Aceitando o almoço na casa de seus pais, Luke levou Amanda e era sobre a avassaladora saudade de Luiza, que sempre fora maior companheira de Luke em seu cotidiano.
As semanas seguintes foram bem ocupadas.
Devagar, as ideias de Amanda deixaram o papel para serem apresentadas ao conselho de acionistas, que recebeu a ideia com o mesmo entusiasmo da moça.
Com mínima publicidade, instituições contataram para se juntar ao projeto e o casal não poupou esforços ao investir.
Foi dois meses para organizar tudo e hospedar um evento: uma grande feira de negócios com foco em executivas.
Se algumas organizações que reabilitavam mulheres seriam as mais beneficiadas com o projeto da moça, nada mais justo do que exaltar aquelas que já conquistaram um espaço.
Amanda não lembrava daquele frio na barriga ao subir ao palco para falar de ideias que tiraram seu sono por dias!
— Boa tarde, senhores. Sou Amanda Franco e, hoje, eu viso expandir. — Ela iniciou seu discurso. — Viso ir além!
Ela subiu no palco, acompanhada de Luke.
— O objetivo já não é apenas nos aprimorarmos e nos valorizarmos... mas, aprimorarmos todo o mercado halal!
O largo sorriso da moça estava confiante.
Às suas costas, dados referentes ao mercado de trabalho surgira, mostrando a fatia ocupada pelo mercado halal.
— Conhecemos a nossa importância. Como CEO da Franco & Silva Exportadora, sei o quanto nos comprometemos diariamente para zelar por produtos que visam o zelo.
Luke acabou sorrindo, assentindo com a cabeça.
— Estar nesse ramo, nessa indústria, ensina mais do que apenas cuidar de alimentos, transportá-lo entre países...
A moça caminhou tranquilamente no palco.
— Ensina mais além de meros tributos e conversões...
A moça olhou para Luke e lhe sorriu.
— Salaam aleikum. — O jovem os cumprimentou. — Muitos de nós vivemos a nossa fé. Conciliar uma filosofia com negócios do século vinte e um pode ser um grande obstáculo.
Alguns dos muçulmanos presentes assentiram e riram.
— Antes de Allah me permitir casar, fui abraçado pelo ambiente corporativo onde estava. — Luke falou. — Lidei com o mais difícil dos dilemas: ser halal numa sociedade kafir.
— Jamais saberia como é! — Amanda sorriu. — Mas, ser CEO também é zelar pelos seus, estar por eles e tê-los por nós.
Ela olhou para Luke e suspirou.
— A resolução iraniana que tanto nos agitou nos últimos dias finalmente saiu e não será necessária uma transição drástica a novos modos de vida para seguir onde estamos.
— In sha' Allah! — Luke bem-disse, incitando outros a também erguerem suas preces.
— Os últimos meses foram uma grande lição para todos nós e creio que todos, em seus respectivos ambientes, lidaram com as mesmas dificuldades que lidei.
Muitos assentiram com a cabeça.
— Em meio aos muitos ataques que sofremos, muita coisa boa nasceu e esse, senhores, é o Projeto Najra. Nascido em momentos de turbulência, visando salvar vidas das turbulências permitindo o florescer de um valor que todos prezamos.
Luke precisou respirar fundo.
— Com ele, quero dar à luz algo que aprendi com o povo marginalizado a quem minha família se dedica há anos!
Finalmente, a moça seguiu até um banco sobre o palco para se sentar e olhou na direção dos dados do telão.
— Isso é o que significamos para o mercado de trabalho. Esse é o volume de vidas com as quais lidamos diretamente, sem contar todas as muitas vidas impactadas por nosso trabalho indiretamente... e é um orgulho ser parte disso!
A moça sorriu largo e muitos aplaudiram.
Olhando para Luke e assentindo, ele trocou o slide para exibir a capacitação dos profissionais no mercado halal, faixa etária, sexo e como estavam distribuídos.
— Ser uma figura tão importante do mercado halal é ímpar, porém, combater preconceitos também é parte do que fazemos em nosso cotidiano.
A moça leu os números do slide e voltou a olhar o público.
— Não é apenas sobre a participação feminina, mas sobre a capacitação e a confiança em grandes lideranças femininas. Hoje, nós queremos investir no futuro.
— Queremos agradecer a todos que, como nós, depositaram sua confiança. — Luke assumiu a palavra. — No Islã, aprendemos amor e cuidado com os nossos; o Islã não admite separar nossa vida porque tudo compõe uma única peça, forjada por Allah... uma obra-prima.
— Aprendendo com quem servimos, daremos esse primeiro passo, confiando que nossos laços, mesmo em meio a nossa competição, possam dar frutos; que possamos, enquanto mercado brasileiro, expandir mais.
Foi o momento de Luke assumir a palestra enquanto a moça bebia sua água. Sendo diretor financeiro da exportadora, ele assumiu para falar de números.
Criou projeções de curto e longo prazo para mostrar o impacto do programa de capacitação de mulheres na produtividade da empresa.
Alguns que já se mostravam interessados em absorver parte das reabilitadas também estiveram presentes na apresentação elaborada por Luke.
Ele exibiu uma projeção para exibir como aquela mudança com os planos de expansão deles, enquanto mercado, ajudaria na competitividade e até a ascensão de novos players.
Amanda reassumiu para dissertar sobre o nascimento daquele projeto e o quanto impactaria nas políticas da empresa.
Explicou todo o processo do contato com a futura empregada, a educação da futura empregada e a admissão.
Com um encerramento longo, eles citaram todos que contribuíram para chegarem até ali: das instituições de ensino aos colegas da indústria que cederam suas visões da ideia.
Os interesses envolvidos eram muitos.
Dos que cumpriam com o que julgavam correto, meramente por sua religiosidade, aos que entendiam que, a depender do impacto, muitos estariam preparados para lidar com possíveis "resoluções iranianas" no futuro.
Findado todo seu falatório, o casal desceu para conversar com as pessoas. Novamente, foi o momento de Amanda acabar bebendo uma taça de vinho com todo mundo.
Luke dirigiu na volta para casa e Amanda acabou cochilando no banco do carona. Acordou meio tonta.
— Parece um déjà-vu! — Ele riu, pegando-a pela cintura.
— Haha, engraçadinho — ironizou.
Ele seguiu com a moça ao quarto.
Cuidou para levá-la ao banho e a retornou à cama.
— Satisfeita? — Ele perguntou, olhando para o teto e acariciando os cabelos da moça, deitada em seu peito.
— Fiquei feliz... talvez... quando tiver uma instituição, ela chamará Najra também... — Ela sorriu largo, olhando-o.
— Ela é bem icônica! — Luke assentiu com a cabeça.
— Lidando com aquelas mulheres... com as meninas... eu até sinto vontade de ser mãe... — A moça confessou.
— Isso é um "casa comigo, o retorno?" — riu.
— Não, bobo! Estou abrindo meu coração! — gargalhou.
— Postergamos essa conversa por todo esse tempo... e, agora, essa conversa ficará para amanhã! — Ele a beijou.
— Tudo bem... — Ela assentiu. — Eu te amo, habib!
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Para Sempre Layla
Lãng mạnHá muitos, existiram Qays e Layla. Apaixonados desde a infância, o amor de Qays por Layla era tão forte que ele se tornou conhecido como Majnum Layla, ou louco por Layla, em todo o deserto. Julgado pela sociedade, Qays precisou se afastar do pov...