XX. Um Rastro de Corrupção

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 Arroz com lentilhas e carne de cordeiro foi a pedida de Amanda, considerando ser a refeição que Luke sempre mostrou predileção — e ela não era exigente com o que comer.

Num primeiro momento, Mariana ficou levemente acanhada por ser a "vela" do almoço, mas os amigos provaram que o objetivo era apenas ter conversas frívolas.

Os assuntos foram de nomes de ruas e o quanto se repetiam país adentro até as frutas preferenciais para se comer ao fim de uma refeição... muito aleatórios.

— Agradeço pela companhia, habibti. — Luke lhe sorriu. — Agradeço a ti também, Mari. Sei ser abuso, mas gostaria de contar com sua presença, se precisarmos novamente.

— Tudo bem... eu acho! — Mariana deu de ombros.

Ao fim da refeição, ele dispensou o vinho, já que as meninas podiam se acompanhar com esse aperitivo.

— Não sou a mais adequada... já que é coisa religiosa, mas nunca negarei — complementou. — Faço tudo para ver minha amiga feliz... e sempre torci por vocês, já falei isso? — riu.

— Sim, já disse. — Luke riu.

— Isso de habibti para cima e para baixo é coisa de gente apaixonada. — Mariana levantou uma das sobrancelhas. — Pode esconder dela, mas reparo tudo! — brincou.

Luke apenas riu, franzindo o cenho, e Amanda olhou para o amigo, indagando-o em silêncio. Sempre muito extrovertida, Mariana apenas seguiu com a brincadeira:

— Nunca chamou ninguém de habibti, senão ela... isso não é normal... tem método, senhor Luke, e eu já percebi.

— É pelo hábito. — Luke justificou, meneando a cabeça. — Crescemos juntos e ela é muito querida para mim... muito!

— Ai! Não querem mudar o assunto? — Amanda pediu.

— Eu não! — Mariana gargalhou. — Quando terei oportunidade de implicar com você de novo? Lembra o quanto você pegou no meu pé nas vezes que arrumei namorado?

— Ai, amiga... que vingativa! — Nada ela pôde fazer, senão rir. — Luke... não ouve ela! — repreendeu o amigo.

— Tentarei, mas não vou ignorá-la, habibti...

— Quando começou a chamar Amanda assim? — Mariana continuou o assunto. — Isso é algo que sempre quis saber.

— Ela me ajudou no colégio uma vez... — O olhar de Luke distanciou com a nostalgia e ele sorriu de canto de boca. — Sempre tive esse jeito bem calmo... mas, já tive meus acessos de raiva e, numa dessas, ela me impediu de brigar.

Amanda abaixou a cabeça com um sorriso que conseguia exprimir toda sua timidez. Meneando a cabeça sem parar, sua vontade era simplesmente sumir dali.

— Nem consigo te imaginar brigando! — Mariana riu.

— Nunca gostei... é haram, 'né!? — deu de ombros.

— É!? — Novamente, a moça riu.

— Sim, disse o profeta: "Não tenham raiva um do outro, não invejem o outro, nem lhe desejem mal; não volte as costas ao outro, sejam servos de Allah, irmãos entre si."

— Quem diria! — Mariana pasmou. — Como-

— Como existem terroristas? — interrompeu. — Complexo... Depois de muito ouvir sobre, eu só tenho certeza que não há ligação do Islão com o terrorismo — deu de ombros.

— Na primeira vez que me chamou habibti, a briga era justamente por isso, não!? — Amanda o olhou, sempre compadecida pela melancolia que Luke sentia ao falar disso.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora