"Que tal um encontro no telhado de casa?", a mensagem chegou para Luke em meio ao expediente.
Foi um dia de muito trabalho e eles nem conseguiram almoçar juntos. Contudo, a moça não queria adiar a conversa.
"Claro, habibti... será adorável!", Luke a respondeu.
Na volta para casa, nem tiraram a roupa do trabalho, seguindo direto ao canto no telhado para observar o sol se pôr.
Nada falaram no caminho de volta, nem enquanto subiam, como se tivessem acabado de se encontrar, só trocaram um beijo após se sentarem e fitaram o horizonte.
— Como já me sinto adolescente de novo? — Amanda disse.
— Se ajuda... eu também.
Ambos se entreolharam e riram.
— Tenho medo... não vou mentir. — Ela confessou.
— Tenho muita confiança — riu. — É muito importante que você realmente pense sobre isso... não tem que me consultar quando quiser realmente... só me chama e eu vou.
Luke sorriu acanhadamente, suspirando.
— Falando desse jeito, nem sei o que responder — riu.
— Sempre estarei ao seu lado... Quero que, quando se decidir, procure um médico. Não é só parar com o remédio... entendeu? — Ele a olhou, pegando sua mão para acariciar.
— Obrigada! — A moça deu um sorriso acanhado.
— O mais importante é sua saúde e felicidade...
— Não me sinto tão preparada para pensar em gravidez. — A moça assumiu. — Sabe quando você morre de vontade de viver algo, mas a mera ideia é apavorante? — Franziu o cenho.
— Adoraria dizer que sim, mas nada nunca foi apavorante realmente. — Ele riu. — Já tive medo por decisões, claro, mas tentei ser sábio ao sobrepujar o medo, principalmente considerando o que a decisão significava para mim.
— Já que estamos falando de filhos... Vi como olhou para a menina... Najra... Ehrr... acabou ficando bem evidente do quanto gostaria de ser pai... e isso mexeu bastante comigo.
— Acredito que aprendi o melhor dos dois mundos onde nasci — sorriu, olhando-a. — Sei que minha responsabilidade de vida é a paternidade... e essa responsabilidade também é um sonho que nutro desde muito jovem.
Ele não podia conter o largo sorriso ao falar sobre.
— A entrega ao Islã foi o ponto que consolidou todos os meus objetivos para minha vida... mas, também aprendi que nada está sob meu controle... — deu de ombros.
— Assim você parece estar me enrolando — riu.
— E-eu... tenho medo de... admitir que, sim, eu a adotaria ontem e, por admitir, acabar forçando você a decidir por algo que você não decidiria por si mesma.
— Entendo... vou pensar sobre isso... e não! — A moça o impediu de assumir a palavra. — Não é sobre uma imposição que estará me fazendo ou coisa parecida.
— Eu quase que a vi crescer. — Ele voltou a fitar o horizonte. — Era menor... não falava tão bem, perdeu os pais bem cedo... eu me comovo fácil! — riu de si.
— Fofo em série... — A moça riu.
Silenciados, eles terminaram de observar a noite tomar o céu para descerem. Luke seguiu aos seus preceitos religiosos e Amanda cuidou de buscar suas roupas.
Levou o rapaz ao banho quando ele se encerrou e eles se arrumaram para descer ao jantar. Amanda bebeu seu vinho enquanto ele a acompanhou com um suco.
Tiveram sua refeição e se recolheram. Até conversaram frivolidades na cama, planejando uma viagem que poderia nem acontecer, mas só falar sobre já era divertido o suficiente.
Passada a conversa sobre filhos, Amanda tinha muito o que pensar e, mesmo focada no serviço como sempre, dedicou parte de seu tempo nos dias seguintes para isso.
Até levou a conversa para as sessões de terapia e esses momentos com a terapeuta, explorando a memória da viagem, de quando conheceu a menina até às memórias mais distantes onde estava só, foram o que lhe fizeram decidir pela adoção.
Antes de sentar para conversar com Luke sobre sua decisão, ainda tomou alguns dias a mais para estudar sobre as burocracias necessárias, se informar com cuidado.
Um encontro na copa de telhado colonial foi onde ela simplesmente surpreendeu Luke ao dizer:
— Vamos adotar Najra.
Com o forte palpitar, ele nem conseguiu respondê-la.
— Pude refletir e, antes de tomar a decisão de ter um filho seu, geri-lo, quero que possamos dar esse passo. — A moça suspirou, fitando o horizonte bem alaranjado.
Luke acabou dando uma risada.
— Não ri, estou falando sério! — A moça o repreendeu.
— Imagino que sim... eu já esperava que fosse concluir algo do tipo e estou rindo do fato que meu corpo, mesmo já esperando, ainda tem fortes reações a notícia.
— Não quero que ela encontre novamente um mau lugar, que novamente ela crie expectativas, que novamente as expectativas sejam quebradas — suspirou.
— É uma boa motivação. — Ele sorriu acanhadamente.
— Acho que todos que vivem a experiência que vivi acabam sonhando, uma vez na vida, em fazer a mesma benfeitoria por alguém... e isso também é parte do que me motiva.
— Isso é bem inevitável, não!? — Ele a olhou.
— Sempre foi algo que tive em mente, mas nunca pensei realmente nisso de um ponto de vista tão realista... nem sentia nenhuma confiança para levar a ideia para a frente, sabe!?
— Eu entendo, também temo... já disse! — Ele lhe sorriu.
— Um frio na barriga... — A moça pôs a mão na barriga e riu. — O que me diz? — Ela o perguntou, fugindo o olhar.
— Não posso pular no telhado — riu.
A moça acabou gargalhando e seus olhares se encontraram. Luke pousou a mão no rosto de Amanda para acariciar, a observou por algum tempo até falar:
— Eu te amo, habibti... obrigado por ser você!
— Ai, Luke! — A moça gargalhou. — Como você transforma as situações... dessa forma... Não é possível! — reclamou por entre as gargalhadas. — Sério! Não é possível.
— Gosto de saber que poderei mudar a vida dela e estou tentando não ser emocionado demais agora! — Ele riu. — E-eu sinto que o coração pulará para fora do peito.
O olhar de Luke lacrimejou e, compadecida, Amanda o abraçou. Ele sorriu e chorou, meramente pelo alívio, por poder salvar a pequena da incerteza e salvar a si de seus haramat.
Sendo o mais relevante haram, aquele que ele não poderia optar por cometer: negar dar a vida, mesmo atendendo aos desejos de Amanda por noites sucessivas.
Não era necessário mencionar que aquele era o motivo, afinal, isso tinha grande potencial de plantar culpa em Amanda por algo que já conversaram e já estava "pacificado".
— Logo a noite termina de cair... descemos? — Amanda foi quem o chamou, acariciando os poucos fios.
— Tenho minha oração... sim... descemos! — assentiu.
— Podemos só comer pizza no jantar? — Ela pediu.
— Claro... posso pedir para fazerem...
— Ah, eu queria pedir pizza na rua! — Manhosa, ela riu.
— Sendo halal, eu te acompanho com o que quiser!
Amanda comemorou com palmas e eles desceram.
Enquanto Luke lidava com seus preceitos religiosos, Amanda comunicou aos empregados do pedido e também o realizou, cuidando para atender às necessidades da casa.
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Para Sempre Layla
RomanceHá muitos, existiram Qays e Layla. Apaixonados desde a infância, o amor de Qays por Layla era tão forte que ele se tornou conhecido como Majnum Layla, ou louco por Layla, em todo o deserto. Julgado pela sociedade, Qays precisou se afastar do pov...