29. Covarde

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Harry correu para o labirinto, batendo o portão atrás de si e xingando.

Draco estava inconsciente em seus braços, e Harry estava com muito medo de soltá-lo para sacar sua varinha, mas não tinha certeza se conseguiria arrastá-lo para a frente da mansão, sabendo que ele estava exausto e que Malfoy era mais alto e um pouco mais musculoso do que ele. Harry cerrou os dentes, pensando em quem chamar. Seu cérebro estava acelerado.

Madame Pomfrey não era uma opção, ninguém conseguia tirá-la da cama. Hermione e Ron estavam descansando, e de qualquer forma, Harry não colocaria seu amigo na posição de tocar em Malfoy, ou qualquer outro homem, na verdade, e Ron não poderia ajudá-lo em seus termos. Ele olhou para o rosto pálido de Malfoy, e sentiu um instinto protetor fluir por suas veias. O desespero o atingiu também.

Naquele exato momento, observando o sangue escorrer do peito de Draco e manchar suas roupas, Harry nem se lembrava do porquê de ter ficado tão bravo nos dias anteriores. Tudo desapareceu. Ele tinha apenas uma preocupação em mente.

Ao chegar ao fim do labirinto, ele começou a gritar.

— Kingsley! Padma! Preciso de uma mão!

Harry cerrou os dentes, repetindo mais uma vez, e não demorou mais do que um minuto para que um par de passos apressados o alcançassem. Num aceno de sua varinha, Malfoy estava sendo levitado, inconsciente, em direção à entrada da mansão.

Harry parou no meio do caminho para ver Padma — que agora estava quase totalmente recuperada do braço — carregando Malfoy rapidamente para longe, sua mente fixada em seu paciente como a curandeira que ela era. Ele parecia calmo no ar. Como se não tivesse caído direto em seus braços. Como se não parecesse ferido e desequilibrado.

O que aconteceu?

Harry levou apenas um décimo de segundo para olhar para baixo.

Ele imediatamente sentiu-se começar a tremer.

Ele tocou seu peito, suas mãos, seus braços, suas roupas. Para onde quer que olhasse, ele estava vermelho; um vermelho escuro e espesso. Ele estava coberto de sangue.

O sangue de Malfoy.

Não.

Harry correu atrás de Padma.

Não por favor.

Seja lá o que for, não.

Parte do seu cérebro desligou. Ele estava vagamente ciente de que gritou para Padma que ele poderia levar Malfoy para o seu quarto, o tempo todo pensando sobre o que diabos tinha acontecido e por que ele apareceu na porta daquele jeito. Ele teve um mau pressentimento, Harry sentiu zumbindo em seus ouvidos, sob seus dentes e entre suas unhas. O sangue em suas mãos ainda estava pingando, enquanto ele continuava a correr. Harry assistiu horrorizado.

Infelizmente, não foi a primeira vez que ele teve o sangue de Malfoy nas mãos.

Ele já havia sido a causa dos ferimentos dele.

Mas — Mas Draco deveria estar bem, ele deveria estar protegido em seu círculo de Comensais da Morte. Ou pelo menos, que sua vida não estava em perigo. Harry nunca acreditou que fora de combate — que fora de combate acabaria... assim.

Padma entrou em seu quarto, seguida por mais dois medibruxos que ela havia chamado no caminho, e continuou com seus afazeres sem nem perceber que Harry estava ali, olhando para tudo com grandes olhos verdes.

A mulher rasgou as roupas de Malfoy, revelando pele em carne viva. Os outros dois garotos fizeram feitiços de diagnóstico nele. Harry observou, ainda mais horrorizado, enquanto um desses feitiços lançava manchas e traços de magia negra por todo lugar. Isso explicaria por que Draco não parava de sangrar.

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