XVIII. Um Jantar... Casual

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 — Sou muito grato por me acompanhar nos últimos dias, habibti. — Luke dizia a Amanda. — Creio que essa fala continuará se repetindo por alguns dias... talvez não cesse!

— Não precisa. — Amanda sorriu acanhada.

— Está linda hoje! — elogiou, contendo-se para não ser mal-educado, passeando com o olhar de cima a baixo.

Para o jantar, Amanda realmente tivera um preparo maior que o normal. Comprara um novo vestido, longo de cor escura, e novas joias, principalmente safiras e ouro branco.

Os cabelos cacheados estavam ainda mais belos e soltos com cachos muito bem formados, bailando ao mínimo vento.

As unhas estavam cortadas, mas não pintadas — sabendo do gosto de Luke. Também usou pouca maquiagem, sutil.

Ibrahim atribuíra uma wali, alguém para acompanhá-los. Optou por uma mulher buscando atenuar o provável desconforto que Amanda sentiria com a vigilância.

— Não acho que posso falar diferente. — Amanda o respondeu quando a timidez deu brecha à sua coragem.

Luke não se exacerbou tanto no preparo, mantendo apenas sua pouca vaidade, mas nada tão forte — justamente para evitar atiçar quaisquer vontades inadequadas.

Foi um pouco na contramão da moça, mas até o básico lhe caía muito bem: o smoking de corte bem fino, a barba bem feita, cabelos bem cortados e semblante mais confiante eram suficientes para confundir o olhar de Amanda sobre o amigo.

A moça já se indagava se amigo era a palavra certa.

— Em sua defesa, é impossível um anjo vestir um rabinho, um par de chifres e se passar por demônio — brincou Amanda.

— Galanteador! — riu.

Um incômodo silêncio se instalou até Luke decidir pegar o cardápio para dar sugestões de refeições e bebidas. Juntos, montaram o que teriam para o jantar.

Sua acompanhante dispensou a refeição, aceitando apenas um copo d'água que foi suficiente para a moça passar o resto da noite em silêncio, apenas lhes ouvindo.

O casal não dera trabalho, afinal, ele se importava em agir como cria ser correto e isso era extremamente diferente do que Amanda jamais lidara, coerente para sua vigia.

— Para fazermos isso acontecer, precisaremos lidar com um lugar para viver... já pensou sobre isso? — Luke perguntou.

— Não tive muito tempo para ponderar, mas tenho algumas sugestões. Claro, dependerá do que visamos ter numa casa para conciliarmos ambas as vontades.

— Como vive dizendo, sou um romântico. Quero um grande quintal com piscina para as crianças; um escritório para trabalhar... em nosso caso, dois escritórios...

— Um cantinho para plantar grandes árvores? — riu.

— Com certeza, assim as crianças podem ter um balanço — sorriu apaixonadamente, mesmo seus olhos brilharam. — Precisamos de um ambiente para nossos veículos... e já devemos pensar na segurança das crianças no processo.

— É interessante observar um sonho tão simples e forte! — A moça riu, acabou colocando um dos cotovelos à mesa e apoiando a cabeça para observá-lo com atenção.

Novamente constrangido, Luke deu fim à conversa.

Um final fatal porque a noite já anunciava seu fim.

Já era por volta das nove e Luke não se daria o luxo de ficar até tão tarde com a moça na rua, principalmente pensando na segurança de ambos.

Dirigiu Amanda até sua casa e, ao se despedir, a moça procurou um beijo de Luke. Com toda gentileza possível, ele pousou as mãos em seu rosto e beijou sua testa, sorrindo.

— Tenha uma boa noite, habibti! — disse-lhe breve.

A wali pigarreou para sinalizar o contato longo e ele apenas assentiu. Fitou o olhar de Amanda brevemente e partiu.

Encostada no batente, Amanda suspirou.

"Droga!", repreendeu o calor que sentia.

Hm... será paixão? — Roberto brincou, rindo.

Ela chegou a se assustar e, olhando para trás, viu seu pai próximo; ele observava sobre seus ombros, mas não tardou para se virar e voltar ao sofá.

— N-não, pai! — A moça negou, entrando rapidamente, cometendo a gafe de bater a porta. — D-desculpa! — Desconcertada, ela subiu para o quarto a passos largos.

Roberto apenas acompanhou com o olhar, rindo.

Como a mocinha de um filme de terror, fugindo do serial killer, Amanda foi ao quarto rápido, trancou a porta, se recostando e olhando para o alto. O coração estava acelerado.

"Droga!", tornou a se repreender.

Procurou um banho para lidar com o calor de um beijo que sequer fora correspondido como queria — o que resultou em buscar um maior relaxamento em si.

Mordendo o roupão, conseguiu omitir seus ruídos lascivos, mas não pôde esconder a agitada água da banheira em respostas aos fortes espasmos que tomaram seu corpo.

Não havia necessidade de se preocupar com isso, afinal, ninguém ouviria nada que ocorresse no interior do quarto; mas a mente parecia reviver a adolescência.

Ficava acanhada por buscar satisfazer o próprio corpo com a memória do quente lábio de Luke tocando sua testa, do sorriso com as covinhas... do olhar lhe fitando.

"Como se estivesse me vigiando...", era a inconsciente sensação que ela podia sentir enquanto relembrando do rapaz.

A energia investida para o bailar de suas mãos no próprio corpo intensificou e ela mordeu o tecido com mais força.

"Habibti...", imaginava-o pedir por ela, chamá-la, e isso decretou um ápice que ainda não vivera num amor solitário.

Ficando imediatamente sonolenta, Amanda respirou fundo sucessivas vezes. Quando teve forças, reabriu os olhos e ainda podia se sentir fitada, o que lhe fez sentir timidez.

— Droga, Amanda! — Ela se repreendeu em voz alta. — O que você está fazendo? — indagou-se, certa de não saber.

Mesmo que não quisesse, aquilo poderia indicar uma mudança drástica em tudo. A mera menção de buscar um beijo já lhe deixava com tanta vergonha que queria ficar no quarto.

Para sempre!

"Será que ele percebeu?", indagou-se, meneando a cabeça. "Claro que percebeu, Amanda... a moça chamou nossa atenção!", foi a resposta mais óbvia de sua fração mais inteligente.

Ela se levantou. Precisou pegar outro roupão porque aquele estava encharcado e se jogou na cama após se vestir.

"Será que ele queria?", foi a dúvida que silenciou todos os seus pensamentos, afinal, o sorriso gentil e o bom voto pareciam como todos os outros.

— Amanda! — Roberto chamou, batendo à porta.

Assustando-se novamente, a moça sentou rápido.

— Já estou indo! — gritou.

— Logo o jantar será servido, minha filha.

— Sim, senhor... não me demoro!

Como um furacão irado, ela correu por todo o quarto para se vestir e lidar com parte dos cosméticos noturnos.

Apressou-se para descer e, surpreendeu-se consigo, ao lidar com um atraso para o jantar — muito incomum.

Olhando-a de soslaio, Roberto apenas riu. Já tinham duas taças de vinho servidas à mesa e Amanda se juntou para eles começarem sua silenciosa refeição.

Ao fim, beberam mais uma taça e se recolheram.

O telefone de Amanda vibrou sobre a cômoda e ela correu na direção do aparelho, certa que Luke era o remetente.

"Cheguei bem em casa, habibti... boa noite!"

Segurando o telefone contra o peito, ela apenas sorriu.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora