XXXII. O Serpentear de uma Víbora

3 6 0
                                    

 Como o habitual, Luke se recluiu na sexta-feira.

Amanda começou a estudar a possibilidade de férias no mês seguinte. Era um momento delicado da empresa e a mera ideia de tirar férias a incomodou por quase todo o dia.

Até o momento em que esteve sozinha no escritório.

Eram poucos papéis para lidar e um medo esmagador pressionou seus pulmões lhe alertando que ela não estava bem.

Enquanto o corpo tremia como se estivesse na frente de um monstro, ela relembrou do quente arfar de Farhad em seu pescoço — o que lhe fez ter terríveis calafrios.

Aos prantos, ela buscou o telefone, mas os seguranças de Luke se moveram para acudi-la. Notificaram da saída e rapidamente levaram-na à emergência.

Acionado pelos seguranças, Luke largou tudo o que fazia.

Foi cinco minutos para a crise de pânico atingir seu ápice e a moça sentir que a qualquer momento morreria.

Diagnosticada rápido por um doutor experiente, não ficou muito com o clínico geral, enviada à psiquiatria de plantão.

Doutora Laura foi como a morena se apresentou. Era baixa com a simpatia digna de quem nasceu para a profissão.

Laura conseguiu conversar com Amanda por muito tempo, conseguiu entender o que lhe acometia e a boa atmosfera do escritório até levou Amanda a aceitar outra visita à mulher.

Por recomendação médica, a moça se manteve afastada do trabalho. Já cogitava as férias e bastou Roberto saber da recomendação para simplesmente afastá-la do trabalho.

— Foque em seu casamento! — Foi o dito do pai.

Amanda sabia não poder reclamar. Mesmo que ferisse seu orgulho, precisava se render, entendendo não poder seguir.

***

A segunda-feira foi um dia cheio para Luke que passou novamente pelo conselho da empresa para sua readmissão.

Foi como o dia em que foi admitido pela primeira vez com a diferença que todos já conheciam sua competência e não tinham porque ter quaisquer receios com ele.

Claro, a notícia de seu retorno agitou o mundo dos negócios em Foz do Iguaçu e essa agitação também se expandiu para o vasto mundo do agronegócio brasileiro.

Procurado por muitos para entrevistas, ele foi cirúrgico ao escolher com quem falar, cuidando para não lidar com ninguém que o caluniou com Samira no circo de horrores.

Teve o fim de semana para ensaiar bons discursos que soprariam ares otimistas tanto nas ações de Franco, quanto nas ações de seu próprio grupo familiar.

— Ela chegou subitamente, senhor. — O secretário de Luke entrou rápido em sua sala. — Devo recebê-la? — arguiu.

Olhando para o relógio, eram quatro horas da tarde.

— Ela... quem!? — Luke franziu o cenho.

— A senhora Isabel Santos — suspirou. — Sei de sua pequena parte... ela disse ter assunto a tratar com o CFO.

Luke apenas assentiu com a cabeça, desconfiado.

— Pode permiti-la. Já estou encerrando o dia... Se eu puder pedir um pouco, sirva-nos apenas água... ambiente — riu.

— S-sim, senhor! — assentiu rápido.

Luke cuidou para ter um telefone gravando não somente o áudio do que estava por vir, mas também a imagem. Conseguiu posicioná-lo para filmar toda a mesa.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora