24. A Chamada

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(07h21)

Sua cabeça doía, sua barriga doía, cada pedacinho de seu maldito corpo doía.

Mãos o seguravam ou era imaginação dele? Provavelmente era. Draco sentiu como se estivesse flutuando enquanto suas roupas grudavam nele como uma segunda pele. E não importava se ele mantivesse os olhos fechados ou abertos, porque de qualquer maneira ele não conseguia ver nada. A manhã não passava de um borrão no centro de sua pupila, e suas pálpebras estavam pesadas demais para fazer esforço para mantê-las abertas.

Um canto de seu cérebro estava irritado consigo mesmo, porque se ele não tivesse ficado na frente de Potter, isso nunca teria acontecido. Estaria tudo bem. Foi um ato impensado, impulsivo e imprudente. Draco raramente agiu assim em sua vida.

E para completar sua estupidez, ele provavelmente morreria agora. Ótimo.

Mas... estava claro para ele que ele nunca teria se perdoado por deixar Harry morrer. E em segundo lugar... se ele pensasse bem, finalmente morrer seria um alívio.

Ele veria sua mãe novamente.

A morte era uma forma de libertação.

No entanto, seu pai precisava dele vivo. Então ele esperava que onde quer que estivessem, conseguiriam salvá-lo.

— Porra... você pode... é... Malfoy...

Draco não conseguia ouvir direito, o mundo parecia entorpecido, embora ele pudesse ter certeza de que a voz vinha de um lado de seu ouvido. Eram gritos e passos? Draco teria apostado que a luta já havia acabado.

Sem perceber, ele soltou um gemido porque foi movido abruptamente. Ou ele se moveu? De qualquer forma, ele sentiu vontade de vomitar e tossir. Tossindo muito. Jorrando líquido pela boca.

— Vamos... você pode...

As vozes ficavam mais agitadas a cada segundo que passava, e o coração de quem o segurava batia exageradamente rápido. Ou talvez fosse seu próprio coração.

Embora Draco duvidasse, ele se sentia cada vez mais fraco a cada segundo.

Os braços o seguraram com mais força, como se acreditassem que essa era a única maneira de salvá-lo da morte iminente. Draco caiu sobre eles, rezando para que pudessem curá-lo logo, e ele ficou, momentaneamente, inconsciente.

***

(07h22)

Harry congelou, seus pés ameaçando derrubá-lo imediatamente enquanto as vozes do grupo ecoavam em seus ouvidos.

Ele não conseguia acreditar no que estava vendo. Seus sentidos estavam divididos entre finalmente desmaiar, correr até ele, beliscar-se ou gritar, porque não havia como isso ser real. Impossível.

Porque aquele, aquele que se elevava ao longe, era Hagrid.

Era Hagrid.

Ele estava vivo.

Harry chorou por Hagrid, anos atrás. Ele lamentou sua morte e disse adeus a ele, assim como Seamus se despediu de Dean quando aceitou que a reportagem do jornal sobre sua morte e escravidão era real. Eles realizaram uma cerimônia para todos os mortos, para todos aqueles que nunca mais viriam e nunca recuperariam os seus corpos..

Quando Harry aceitou que não havia mais como contatá-lo, que ele provavelmente era apenas mais um corpo na pilha de cadáveres que queimaram em Hogwarts, ele chorou por ele. Harry havia se despedido. E quando Malfoy veio lhe dizer que havia uma chance de ele estar vivo, ele nunca ousou acreditar, não de verdade. Mas lá estava ele.

Desolation | Drarry Onde histórias criam vida. Descubra agora