos para dentro da sala antes de parar na porta e observá-lo com os olhos semicerrados. — Harry, você precisa dormir, — ela disse, quase em advertência.

Desolation | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora