XI. Galanteador Nato

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 — Sempre tomarei cuidado, mas quero ajuda. — Luke disse no decorrer da tarde. — Imagino que já conheça meus modos...

— Sim... e vou colaborar. — Amanda assentiu. — Seu pai não se chateará com isso? Tipo, sei ser adequado casarem-se enquanto castos e essa não é bem a minha realidade.

— Sei disso... não tenho como dizer como ele reagirá, mas não acredito que será assim tão ortodoxo... espero — riu. — De qualquer forma, não o permitirei ser rude com você.

— É bom não nos prolongarmos aqui, então!

Amanda começou a organizar suas coisas para sair.

— Pode passar a tarde lá em casa. — Ela o sugeriu enquanto desciam até o carro. — Assim, não estaremos sós.

— Isso já significará nos expôr... e sabe, não?

— É importante, 'né!? — riu. — O bom de um casamento de conveniência com você é que eu não preciso esperar coisas estranhas... não preciso me forçar a nada... isso ajuda!

Ambos acabaram rindo e deixaram o prédio.

Na casa de Amanda, passaram o resto do dia sentados à sala. Com o contínuo fluxo de empregados na casa, era impossível ficarem sós por um momento sequer.

Amanda ainda ajudou, pedindo pela companhia de uma das moças — que já treinava para ser a futura governanta.

Eles conversaram sobre muitas coisas: dos dias mais agitados no trabalho às músicas que mais gostavam, afinal, o objetivo era realmente tentar se entender como um casal.

Algo que dava estranheza a ambos, mas se esforçaram e conseguiram se divertir em diferentes momentos da tarde.

— Tenta descansar amanhã... — Luke a disse ao levantar para partir. — Se precisar, liga que eu te ajudo — sorriu.

Ele se aproximou e beijou a testa de Amanda, zeloso.

Conseguiu tirar o ar da amiga apenas com aquele gesto.

Surpresa com a sensação, Amanda o observou partir.

***

Deixando a casa, Luke se deparou com a chegada de Roberto, que estranhou a presença do rapaz em sua casa, vestido tão casualmente.

Salaam aleikum, senhor! — O rapaz o cumprimentou.

— Boa noite, garoto... — O homem pareceu desconfiado. — Como estão... sua mãe, seu pai?

— A mãe está bem. Ficou preocupada com o senhor, mas já não está explodindo de preocupação — sorriu. — O pai continua espirituoso... difícil de lidar — deu de ombros.

— Mande um abraço para ambos!

Luke o cumprimentou e foi ao carro.

Antes de assumir o volante, apenas se recostou e suspirou; não podia evitar se sentir mal por estar lidando com um início de relacionamento tão diferente.

Das suas muitas convicções, ele jamais pensou que estaria envolvido com algo que seria, essencialmente, mera representação de interesses tão pequenos.

O lado bom é que Amanda era uma grande amiga e isso jamais mudaria... mas entre amar uma grande amiga e casar com ela havia um grande abismo!

Quando sua mente lhe deu mínimo descanso, ele ligou o carro para dirigir para casa devagar por temer que suas preocupações acabassem lhe tornando imprudente.

***

— Namorando? — Foi o que Roberto perguntou ao entrar.

Amanda se assustou com a chegada do pai, imediatamente após a saída de Luke. Olhando-o, a moça se encorajou:

— A-ainda não... — Precisou respirar fundo antes e depois.

— Ouvi muita história pela semana... Olha lá, hein!

Preocupado, ele se aproximou para beijar sua testa.

Não pôde deixar de sentir o forte perfume de Luke na filha, mas optou por não comentar nada sobre isso.

— Não precisa se preocupar, meu pai. — Amanda o tranquilizou. — Quando for... se for para ser, o senhor será um dos primeiros a saber; mas, por ora, só estamos conversando.

Com uma sobrancelha levantada, ele observou a filha, mas nada disse. Seguiu até o armário para pegar sua dose de uísque cotidiana e se sentou, afrouxando a gravata.

— Ainda não tive conhecimento do conversado na recente reunião com a criança Nazari... o que não estou sabendo, filha minha? — indagou após um generoso gole.

— Eles cogitam ser mais exigentes com alguns de nós para seguir fazendo negócios... Pode ser que, a independer da resolução iraniana, as coisas precisem ser mexidas.

— Por isso não consegui vê-la em casa pela semana?

— Sim, ainda não falei com nenhum dos nossos, mas já estou estudando nossas possibilidades. É complicado... odiaria demitir alguém por uma exigência tão pessoal...

— Deixe o jurídico devidamente avisado sobre. Será complexo e, em caso de demissão, ainda pior. Pode ser que alguns dos nossos entendam, mas não todos.

— Farei isso. Ainda não o fiz por precaução. Não quero meter as mãos pelos pés, meramente por ouvir o homem.

— Ele solicitou uma reunião comigo... — Roberto ficou mal-humorado. — Queria saber se eu queria casá-la...

— Casar!? Eu!? — Ela franziu o cenho, revirando os olhos. — Argh... que homem abusado! — reclamou.

— Sim, sorte que é uma relação muito longínqua para eu romper meramente por isso — riu —, mas, não mentirei, que consegui ter muita raiva daquele homem.

— Ele não me parece do tipo que sossega... o que acha?

— É uma guerra perdida para ele... principalmente agora, sabendo que você já está flertando com alguém — deu de ombros. — Não quero pensar nisso, mas devo perguntar... esse novo flerte tem a ver com essa notícia dos Nazari?

— Não, senhor! — mentiu. — Já somos amigos há algum tempo... acabamos lidando com a possibilidade há pouco, mas não queremos nos apressar, sabe?

— Luke é um bom garoto. Apesar de viver sob pressão do pai para casar, nunca me pareceu ruim. — Roberto lhe sorriu. — Tenho ciúme da minha filha, mas sei reconhecer.

— O senhor é amável, meu pai! — elogiou.

— Seguindo parte de seus costumes, a vida pode ficar um pouco diferente para ti... sabe disso, não?

— Sim... estou preparada para isso. Não cogito uma conversão ou algo do tipo, mas já conheço o estilo de vida e não mudará tão drasticamente para mim.

— Ótimo! Cuide-se sempre.

Amanda assentiu e também se serviu para acompanhar o pai numa dose antes da refeição. As conversas foram poucas em meio a refeição e eles subiram juntos.

— Se ele for abusado com você, me avisa! — Roberto alertou a filha, beijando sua testa.

— Difícil... é mais provável eu ser abusada com ele, meu pai! — riu. — Também me parecia ser só um personagem, mas... conversando... ele realmente é casto e essas coisas...

— Não sei! — deu de ombros. — Muitos aparentes bons homens podem surpreender com uma natureza ruim...

— Pode deixar, meu pai. Não se esqueça que o senhor é meu melhor amigo... sempre vou te procurar, seja para desabafar ou para contar minhas vitórias.

Roberto assentiu e lhe desejou uma boa noite.

Seguindo ao quarto, Amanda se asseou e se jogou na cama. Ainda sentia o forte perfume de Luke, o que lhe fez adormecer com um largo sorriso no rosto.

"Ele não precisa de muito para fazer acontecer...", era o pensamento que rondava sua mente.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora