XXIII. Ecos de um Beijo Doce

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 — Conseguiu? — Foi a ansiosa pergunta de Mariana para Amanda no dia seguinte. — Meu plano deu certo?

— Ai, Mari... deixa eu tomar um banho primeiro! — Amanda reclamou, esfregando os olhos.

Passada a noite, Luke dirigiu ambas as meninas para a casa de Amanda, mas elas não tiveram oportunidade para conversar sobre o ocorrido na lenta dança.

Mariana dormiu num pequeno colchonete que já fazia parte do quarto de Amanda desde a adolescência, quando ambas usufruíam de boas noites com respaldo de Roberto.

Foram salvas pelo despertador, senão dificilmente conseguiriam acordar a tempo de ir ao trabalho.

Ainda mal-humorada pelo sono, Amanda foi ao banheiro para lavar o rosto, escovar os dentes. Acabou sorrindo de canto de boca ao se lembrar do beijo na noite anterior.

Hm... isso faz parecer que o plano deu certo! — Mariana gargalhou, invadindo o banheiro para se assear.

— Defina certo — esquivou, rindo.

— Nem sei o que é certo, mas essa cara parece muito boa para alguém que não teve nada bom na noite anterior...

— Beijei ele. — Admitiu, sentindo o rosto ferver.

A mera lembrança fez o coração acelerar.

— Amiga! — Mariana comemorou, espalhafatosa. — E como foi? Ele pode te beijar... não é tipo... sei lá... haram?

— Mari, pelo amor de Deus... diminui essa velocidade. — Amanda riu, meneando a cabeça. — São cinco horas da manhã e você está ligada no duzentos e vinte! — Franziu o cenho.

— Desculpa... estou tão empolgada que nem a ressaca vai me perturbar hoje! — riu, abraçando a amiga.

— Foi tão bom que ele nem pareceu nunca ter feito. — Amanda falou enquanto a abraçava. — Acho que... que... ele...

— Tenho certeza, amiga! — Mariana a interrompeu. — Nem precisa falar... assim não fica com mais vergonha — riu.

— Ele é doce demais para não apaixonar. — Amanda brincou, rindo. — Que droga! — Meneou a cabeça, respirando fundo. — Não sei explicar como ele me olhou ontem...

Mariana passou pasta de dente na escova para sentar na bancada ao lado da pia e olhar para amiga, muito atenta.

— E-eu... não sei como será isso — arfou.

— O que ele achou? Como ele reagiu?

— Depois do beijo... ele fez um carinho no meu rosto e olhou para mim tão diferente. — Amanda tornou a arfar, pousando a mão onde recebera o carinho. — Ele conseguiu...

Engolindo seco, Amanda simplesmente se interrompeu.

Não tinha palavras para descrever a insana confusão que aquele beijo causara em todo seu corpo. Descobrira o desejo há pouco, mas começava a lidar com algo além de mera lascívia.

Estava habituada à vida de solteira onde um beijo num homem desperta um sorriso safado, um olhar luxurioso, toques mais fortes que são uma óbvia preliminar disfarçada.

Aquele sorriso não pareceu safado; o olhar não pareceu desejar sexo e a carícia estava há anos-luz da luxúria.

— Nossa, amiga! — Mariana riu. — Foi bom mesmo.

— Difícil vai ser lidar com o fato de não poder transar... ai! — lamentou. — Ele já me enlouqueceu agora...

— Se aceitou beijar... talvez... — sorriu de canto de boca.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora