14. Ensine-me

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— Isso é impossível.

Draco sentiu seu coração disparar e suas mãos tremerem. A pressão do toque de Astoria em seu ombro foi um lembrete de que o que estava acontecendo era real e ele não poderia escapar. Não importava o quanto ele quisesse.

— Tenho minhas dúvidas, foi o que vi, — respondeu Astoria, mordendo o lábio. — Acho que se não é o Imperius, tem que ser algum tipo de feitiço de controle. Isso é mais provável.

Draco levantou-se do sofá com os olhos de Potter seguindo seus movimentos e começou a se virar. Como era possível... Como? Ele suspeitou por um tempo que seu pai pudesse estar sob um Imperius, mas nunca conseguiu provar isso. Ele tentou o máximo que podia. O poder do Lorde das Trevas era tão grande que Draco não conseguiu desfazê-lo? Provavelmente. Ainda...

O pai dele disse que ele matou sua mãe. Todos esses anos ele foi o animal de estimação do Lorde das Trevas, seguindo-o enquanto ele lambia o chão em que pisava. Lucius era um Comensal da Morte respeitado, que cometia crimes estando sob maldição ou não. E Draco, em vez de culpá-lo pelas coisas nojentas que tinha feito, só conseguia sentir um vislumbre de esperança, porque ele era uma pessoa horrível, e porque isso significava que ainda havia uma razão. Um motivo pelo qual lutar. Se seu pai não fosse o responsável direto pela morte de Narcissa – se ele tivesse sido forçado a isso, significava que Draco não havia perdido todos eles. Ele ainda poderia fazer alguma coisa.

Ele ainda tinha algo sobrando.

E você o culpou. Você não foi capaz de buscar a verdade por trás de tudo.

Draco se lembrava das tardes sombrias, das noites em que gritava com Lucius e quando a raiva era tão grande que estava prestes a fazê-lo sofrer muito. A culpa deu um nó em seu estômago, sua cabeça repassando o rosto de seu pai, agora claramente, vago e distante. Suas frases repetidas e praticadas. Draco o culpou.

Parecia que era tudo o que ele fazia: destruir tudo o que tocava.

— Não podemos confiar em suposições, — Potter deixou escapar, levantando-se também.

Draco revirou os olhos para ele, saindo de seus pensamentos. Potter estava certo, sim, mas isso não o impediu de ficar irritado por querer eliminar a possibilidade antes que eles realmente soubessem do que se tratava.

— Ele tentou impedir a cerimônia, — Draco disse, sua voz perfeitamente calma, embora por dentro ele sentisse que iria explodir de emoção. — Isso aconteceu. Astoria dis-

— E como isso muda as coisas? — Potter retrucou, estreitando os olhos. — Não podemos resgatá-lo de Azkaban com base em uma teoria.

A mandíbula de Draco se contraiu.

— Eu nunca disse isso.

— Mas você estava prestes a sugerir isso.

— Não...

— Pode ser uma boa ideia, — interveio Astoria, que ouviu a conversa em silêncio. — Rookwood, além de ser um dos melhores Oclumentes que já enfrentei, também não sabia de tudo.

A mulher caminhou até ficar na frente deles. Antes disso, Draco não tinha percebido que ele e Potter estavam discutindo cara a cara a pouco mais de um metro de distância.

— Astória...

Astoria ergueu uma sobrancelha ao ouvir a voz de Potter.

— Desde que comecei a trabalhar com a Ordem, coletamos apenas pequenas informações, e você sabe disso. Aprendemos muito mais nos últimos tempos do que nos últimos cinco anos, e ainda assim, não é o suficiente. Sabíamos que Rookwood era uma peça importante, e ele tem sido, mas isso não significa que Lucius não seja ainda mais. Especialmente... — Astoria fez uma pausa, lançando um rápido olhar para Draco. — Especialmente considerando que, com os danos que sofreu graças ao Imperius, o Lorde das Trevas certamente subestimou Lucius, há informações ocultas em sua mente. Provavelmente sem barreiras de Oclumência protegendo-o e sem Obliviate.

Desolation | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora