35. Azkaban

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Durante a semana e meia que se passou, tudo o que Harry conseguia fazer era pensar naquele quase beijo.

Estava fora de suas mãos fazer qualquer coisa a respeito.

Talvez fosse por isso que ele não conseguia tirar isso da cabeça.

Astoria mostrou sinais de vida duas horas depois que Draco saiu, relatando que, embora tivesse sido interrogada no Ministério, ela saiu ilesa e sem nenhuma suspeita sob seu nome. Ela não era a melhor em Oclumência, mas conhecia os métodos de legilimência como ninguém, então sabia como contorná-los. E, afinal, era verdade que seus colegas e o resto do mundo mágico a subestimavam bastante; tanto que não achavam que ela fosse inteligente o suficiente para trair Voldemort. Então, com isso resolvido, e sem luta — por enquanto — seus pensamentos estavam divididos entre encontrar uma maneira de acabar com aquela guerra, a morte de McGonagall e Malfoy.

Sem outras distrações.

Ele estava tentando não pensar nele, assim como estava tentando odiá-lo também. E tudo isso o estava deixando de péssimo humor, porque tudo o que fazia era se preocupar duas vezes mais do que já se preocupava; como tentar remover uma adaga, e cada vez que ela se move, ela fica mais e mais cravada.

Harry não queria isso, ele e Malfoy concordaram nisso. Se estivesse entre suas escolhas — o que não estava — ele não teria escolhido Malfoy de todas as pessoas. Por causa de quem ele era; por causa da história entre os dois. Malfoy havia chamado sua melhor amiga de sangue-ruim, havia tornado a vida miserável durante sua infância para todos eles, e principalmente para ele. Ele havia deixado Comensais da Morte entrarem em Hogwarts. E a lista continuava. Dada a escolha, Harry definitivamente teria escolhido algo mais... fácil. Fácil no sentido de, "Olá, não temos que lidar com toda essa história e culpa."

Mas, por outro lado, ele não queria nada disso porque já tinha experimentado o que era temer pela integridade daqueles com quem se importava e acabar perdendo-os. Harry se importava com pessoas suficientes do jeito que estava: os Weasleys, Ron e Hermione, Seamus, Luna, Astoria... Ele não precisava sentir que seu mundo inteiro poderia desabar de um segundo para o outro só porque Malfoy tinha se machucado. Ele já tinha sofrido o suficiente.

Mas não importava o quanto ele pensasse sobre isso, o quanto ele se forçasse a ser racional... não havia nada que ele pudesse fazer sobre o que Malfoy estava causando nele, nada. Porque Harry já sentia todas essas coisas, e ele não sabia desde quando, como ou por quê. Ele se importava com Draco, ele se importava demais, e não da maneira que ele se importava com outras pessoas, ele já tinha percebido. Ele até confessou isso a ele como se isso trouxesse algum tipo de alívio.

Não aconteceu.

Talvez a cabeça de Harry estivesse ainda mais confusa do que antes.

Draco jogou na cara dele todas aquelas coisas que ele deveria odiar nele — o distintivo, sua Marca, as torturas —, e em vez disso, enquanto eles estavam de frente um para o outro, Harry se lembrou dos sorrisos suaves que apareciam em seu rosto quando Malfoy não notava. Harry pensou em sua risada: baixa e comedida; aquela que ele soltava quando algo realmente o fazia rir, aquela que parecia um segredo; um tesouro que você só encontrava se prestasse bastante atenção. Ele se lembrou dos comentários não intencionais que acabavam sendo engraçados, porque, sem querer, Malfoy era uma pessoa engraçada quando não estava tentando ser deliberadamente cruel. Harry pensou em quão inteligente ele era, no jeito que ele falava e nas coisas que ele fazia. Como ele o abraçou, prometendo que nada era culpa dele, ou como ele salvou sua vida na Áustria.

Porra.

Harry queria agarrar seu rosto e beijá-lo desesperadamente até doer por fazer isso com ele, porque não era justo. Ele queria chamá-lo, conversar sobre as coisas, ou escrever para ele. E ao mesmo tempo ele não fez isso; Malfoy o havia rejeitado, e Harry reconheceu que dar esse passo era uma via de mão única.

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